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27/08/2004 - 04h43

B.B. King e Joan Baez libertam inspiração em show na prisão

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EDSON FRANCO
free-lance para a Folha de S.Paulo

Muito antes de Michael Moore ter inspirado as grandes platéias a dissociar os substantivos "documentário" e "chatice", o diretor e produtor David Hoffman já dava mostras da viabilidade comercial do modelo. Assim é nesse seu "B.B. King and Joan Baez: in Concert at Sing Sing Prison, 1972", que agora sai em DVD no Brasil.

Em vez de filmar apenas o show histórico na penitenciária de Sing Sing, no Dia de Ação de Graças, ele resolveu investigar o entorno de maneira criativa. E com isso foi além da magnitude do evento. Muito mais do que um registro meramente musical, o DVD é um atestado do poder libertador de almas que a música tem.

Para começar, todos os envolvidos têm espaço na produção, sem hierarquização de importância. Os detentos, de câmera na mão, entrevistam seus pares, revelando o preso que cria um gato, outro que lê sobre psicanálise e até aquele que não carrega nada além do ódio dentro de si. No caso dos músicos, o DVD traz curiosidades como o despertar de B.B. na manhã do show e sua chegada ao local. Comentários sobre o gigantismo do presídio e conversas sobre os perigos envolvidos na tarefa tomam conta dessa parte.

É no olhar e nas palavras dos agentes de segurança que toda a dramaticidade da empreitada encontra tradução. Primeiro, a satisfação por lidarem com artistas. Depois, a atenção nervosa a cada movimento na casa de shows improvisada. Por fim, o desespero quando o blues de King (numa apresentação soberba) deixa as coisas quase fora de controle.

Além de King e Baez, se apresentou o grupo vocal Voices of the East Harlem. Há tempo para uma performance teatral em que os presos falam sobre a violência no interior da instituição. Com uma vontade de pôr um fim àquilo, o diretor do presídio acompanha a coisa com o rosto petrificado.

Nos momentos estritamente musicais, chama a atenção o silêncio respeitoso diante do folk difícil de digerir de Baez, acompanhada apenas pelo próprio violão. Depois, na companhia de sua irmã Mimi Fariña, ela faz um dueto de pura beleza em "Mi Corazón". E aí a população carcerária de origem latina mostra a sua cara, com um sorriso de orelha a orelha.

Com muito funk e soul, o grupo Voices of the East Harlem torna cruel a determinação de que os presos deveriam assistir ao show sentados. E eles resistem até a hora em que King começa seu show, uma verdadeira catarse coletiva. Depois de controlados, os presos voltam, mais leves, para o seu mundo de muros e grades.

B.B. King and Joan Baez: in Concert at Sing Sing Prison, 1972
Avaliação:
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 40, em média

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre B.B. King
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