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26/07/2004 - 06h30

Sobrinho reorganiza e expõe memórias de Chico Buarque

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Curador de "Chico Buarque - O Tempo e o Artista", Zeca Buarque Ferreira admite que exposição é algo que não combina com seu reservado tio. Por isso, evitou priorizar o "Chico privado" na nova homenagem aos 60 anos do compositor (completados em 19 de junho), a ser aberta hoje na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

"Não tenho tanta intimidade com ele e, mesmo se tivesse, não faria isso. É uma visão de fora. Mas é claro que ser da família facilitou o acesso a algumas coisas", diz Zeca, 30, filho da cantora Cristina Buarque.

Essas "algumas coisas" estão entre os destaques da exposição. Um exemplo: uma foto do fim dos anos 70 feita por Maria do Carmo, a Piii, do irmão com uniforme de juiz de futebol posando com Marieta Severo e as três filhas do casal vestidas com roupas do início do século.

Outro exemplo é um cartão enviado a Chico em 1979: "O Comando de Caça aos Comunistas deseja a você, ativista da canalha comunista que enxovalha nosso país, um péssimo Natal e que se realize em 1980 nosso confronto final".

Os Buarque de Hollanda protagonizam o primeiro bloco da mostra, batizado por Zeca de "Retrato em Branco e Preto". São fotos da família, Chico com os pais e seus seis irmãos e lembranças dos colégios em que ele estudou, como textos que publicou em jornais escolares.

O bloco se encerra com Sérgio Buarque de Hollanda negando, num artigo de 1967, que seu filho fosse tímido e saudando a opção de Chico pela música: "É preferível um compositor realizado a um arquiteto frustrado". Mas uma planta de uma cidade fictícia mostra que Chico não abandonou logo a arquitetura, mas a transformou em lazer.

"Ele sempre gostou de brincar. Até hoje é assim: seu time de futebol tem camisa, disputa campeonatos, faz estatísticas. Ele leva a sério as brincadeiras", diz Zeca.

Isso fica claro com o Ludopédio, o jogo baseado no futebol que Chico inventou quando estava auto-exilado na Itália (entre 1969 e 1970). Chamada Escrete, a versão comercial do jogo lançada no Brasil está na mostra. Ao lado, naturalmente, de lembranças ligadas ao futebol, como uma foto de Pagão, centroavante do Santos de quem Chico era fã.

O trecho futebolístico está num grande salão em que também são enfocados a produção teatral e literária de Chico, seus parceiros musicais e suas intérpretes --representadas por Nara Leão, Maria Bethânia e Gal Costa.

Numa sala anterior, que Zeca chama de "Construção", estão quatro compositores que marcaram o Chico pré-profissional (Noel Rosa, Ismael Silva, Ataulfo Alves e Dorival Caymmi) e o trio que fez a cabeça dele inventando a bossa nova: Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto.

"Achei importante ressaltar quatro antigos compositores que representam o samba de uma época. Ajuda a mostrar que Chico é produto de uma rica história, que é a da música brasileira", destaca Zeca, apoiado por uma frase de Chico, de 1994, que está na mesma sala: "Quando eu morrer, quero que digam: "Morreu um sambista que escrevia livros'".

Na exposição, ainda serão exibidos três vídeos. Num deles, cena não utilizada no documentário "Raízes do Brasil", de Nelson Pereira dos Santos, Chico apenas caminha no calçadão da praia do Leblon. Os outros dois são trechos de especiais e entrevistas de e sobre o compositor, cedidas por emissoras de TV e pela Cinemateca Brasileira.

Duas raridades de onde foram retirados pedaços são o curta-metragem "Chico Buarque 1968", de Flávio Moreira da Costa, e uma gravação feita nos jardins da TV Cultura, em São Paulo, de Chico com Toquinho, logo depois que eles voltaram da Itália, em 1970.

Paralelamente à exposição, haverá na Biblioteca Nacional exibição de filmes feitos a partir da obra de Chico e shows montados especialmente para a ocasião.

CHICO BUARQUE - O TEMPO E O ARTISTA - Quando: seg. a sex., das 10h às 17h; sáb., das 10h às 15h; até outubro. Onde: Biblioteca Nacional (r. México, s/nº, Rio). Quanto: R$ 4.

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