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17/08/2004 - 08h44

Grupo Corpo estréia espetáculo em São Paulo

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KATIA CALSAVARA
da Folha de S.Paulo

Outra vez o amor. Paixão rasgada, aquela do pensamento ininterrupto, que azucrina, enlouquece. Capaz de deixar os corpos sem norte, de dar margem às mais estranhas sensações. Que o digam as canções do músico cubano Ernesto Lecuona (1895-1963).

Versos dramáticos, melados, "de drama escorrido mesmo", como diria o coreógrafo Rodrigo Pederneiras, 49, embalam o novo espetáculo do Grupo Corpo, "Lecuona", que estréia amanhã em São Paulo. No mesmo programa, a companhia reapresenta "Nazareth" (1993), com música de José Miguel Wisnik.

Há 12 anos o grupo de dança mineiro, fundado em 1975, dança trilhas especialmente compostas, o que já se caracterizou como uma das fortes marcas do Corpo. Em "Lecuona" isso não ocorreu porque Rodrigo ficou "absolutamente apaixonado pelas músicas". O mais novo dos irmãos Pederneiras diz ter pensado em coreografá-las para outro grupo.

O "caso antigo" teve início há mais de 20 anos, quando Rodrigo foi apresentado às músicas pelo amigo João Cândido Galvão, de quem ganhou uma fita cassete, que se estragou com o tempo. Ficou pasmado com as canções. Vinte anos depois, em turnê pelos EUA, encontrou uma única coletânea do artista, que "parecia ter sido feita para um balé", diz.

Composto por 13 músicas, "Lecuona" é uma reunião de 12 pas-de-deux (danças em dupla, não necessariamente homem e mulher) e uma valsa final, com direito a vestidos brancos tipo bolo de noiva, num cenário espelhado que multiplica os casais como num baile. As duplas dançam em "cômodos" compostos por jogos de luzes que criam um ambiente íntimo, idealizados por Paulo Pederneiras, 53, diretor artístico do grupo, que assina cenografia e iluminação com Fernando Velloso.

"É um desafio manter a atenção do público em um espaço menor dentro do palco. Cada minuto do cenário da música final pesa uma tonelada", conta Paulo.

As luzes acompanham as cores dos figurinos da arquiteta Freusa Zechmeister, 63, figurinista do Corpo há 13 anos, que em quase todos transforma seu escritório em ateliê. "Desenhei os vestidos para que as mulheres se sentissem as mais sensuais, as mais lindas e as mais desejáveis do mundo. Os decotes são todos no limite", diz Freuza, 63, que diz voltar aos seus tempos de "bailinho" e fica emocionada quando ouve a trilha.

Cada um dos pas-de-deux foi escolhido de acordo com a personalidade das bailarinas, bem como as cores das roupas, que vão de tons alegres como azul-turquesa e verde-alface, aos sensuais preto e vermelho.

E como é falar de amor na dança? "É das coisas mais fáceis que existem", conta o coreógrafo. Das historinhas dos casais, ele diz ter alguns versos preferidos, como "Te vi passar indiferentemente/ Nenhuma emoção se apoderou de mim", dançada pela senhorita vestida de vinho.

A trilha de Ernesto Lecuona que será lançada amanhã no Brasil, juntamente com o espetáculo, contribui para a popularização do artista, não muito conhecido por aqui, que começou a tocar piano aos cinco anos e aos 11 já teria sua primeira música editada. O músico compôs trilhas para cinema, uma delas premiada com o Oscar ("Siempre en Mi Corazón"), e algumas de suas mais de 400 canções foram interpretadas por Elvis Presley, Frank Sinatra, entre outros. No Brasil, nos anos 50, Ary Barroso e Francisco Alves gravaram Lecuona e, mais recentemente, Caetano Veloso, em "Fina Estampa".

"Si esta música mía llega hasta ti/ Te dirá muchas cosas que quisiera callar/ Y sabrás que no vivo desde aquel día em que te vi/ Porque nunca he dejado de pensar em ti". Letra e sentimentos dispensam tradução.

GRUPO CORPO - Estréia de "Lecuona" e reapresentação de "Nazareth"
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, São Paulo, tel. 0/xx/ 11/5693-4000)
Quando: amanhã, às 21h; de qua. a sáb., às 21h; dom., às 18h; até 29/8
Quanto: de R$ 30 a R$ 60

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