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12/08/2004 - 08h10

"Carmen" "criativa e atual" abre festival de ópera em Belém

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IRINEU FRANCO PERPETUO
Free-lance para a Folha de S.Paulo, em Belém

Uma montagem da ópera "Carmen", de Bizet, abre hoje, em Belém, o 3º Festival de Ópera do Theatro da Paz. Realizado pela secretaria estadual da Cultura do Pará e produzido pela São Paulo Imagem Data, o evento vai até 15/9 na casa de ópera fundada em 1878 e restaurada em 2002.

O teatro, hoje, tem uma das melhores acústicas do Brasil, e o festival apresenta, além de "Carmen", montagens das óperas "La Serva Padrona", de Pergolesi (de 27 a 29/8) e "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini (de 9 a 13/9).

Outros destaques são o recital de piano a quatro mãos de Ira Levin, da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e Ana Cláudia Britto, em 3/9; e o recital (18/8) de Adriane Queiroz, soprano paraense que faz parte do elenco estável da Staatsoper, o melhor dos três teatros de ópera de Berlim.

Em "Carmen", Queiroz canta o papel de Micaela. O personagem-título fica a cargo da mezzo-soprano Denise de Freitas, que, embora esteja debutando na parte, mostrou grande domínio e desenvoltura nos ensaios. O tenor mineiro Eduardo Itaborahy faz o soldado Don José, enquanto o toureiro Escamillo é vivido por Stephen Bronk, baixo norte-americano radicado em Belo Horizonte. Os ingressos para todas as récitas já estão esgotados.

Com três horas e meia de duração, quatro atos e um intervalo, a ópera estreou em março de 1875, pouco antes da morte de seu compositor. No mesmo ano, depois da morte de Bizet, para uma apresentação em Viena, Ernest Guiraud, amigo e aluno do compositor, transformou parte de seus diálogos falados em recitativos. Esta é a versão que está sendo apresentada em Belém --medida prudente quando nem elenco nem público são francófonos.

Cleber Papa assina a direção cênica de uma montagem que tenta ser criativa sem apelar para invencionices. "É uma montagem tradicional, que busca sutilezas de subtexto para tentar trazer a história para perto de nosso cotidiano", afirma Papa.

"Não posso entender Carmen como uma precursora do feminismo ou da sexualidade livre", diz o diretor. "Na verdade, trata-se de uma mulher triste, que coloca uma máscara de felicidade e liberdade."

Papa introduz um elemento de ambigüidade no final da ópera, em que, depois de Carmen tê-lo trocado por Escamillo, Don José assassina a cigana. Na montagem de Belém, o soldado hesita antes de matar a amante, que puxa o braço com o qual ele segura a faca --o crime de Don José, pode, assim, ser lido também como o suicídio de Carmen.

A direção musical é de Karl Martin, um seguro e experiente maestro suíço que divide seu tempo entre Palermo (Itália) e Zurique (Suíça), e já atuou como convidado nas principais capitais brasileiras, destacando-se sua regência da ópera "Tannhäuser", de Richard Wagner, no Rio de Janeiro, com direção cênica do cineasta alemão Werner Herzog, em 2001.

Martin, neste ano, regeu as orquestras de Brasília e São Leopoldo (RS), e está dando duro para extrair o máximo dos esforçados amadores do Coral Lírico Marina Monarcha e da limitadíssima Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz. A trabalheira já lhe custou uma bursite no braço direito. Ao voltar para a Europa, ele dirige "Carmina Burana", de Carl Orff, com a orquestra da Academia de Santa Cecília, em Roma.

O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou a convite do festival

CARMEN. Onde: Theatro da Paz (r. da Paz, s/n.º, Belém (Pará), tel. 0/xx/91/212-7915). Quando: hoje, sáb e terça, às 20h. Quanto: de R$ 10 a R$ 40.

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