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17/07/2004
-
10h40
IVAN DELMANTO
especial para a Folha Online
Depois de passar por Cuiabá (MT), o Teatro da Vertigem conheceu a Vila Bela da Santíssima Trindade, também no Mato Grosso, local onde as diferenças sociais do país ficam mais nítidas. Acompanhe:
Domingo, 11/7/2004: Viagem à beira do esquecimento
Saída de Cuiabá às 5h30. Chegada a Vila Bela da Santíssima Trindade às 17h30.
Durante a viagem, a paisagem mais freqüente até aqui: a injustiça em esparramadas quantidades de terra vazia. A vegetação à beira da estrada foi substituída pela ausência. E, em barracos de madeira caída, pedindo esmolas para a cachaça diária, perambulando pelos postos de gasolina e pelos acostamentos, um povo miserável e silencioso, há muito esquecido (afinal quem serão eles?), que sequer pede passagem: como caracol fraturado, simplesmente se arrastam.
Vila Bela da Santíssima Trindade
Vila Bela é uma cidade pequena e povoada por casinhas de madeira envelhecida em cinza escuro. Do incêndio cotidiano da primeira capital de Mato Grosso, antigo posto avançado da colonização do interior do país, hoje só restam cinzas. A cidade das cinzas, coberta por terra vermelha.
Vila Bela foi abandonada pelos latifundiários e comerciantes quando a capital foi transferida para Cuiabá.
Tornou-se uma "cidade-fantasma", habitada só pelos escravos, que foram largados no meio do mato como objetos sem valor.
Sua breve história, marcada pela resistência dos quilombos, serviu de base para que os escravos construíssem sua própria cidade. Até 1970, Vila Bela foi habitada exclusivamente por negros.
A impressão que se tem ao andar pelas ruas de lama e conversar com seus habitantes é a de pessoas orgulhosas de sua raça e de sua história, com um senso de comunidade e de celebração que tem nas festas e nas danças formas de eternizar-se.
Eternizando-se ao lado de toda a miséria de uma vila cercada e acuada por latifúndios.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
Especial
Acompanhe o diário de viagem do Teatro da Vertigem
Arquivo: saiba o que já foi publicado sobre o Teatro da Vertigem
Teatro da Vertigem conhece "cidade-fantasma" no Mato Grosso
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especial para a Folha Online
Depois de passar por Cuiabá (MT), o Teatro da Vertigem conheceu a Vila Bela da Santíssima Trindade, também no Mato Grosso, local onde as diferenças sociais do país ficam mais nítidas. Acompanhe:
Domingo, 11/7/2004: Viagem à beira do esquecimento
Saída de Cuiabá às 5h30. Chegada a Vila Bela da Santíssima Trindade às 17h30.
Durante a viagem, a paisagem mais freqüente até aqui: a injustiça em esparramadas quantidades de terra vazia. A vegetação à beira da estrada foi substituída pela ausência. E, em barracos de madeira caída, pedindo esmolas para a cachaça diária, perambulando pelos postos de gasolina e pelos acostamentos, um povo miserável e silencioso, há muito esquecido (afinal quem serão eles?), que sequer pede passagem: como caracol fraturado, simplesmente se arrastam.
Vila Bela da Santíssima Trindade
Vila Bela é uma cidade pequena e povoada por casinhas de madeira envelhecida em cinza escuro. Do incêndio cotidiano da primeira capital de Mato Grosso, antigo posto avançado da colonização do interior do país, hoje só restam cinzas. A cidade das cinzas, coberta por terra vermelha.
Vila Bela foi abandonada pelos latifundiários e comerciantes quando a capital foi transferida para Cuiabá.
Tornou-se uma "cidade-fantasma", habitada só pelos escravos, que foram largados no meio do mato como objetos sem valor.
Sua breve história, marcada pela resistência dos quilombos, serviu de base para que os escravos construíssem sua própria cidade. Até 1970, Vila Bela foi habitada exclusivamente por negros.
A impressão que se tem ao andar pelas ruas de lama e conversar com seus habitantes é a de pessoas orgulhosas de sua raça e de sua história, com um senso de comunidade e de celebração que tem nas festas e nas danças formas de eternizar-se.
Eternizando-se ao lado de toda a miséria de uma vila cercada e acuada por latifúndios.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
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