Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/08/2004 - 08h37

Após piração em "Metamorphoses", TV Record adota novela careta

Publicidade

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Das cenas reais de modernas cirurgias plásticas à paisagem bucólica de uma fazenda do século 19. Das perseguições de carros envolvendo a máfia japonesa à fuga de escravos dos quilombos.

Nesta semana, a Record dá adeus --em clima de "já vai tarde"-- a "Metamorphoses", fracasso de audiência. A novela foi lançada em março como "a grande revolução na teledramaturgia". A emissora propagava que a história era ousada, a tecnologia, inédita, e o esquema de produção, inovador. Deu tudo errado, e o final foi antecipado.

E a "nova" estratégia da Record é optar pelo mais velho e batido folhetim de época. Para a próxima novela (estréia em 27/9, às 19h), não só escolheu "A Escrava Isaura", versão do sucesso da Globo de 1976/77, como abraçou um "pacote feijão-com-arroz". Em vez de terceirizar a produção (esquema testado em "Metamorphoses"), o canal voltou a montar um núcleo interno de teledramaturgia. Para a direção da trama, selecionou Herval Rossano, veterano na TV desde os tempos da Tupi e diretor da "Escrava Isaura" da Globo.

Da malsucedida experiência de "Metamorphoses" (que "inovou" até na grafia da palavra), ficaram só as filmagens em alta definição. A técnica, que dá à imagem qualidade de cinema, é a marca que a Record pretende imprimir ao renascimento de sua dramaturgia.

Na emissora, o diagnóstico não é exatamente de que "Metamorphoses" foi mal porque era "moderna" demais para o telespectador. Mas que, com tanta tentativa de chamar a atenção pela mudança --o que inclui a terceirização da produção--, a novela perdeu completamente o rumo e ignorou ingredientes folhetinescos indispensáveis para uma boa audiência: romance, mocinhas, heróis, vilões etc. É a receita da qual a Globo já sabe que não pode fugir.

"Novela é um bolo, um confeitado, que tem de ter todos os ingredientes: amor, ódio, a gata borralheira, a vilã. O bom tem de ser vítima em todos os capítulos, e o mau tem de fazer maldade sempre", disse o diretor Herval Rossano, em entrevista na fazenda Santa Gertrudes (180 km de SP), onde são gravadas cenas externas.

Além de "A Escrava Isaura", ele sugeriu à Record três títulos, entre eles, outro de época. A emissora decidiu pela história baseada no romance de Bernardo Guimarães, de 1875, com temática abolicionista. E, como não poderia deixar de ser, a abertura da nova versão terá a mesma música usada pela Globo. "Retirante", de Jorge Amado e Dorival Caymmi --famosa pelo refrão "lerê, lerê"-- terá agora uma regravação.

A insistência na teledramaturgia é parte do plano da Record de ultrapassar o SBT e atingir a vice-liderança no Ibope --estratégia que envolve ainda o investimento em um "novo jornalismo" e o fim do "mundo cão", a contratação dos globais Márcio Garcia e Tom Cavalcante e "reality shows".

Cada capítulo de "A Escrava Isaura" custará cerca de R$ 150 mil, um pouco abaixo do parâmetro da Globo. A Record já planeja ter mais dois horários de novela, como a concorrente. Tanto investimento se justifica pela certeza de que, no Brasil, não há TV líder de audiência sem novela de sucesso.

Especial
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre "Metamorphoses"
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página