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16/08/2004 - 10h33

Festival de Gramado começa hoje com filmes e rostos da TV

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JOSÉ GERALDO COUTO
Colunista da Folha de S.Paulo

Em sua 32ª edição, que começa hoje com a exibição "hors concours" do filme "Olga", de Jayme Monjardim, o Festival de Gramado do Cinema Brasileiro e Latino continuará tentando se equilibrar entre dois pólos, o cinema "sério" e o "star system" tupiniquim (leia-se estrelas da Globo).

No pólo do prestígio cultural, há uma forte presença da literatura entre os filmes concorrentes. Na competição brasileira, dois dos cinco longas são baseados em obras literárias: "O Quinze", de Jurandir Oliveira, e "Vida de Menina", de Helena Solberg.

O primeiro é uma adaptação do romance homônimo de Rachel de Queiroz. Publicado em 1930, esse clássico da literatura regionalista trata da seca que assolou o Ceará em 1915.

Pré-adolescência

O longa de Helena Solberg, por sua vez, baseia-se no livro "Minha Vida de Menina" (1952), em que a escritora mineira Helena Morley reconstitui sua pré-adolescência em Diamantina (MG) nos anos que se seguiram à abolição da escravidão e à Proclamação da República. No filme, a protagonista é interpretada por Ludmila Dayer.

Entre os longas estrangeiros --que participam de uma competição separada, embora o júri seja o mesmo--, a literatura também dá as caras no argentino "Vereda Tropical", de Javier Torre, que narra o exílio carioca do escritor Manuel Puig (autor de "O Beijo da Mulher-Aranha").

Há outro concorrente da faixa "latina" que tem um pé no Brasil (e na literatura): o português "O Fascínio", de José Fonseca e Costa, cujo roteiro é do escritor gaúcho Tabajara Ruas.

Para o diretor do festival, Enoir Zorzanello, não há disputa ou contradição entre o lado sério e o lado mundano do evento.

Defendendo-se da acusação de que Gramado está virando cada vez mais um desfile de celebridades televisivas, Zorzanello disse à Folha que a direção do evento "nunca descuidou da parte técnica, que são os bons filmes, os debates, as oficinas, os encontros de profissionais do setor".

Segundo ele, os convites a atores que estão em evidência nas telenovelas "são importantes para deixar o público aquecido, e também o patrocinador".

Faz sentido. O Festival de Gramado, que neste ano está custando R$ 2,8 milhões (contra os R$ 2,3 milhões da edição passada), é mantido pelo patrocínio de grandes empresas como Petrobras, Eletrobrás, Vivo, Nestlé e RGE, via leis de incentivo.

Convidados
De acordo com Zorzanello, vão à Gramado na época do festival por volta de 120 mil pessoas. Desse total, mais de 15 mil são convidados credenciados.

Outro equilíbrio difícil buscado pelo festival é entre os filmes brasileiros e estrangeiros. Festival exclusivamente nacional em suas origens, Gramado recorreu a filmes latino-americanos durante a paralisia do cinema brasileiro, no início dos anos 90. Depois o evento se abriu também aos países europeus de língua latina.

Hoje há quem diga que o festival deve voltar a ser só brasileiro. Outros opinam que filmes nacionais e estrangeiros devem concorrer aos mesmos prêmios.

"Há controvérsias, mas fizemos uma pesquisa e concluímos que o formato atual --competições separadas-- é o preferido pela maioria", diz Zorzanello.

Três longas completam a competição brasileira. "Procuradas", de José Frazão e Zeca Pires, é um policial ambientado em Florianópolis. Trata do desaparecimento de duas garotas de programa. "Araguaya - Conspiração do Silêncio", de Ronaldo Duque, reconstitui a guerrilha do Araguaia. E "Filhas do Vento", de Joel Zito Araújo, é a saga das mulheres de uma família negra numa cidade do interior.

Especial
  • Veja fotos do longa-metragem "Olga", dirigido por Jayme Monjardim
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o Festival de Gramado
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