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29/07/2004
-
07h05
CLEO GUIMARÃES
free-lance para a Folha, no Rio
"Quem é esse?", pergunta um homem com uma ilustração de Jesus Cristo nas mãos, a uma criança de seis anos. Ela olha, pensa um pouquinho e arrisca: "George W. Bush?". Boa tentativa, diz ele, que em seguida lhe mostra o desenho de um palhaço sorridente. A criança não titubeia: "É o Ronald McDonald". Bingo.
A cena, do filme "Super Size Me", de Morgan Spurlock, diz tudo: nos EUA, um país em que 20% das crianças e adolescentes são obesos ou estão acima do peso, Ronald McDonald --o bobalhão-símbolo da maior cadeia de fast food do mundo-- é mais popular que Jesus Cristo.
O que é preocupante. Muito preocupante. Tanto que o cineasta Morgan Spurlock resolveu mostrar na prática tudo aquilo que nutricionistas, médicos em geral e pessoas com um mínimo de bom senso estão cansados de saber: McDonald's faz mal à saúde. Por um mês, ele fez suas três refeições diárias na rede, 90 refeições ao todo. Cerca de 5.000 calorias por dia. O resultado? Onze quilos a mais, um acréscimo de 65 pontos à taxa de colesterol, depressão, vida sexual sofrível e o fígado "com a consistência de um patê", segundo o seu médico.
No Brasil para divulgar seu filme (que estréia em todo o país daqui a três semanas), Morgan Spurlock concedeu a seguinte entrevista.
Folha - Seu documentário fez com que muita gente o comparasse ao diretor Michael Moore. Acha que essa comparação faz sentido?
Morgan Spurlock - Não, eu sou mais bonito e mais magro (risos). Falando sério, fico muito orgulhoso quando fazem essa relação entre a gente. E muita gente faz. Ele é um grande cineasta.
Folha - Moore foi ameaçado de morte via e-mail quando lançou seu último filme. Isso também chegou a acontecer com você? Como foi a reação do McDonald's ao "Super Size Me?"
Spurlock - O McDonald's fez aquilo que eles sabem fazer muito bem: inverter a situação. Tenho um exemplo que acabou de acontecer aqui no Brasil: agora estão entregando folhetos com informações nutricionais sobre todos os produtos à venda nas lojas. Isso não existia há alguns meses. Por que eles fizeram isso agora? Porque o filme vai entrar em cartaz.
Folha - Você afirmou em uma recente entrevista que boa parte do público de seu filme nos EUA é formada por jovens e adolescentes. De onde vem tanto interesse?
Spurlock - A indústria do fast food tem os adolescentes como alvo principal. Tudo é feito pensando em conquistá-los: o marketing, a propaganda da TV, tudo. Mas alguns adolescentes são mais inteligentes do que isso, estão de saco cheio disso tudo. Acho que o fato de o filme ser engraçado também ajuda.
Folha - Qual foi a última vez que você comeu no McDonald's?
Spurlock - Há uns 15 meses.
Folha - E às vezes não dá vontade de fazer uma visitinha ao Ronald McDonald?
Spurlock - Só de sentir o cheiro de um Big Mac eu começo a salivar como um cachorro, mas não consigo comer. Eu não encaro mais aquilo lá como um alimento. É muita química. Mas nunca digo nunca.
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o filme "Super Size Me"
Filme que critica fast food estréia em três semanas no Brasil
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free-lance para a Folha, no Rio
"Quem é esse?", pergunta um homem com uma ilustração de Jesus Cristo nas mãos, a uma criança de seis anos. Ela olha, pensa um pouquinho e arrisca: "George W. Bush?". Boa tentativa, diz ele, que em seguida lhe mostra o desenho de um palhaço sorridente. A criança não titubeia: "É o Ronald McDonald". Bingo.
A cena, do filme "Super Size Me", de Morgan Spurlock, diz tudo: nos EUA, um país em que 20% das crianças e adolescentes são obesos ou estão acima do peso, Ronald McDonald --o bobalhão-símbolo da maior cadeia de fast food do mundo-- é mais popular que Jesus Cristo.
O que é preocupante. Muito preocupante. Tanto que o cineasta Morgan Spurlock resolveu mostrar na prática tudo aquilo que nutricionistas, médicos em geral e pessoas com um mínimo de bom senso estão cansados de saber: McDonald's faz mal à saúde. Por um mês, ele fez suas três refeições diárias na rede, 90 refeições ao todo. Cerca de 5.000 calorias por dia. O resultado? Onze quilos a mais, um acréscimo de 65 pontos à taxa de colesterol, depressão, vida sexual sofrível e o fígado "com a consistência de um patê", segundo o seu médico.
No Brasil para divulgar seu filme (que estréia em todo o país daqui a três semanas), Morgan Spurlock concedeu a seguinte entrevista.
Folha - Seu documentário fez com que muita gente o comparasse ao diretor Michael Moore. Acha que essa comparação faz sentido?
Morgan Spurlock - Não, eu sou mais bonito e mais magro (risos). Falando sério, fico muito orgulhoso quando fazem essa relação entre a gente. E muita gente faz. Ele é um grande cineasta.
Folha - Moore foi ameaçado de morte via e-mail quando lançou seu último filme. Isso também chegou a acontecer com você? Como foi a reação do McDonald's ao "Super Size Me?"
Spurlock - O McDonald's fez aquilo que eles sabem fazer muito bem: inverter a situação. Tenho um exemplo que acabou de acontecer aqui no Brasil: agora estão entregando folhetos com informações nutricionais sobre todos os produtos à venda nas lojas. Isso não existia há alguns meses. Por que eles fizeram isso agora? Porque o filme vai entrar em cartaz.
Folha - Você afirmou em uma recente entrevista que boa parte do público de seu filme nos EUA é formada por jovens e adolescentes. De onde vem tanto interesse?
Spurlock - A indústria do fast food tem os adolescentes como alvo principal. Tudo é feito pensando em conquistá-los: o marketing, a propaganda da TV, tudo. Mas alguns adolescentes são mais inteligentes do que isso, estão de saco cheio disso tudo. Acho que o fato de o filme ser engraçado também ajuda.
Folha - Qual foi a última vez que você comeu no McDonald's?
Spurlock - Há uns 15 meses.
Folha - E às vezes não dá vontade de fazer uma visitinha ao Ronald McDonald?
Spurlock - Só de sentir o cheiro de um Big Mac eu começo a salivar como um cachorro, mas não consigo comer. Eu não encaro mais aquilo lá como um alimento. É muita química. Mas nunca digo nunca.
Especial
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