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19/08/2004 - 19h27

Festival de Veneza exibirá apenas quatro filmes latinos

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da France Presse, em Roma

O assessor do Festival de Veneza para a América Latina, o chileno Rodrigo Díaz, disse hoje que a presença dos filmes da região será pequena --apenas quatro dos 170 escolhidos para serem exibidos. Entre eles, nenhum brasileiro, apenas três argentinos e um colombiano. O evento acontece de 1º a 11 de setembro.

"Este foi um ano excepcional. A comissão encarregado de selecionar se encontrou com um número altíssimo de filmes sofisticados, da alta qualidade, provenientes de países com cinematografias rodadas, como a francesa, a italiana e a japonesa", disse Díaz, ao explicar as razões da ausência de filmes latino-americanas na competição oficial.

Dos quatro filmes realizados por diretores provenientes da América Latina, selecionadas para participar nas várias seções paralelas do festival, três são dirigidas por argentinos, Alejandro Agresti ("Un Mundo Menos Pior"), Ana Poliak ("Parapalos") e Pablo Trapero ("Familia Rodante") e uma pelo colombiano Sergio Cabrera ("Perder es Cuestión de Método").

A 61ª edição da Mostra de Cinema de Veneza não apenas deixou de incluiu produções latino-americanas na seção oficial, na qual competem 21 filmes pelo famoso Leão do Ouro, como se viu obrigada a descartar as obras "boas" por decisão da comissão selecionadora.

"Foram apresentados cerca de 60 filmes da América Latina, de cineastas com excelente trajetória como o chileno Silvio Caiozzi ou a brasileira Alice de Andrade, mas que ao final foram excluídos pela comissão", afirmou Díaz.

A comissão selecionadora do festival, designada pelo italiano de origem suíça Marco Müller, especialista em cinema asiático e grande patrocinador do cinema latino-americano, que dirige pela primeira vez a Mostra, gozou de total independência de critério e não levou em conta o lugar de procedência.

"Trabalhamos da melhor forma que podemos, mas as críticas são inevitáveis", disse Müller ao apresentar o programa da mostra no final de julho.

"Tentamos escolher o melhor, sem nos prender a critérios geográficos", disse Müller, que confessou não ter explicações para a ausência do cinema sul-americano e africano da seleção oficial.

"Produzi durante minha vida muitos filmes de regiões distantes. Simplesmente escolhemos o melhor do que vimos, cerca de 1.300 filmes."

Os quatro críticos cinematográficos da comissão selecionadora se depararam com um número elevado de boas produções, principalmente européias, motivo pelo qual o festival deste ano foi definido como "Mostra dos Grandes Nomes", com nomes como o do alemão Win Wenders, do espanhol Alejandro Amenabar, do italiano Gianni Amelio e da indiana Mira Nair.

Para Díaz, que dirige há 20 anos o festival do cinema latino-americano de Trieste (norte da Itália), a produção cinematográfica do continente tem problemas de execução que afetam diretamente as obras.

"Não é um problema de talento nem de idéias, mas de produção. É que em geral um diretor na América Latina não tem recursos suficientes para terminar um filme e a idéia é modificada. Esta idéia mágica de uma obra termina por se perder", disse.

Outro problema ainda mais complexo é cultural. "A Europa espera de nós um cinema comprometido. Não quer nem comédia nem aventura, motivo pelo qual o espaço se restringe", afirmou.

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