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22/07/2004 - 08h05

Com exposição, Bienal abriga e expande onda do surfe

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ALEXANDRE MATIAS
free-lance para a Folha

"Prazer supremo" --assim o capitão inglês James Cook se referia à expressão que via nos nativos havaianos quando primeiro os viu surfando nas ondas do Pacífico, em 1784. O esporte, cujas origens remontam a registros arqueológicos de mais de 5.000 anos, no Peru, ainda não era considerado como tal, e sua prática estava associada aos diversos desdobramentos na vida daquele povo --não apenas no Havaí, mas em toda região da Polinésia (o triângulo localizado entre a Nova Zelândia, o Havaí e a Ilha de Páscoa). Antes de se tornar competição e negócio, o surfe era cultura.

Quem dá essa pequena aula sobre a importância da prática de se equilibrar nas ondas é o curador da primeira Mostra Internacional de Arte e Cultura Surf, o jornalista Rosaldo Cavalcanti. A mostra, que começa amanhã e vai até o dia 29, no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, é o primeiro evento nacional a tratar o esporte como cultura, vislumbrando as suas diversas facetas --de revistas a filmes, passando por fotografias, pranchas e livros.

"É uma terceira etapa do surfe no Brasil", conta o organizador da Mostra, Romeu Andreatta Filho, conhecido realizador na área, que tem no currículo, entre outros feitos, a criação da revista "Fluir" nos anos 80. "Na década de 80, tínhamos uma fase de articulação institucional, para instituir o surfe como esporte. Na década seguinte, a preocupação era consolidar o surfe como negócio. Agora estamos entrando em uma terceira etapa, que é mostrar que a cultura surfe faz parte de uma cultura de vida, de praia, que é muito maior do que marcas ou instituições conhecidas no ambiente."

Andreatta espera receber entre 50 e 70 mil visitantes para consolidar o evento como anual. Entre os nomes que o organizador reuniu na mostra estão as obras de John Severson, um dos principais artistas da história do esporte, que trouxe boa parte de seu acervo para a exposição.

"Mesmo com todo o meu currículo na área, eu tive que conseguir o endosso de muita gente para ele liberar parte de sua obra", explica, "ele está morando em Maui atualmente e é muito cuidadoso com seu acervo, o que é natural". Entre os brasileiros, ele destaca artistas como Rubens Gimenez e Cláudio Teodoro.

"A base do evento é mostrar o surfe como mais do que apenas um esporte, mas um movimento cultural muitas vezes de vanguarda", conclui Cavalcanti. "Você percebe que, no seu cerne, a cultura surfe é uma cultura muito ingênua, quase naïf, porque ela reflete o fato de o surfe não ser um esporte para a maioria de seus praticantes, e, sim, uma espécie de terapia, um bem espiritual."
 

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