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06/10/2007 - 15h51

Livro de memórias foca o jazz e a MPB

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IRINEU FRANCO PERPETUO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Assim como tem discos que a gente compra só por causa de uma das músicas, há livros cuja aquisição se justifica por um de seus capítulos. Tivesse apenas o texto "Aceita Dançar?", "Música nas Veias - Memórias e Ensaios", de Zuza Homem de Mello, seria presença obrigatória na estante de qualquer interessado na história da música popular brasileira no século 20.

Com 78 páginas, o ambicioso ensaio começou a ser elaborado na década de 1970, mas só veio à luz agora. Trata-se de um apanhado da história das orquestras de dança brasileiras, começando com a Orquestra Odeon, de 1916, e chegando até a inacreditável Orquestra Tabajara, do nonagenário pernambucano Severino Araújo, que segue em atividade, com o mesmo tipo de formação.

Divulgação
Zuza Homem de Mello reúne memórias sobre o jazz, o rádio, a TV e a música brasileira
Zuza Homem de Mello reúne memórias sobre música

Livros sobre o passado da música popular, no Brasil, fogem da análise formal da música como o diabo da cruz -usualmente, recaem em fofocas nostálgicas que tentam glamourizar o passado para condenar o presente ou, no máximo, se limitam a dissecar o conteúdo de letras de canções, sem entrar nos aspectos musicais.

Zuza gosta, sim, de falar do passado, mas as melhores partes de "Música nas Veias" parecem seguir os princípios de seu mentor, o crítico de jazz americano Martin Williams, do qual foi dito que "evitava as histórias íntimas de músicos exibidos, supostamente mitológicos, e optava por uma análise formal, mas acessível, da música".

Contrabaixista e ex-aluno de Ray Brown, Zuza utiliza seus conhecimentos teóricos não para construir um cipoal de jargões que afastam o leitor "leigo" e sim como sólido embasamento de seus juízos de valor. A teoria, quando aparece, é explanada de maneira didática, antes como convite à leitura do que como intimidação. Formal, mas não hermético.

Nos oito ensaios que compõem o livro, há ainda uma rica descrição das agruras dos músicos de jazz na Alemanha durante o período nazista, um emocionante recorte da carreira de Jacob do Bandolim a partir de sua correspondência, e textos de cunho autobiográfico, abordando várias facetas do autor, como estudante de música, radialista e produtor cultural.

Nestes relatos, como não poderia deixar de ser, impera o anedótico -episódios como o jovem Zuza "tremendo na base" diante dos encantos de uma Marlene Dietrich com nada menos que 58 anos de idade, ou de Louis Armstrong sofrendo ameaça de agressão física para ser convencido a subir ao palco do Teatro Paramount, em São Paulo. Detalhes cuja leitura amena não chega a comprometer a seriedade do conjunto.

MÚSICA NAS VEIAS - MEMÓRIAS E ENSAIOS
Autor: Zuza Homem de Mello
Editora: 34
Quanto: R$ 46 (360 págs.)
Avaliação: bom

 

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