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25/07/2004 - 08h35

Novo longa de Plympton tem sessão única hoje no Anima Mundi

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DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Tiozinho cool. Não pode haver adjetivo mais justo para descrever Bill Plympton, 58, dentro do um tanto esquecido circuito independente da animação.

Afinal, ele é fã do Homer, não o do seriado, mas o cineasta anônimo e pai de Matt Groening, criador de "Os Simpsons".

Quentin Tarantino, amigo de longa data, tomou emprestado seu nome para o personagem Tony Plympton, marido da Noiva (Uma Thurman) em "Kill Bill".

Em contrapartida, Plympton, o animador, emprestou o ator David Carradine, o Bill em pessoa, para fazer as vozes de um dos personagens de seu novo longa, "Hair High" (Cabelo em pé), que tem sessão única hoje no Anima Mundi, em São Paulo.

Plympton é também um velho conhecido --ainda que muitos desconheçam-- dos espectadores da MTV, que exibiu suas vinhetas surrealistas da série "Microtoons" à exaustão durante a década de 90.

Desde a sua estréia no cinema, com o curta "Drawing Lesson # 2", de 1988, o animador americano nascido em Portland, Oregon, vem acumulando troféus na sala de estar de sua casa. Você escolhe: festival de Cannes, Annecy, Sundance, Spirit e até no Oscar, sim, Plympton esteve lá.

Quando não está animando --o que é raro--, Plympton tira seu sustento de ilustrações esporádicas para revistas como "Village Voice", "Rolling Stone", "Vanity Fair", "Vogue" e também para a pornográfica "Penthouse".

Seu mais novo longa-metragem trata de um triângulo amoroso entre o pegajoso Spud, o novo aluno da escola, e o casal Rod e Cherri, respectivamente o rei e a rainha do baile de formatura.

Na hora errada e no lugar errado, Spud vira escravo de Cherri, depois namorado, depois um cadáver no fundo do lago e, numa dessas seqüências absurdas, típicas de Plympton, aparece no tal baile pronto a receber a coroa que deveria ser sua, por merecimento.

Bem distante do padrão Disney de entretenimento --na verdade, Plympton já recusou uma oferta milionária para trabalhar para o estúdio--, "Hair High" levou pouco mais de dois anos para ficar pronto, e o processo, página por página, foi transmitido em tempo-real por uma webcam no site www.hairhigh.com.

A seguir, trechos da entrevista que Plympton concedeu por e-mail à Folha às vésperas da chegada de "Hair High" ao Brasil.

Folha - Você descreveu seu novo filme como uma comédia adolescente anos 50 com pitadas de "Carrie, a Estranha". Você gosta mesmo dessas coisas?
Bill Plympton -
Eu não costumo usar meus sonhos como idéias para histórias, mas, três anos atrás, tive um sonho esquisito e intrigante sobre um carro no fundo de um lago com dois esqueletos dentro. Eles dão a partida no carro, vão pelo fundo até a margem do lago e seguem em direção ao baile de formatura do colégio. Então pensei: "Nooossa, como esses esqueletos foram parar ali e o que pode ter acontecido?". Não sou muito fã do gênero de horror, mas gosto muito de pinturas medievais góticas, e foi essa minha intenção no filme: unir o grotesco dessas imagens à comédia.

Folha - Dizem que você tem um processo bem individual e centralizado de trabalho. Como foi em "Hair High", você fez tudo sozinho? Por que não usa o computador?
Plympton -
Sim, eu fiz todos os desenhos do filme, cerca de 30 mil e paguei tudo do meu próprio bolso. Não tenho nada contra animação em computador, só não tenho dinheiro o suficiente para bancar uma. Além disso, elas demoram demais.

Folha - Você usou a internet para mostrar uma espécie de making of de "Hair High". Foi uma boa ferramenta de marketing?
Plympton -
A 'anicam' foi uma experiência gostosa. Recebia e-mails de pessoas de todo mundo mas também publiquei uma graphic novel com o storyboard do filme que ajudou no boca a boca. Aprendi que promoção e relações públicas são extremamente importantes para o sucesso de um filme. Mas gostaria de ter a engenhosidade e a publicidade que Michael Moore teve em seu novo filme, "Fahrenheit 9/11".

Folha - "Hair High" tem aparições especiais de Matt Groening e David Carradine, de "Kill Bill". De onde você os conhecia?
Plympton -
Sou amigo de Matt Groening há 20 anos e sou fã do seu pai, Homer, que era um cineasta muito engraçado. Saía bastante com Matt antes de ele se tornar rico e famoso. "Os Simpsons" é o programa de TV de maior sucesso de todos os tempos e deu um grande impulso à indústria de animação. Conheci David Carradine por causa da minha prima, Martha Plimpton, que foi a diretora de elenco. Já Tarantino eu conheci há 12 anos quando "The Tune" [primeiro longa de Plympton] participou de Sundance ao lado de "Cães de Aluguel". Tomamos algumas bebidas e ele disse que era um grande fã do meu trabalho. Até colocou meu nome em "Kill Bill" --a Noiva está casando com Tony Plympton.

Folha - O politicamente incorreto está sempre presente em seus trabalhos. Como está sendo fazer humor nos EUA com a onda conservadora que se seguiu após os atentados de 11 de setembro de 2001?
Plympton -
A única censura que já sofri foi quando a Blockbuster mandou eu cortar da versão em DVD quatro cenas de sexo de "I Married a Strange Person" [longa de 98 em que o marido começa a sentir poderes sobrenaturais na noite de lua-de-mel e, literalmente, dá vida à sua imaginação].

HAIR HIGH
De:
Bill Plympton. Quando: hoje, às 18h.
Onde: Fundação Bienal - sala 1 (pq. Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, portão 3)
Quanto: R$ 5 (estudantes pagam meia)


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