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18/07/2004 - 08h47

Roteirista revela o DNA de Bob Esponja

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DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Ele não é só uma esponja de cozinha amarela que gosta de usar cuecas apertadas, trabalha como ajudante no restaurante Siri Cascudo e guarda um caramujo de estimação no banheiro do abacaxi que chama de casa, na pequena e submarina Fenda do Biquíni.

Desde a sua estréia na TV, cinco anos atrás, "Bob Esponja Calças Quadradas" é um fenômeno cultural. Criado por Steve Hillenburg e Tim Hill, o desenho animado, que no Brasil é exibido pela Globo e Nickelodeon, conquistou milhões de telespectadores da Lituânia às Filipinas e estampou a cara de seus personagens em centenas de produtos, desde camisetas e bonecos de borracha até travesseiros e cadeiras de praia.

Por aqui, onde não se passa pelos cruzamentos de grandes cidades sem se deparar com ele pendurado nos ombros dos ambulantes, Bob Esponja virou até música do funkeiro MC Buchecha:

"Feinho, baixinho, miudinho, cha cha cha / Diz que se pã, se marcar, vai pegar / Moleque fanfarrão, mor caô, pega ninguém / Pensa que é cascudo, mas no fundo é um neném / Bob Espooonja".

De volta às superproduções, o personagem ganha, em novembro deste ano, seu primeiro longa-metragem nos cinemas. No Brasil, a estréia está programada para 17 de dezembro.

Também um dos roteiristas do filme, o escritor norte-americano Tim Hill, que veio ao Brasil para uma série de workshops de roteiro dentro do festival Anima Mundi, falou à Folha sobre o personagem, agora mais por cima que snorkel de mergulhador.

Folha - Como surgiu a idéia de transformar uma esponja de cozinha em um herói de desenho?
Tim Hill
- A idéia foi de Steve Hillenburg. Ele é surfista e estudou biologia marinha na faculdade. Acho que ele sempre quis fazer um programa sobre o oceano, em que o personagem principal fosse inocente, positivo e criativo. Minha parte era ajudá-lo a trazer as idéias para a página escrita, porque na época Steve era mais um artista visual do que um escritor.

Folha - Um dos trunfos de Bob Esponja é o roteiro, repleto de diálogos ao mesmo tempo inteligentes e ingênuos. Quais foram as influências para chegar até aí?
Hill
- São muitas. Discutimos o personagem Cândido, de Voltaire, como um modelo, no início. Autores de filmes mudos também afetaram, como Buster Keaton, Harold Lloyd, Charlie Chaplin, W.C. Fields... Eles também criaram personagens ingênuos e geralmente alheios ao aspecto cínico do mundo em que vivemos.

Folha - Grande parte das produtoras hoje aposta na animação por computador. "Bob Esponja", por outro lado, segue a animação tradicional em 2D. Quais são os prós e contras dessa opção?
Hill
- Infelizmente, o 3D é tanto um modismo quanto um avanço tecnológico. Há muitos produtores de Hollywood correndo por aí usando a palavra "3D" como se realmente soubessem o seu significado. Não é que o conceito de 3D seja difícil, mas suas qualidades são geralmente destacadas por retardados. Precisamos passar esse momento de "Oh, meu Deus, e tudo isso foi feito num computador". Bem, você ainda pode fazer um cocô em um computador.

Folha - O que acharia se de repente resolvessem adaptar Bob Esponja para um formato 3D?
Hill
- Seria como transformá-lo em um rapper com dente de ouro vivendo "na área" da Fenda do Biquíni. E, acredite, essa idéia já foi sugerida. Mas, fora essa coisa de moda, acho o 3D interessante. Certas companhias fazem um ótimo trabalho com animação em 3D, especialmente os curtas. Apesar de todo o seu charme, Shrek ainda me parece um modelo de computador, do mesmo jeito que o peixe de "Procurando Nemo". Ainda que sejam tecnicamente perfeitos, não sinto "a mão do artista" trabalhando ali. Há boa animação, mas para no máximo dez minutos de filme.

Folha - Seguindo esse raciocínio, como foi adaptar o conceito do seriado para o de longa-metragem?
Hill
- É muito difícil fazer um longa animado. Honestamente, me chateio com a maioria deles, a não ser os irreverentes como o do "South Park". Com Bob Esponja, não estávamos lidando realmente com um roteiro. Sentávamos em volta de uma grande mesa com um monte de escritores e artistas e conversávamos sobre o filme, cena a cena. Tudo muito tedioso. Talvez tenha sido por isso que jogamos tanto pingue-pongue entre uma reunião e outra.

BOB ESPONJA CALÇAS QUADRADAS. Onde: Globo, seg./sex., a partir das 9h25. Nickelodeon, seg./sex., às 12h30; seg./ qua., às 19h30; dom., às 10h.

Especial
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