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01/09/2004 - 05h19

Bienal vai da "terra de ninguém" a "território livre"

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da Folha de S.Paulo

É com a 26ª Bienal de São Paulo, de 25/9 a 19/12, que o curador alemão Alfons Hug poderá mostrar qual é, de fato, o seu trabalho. Ele foi o responsável pela 25ª edição da mostra, há dois anos, mas contou com dez curadores-assistentes, entre eles Agnaldo Farias, que escolheu os brasileiros.

Agora, Hug é responsável pela íntegra da exposição, com exceção das 47 representações nacionais, e apresenta 80 artistas em salas especiais e na mostra temática. Para tanto, ele teve mais de dois anos para se preparar, visitando 30 das 50 Bienais do planeta.

"Se é verdade que existem várias Bienais com curadorias coletivas, também é verdade que existem muitas outras que só têm um curador, como a próxima Documenta de Kassel, ou as últimas Bienais de Sydney, Berlim, Istambul, Santa Fé e Montréal. O que conta não é o número de curadores, mas a qualidade da mostra."

Envolvido com as montagens para as paredes da Bienal, segundo ele mesmo, Hug afirmou, por e-mail, que "espera superar o sucesso" da mostra anterior. A seguir, leia sobre o que levou o curador a considerar a Bienal uma "terra de ninguém".

Folha - "Terra de Ninguém" era a sua proposta de tema para a Bienal. No catálogo da mostra o sr. usa esse conceito várias vezes, mas a exposição ficou com o nome "Território Livre", que não é citado no texto dos países convidados. Por que houve a mudança? É verdade que foi a prefeita Marta Suplicy quem vetou o nome original?

Alfons Hug
- Desde o início entendi o conceito da terra de ninguém como uma categoria estética, no sentido em que a arte é um espaço sem dono e um exercício de liberdade. No domínio da estética, tudo é de todos. Há mais de um ano e meio, depois de considerar várias opções, chegamos à conclusão, dentro da Bienal, que o título "Território Livre" seria mais adequado. Com a gratuidade da entrada e uma preocupação especial com a inclusão social, este título ficou mais condizente.

Folha - O que o levou a pensar na Bienal como "terra de ninguém"?

Hug
- Na verdade, "território livre" e "terra de ninguém" são sinônimos, no sentido em que a Bienal é uma área extraterritorial, onde os artistas constroem seus lugares utópicos. É uma reserva protegida, na qual se acumula a energia positiva que permite a transformação da sociedade e a intuição de novas formas do convívio humano. Cada geração de artistas é chamada a fazer novamente o levantamento topográfico desse espaço livre.

Folha - No texto do catálogo o sr. afirma que a função política da arte consiste em ser "um desmancha-prazeres para o mundo administrado que tudo quer dirigir". Quais obras da Bienal o sr. considera mais representativas nesse sentido?

Hug
- Essa afirmação é válida para a arte em geral e concerne todas as obras presentes na Bienal.

Folha - Ao ressaltar o domínio da estética na Bienal, o senhor pretende fazer uma crítica ao caráter essencialmente político-social que mostras como a Documenta, em suas últimas duas edições, assumiram?

Hug
- A Bienal de SP não critica outras Bienais nem a Documenta. Ela valoriza, sim, a autonomia da arte e dos processos estéticos.

Folha - Ter poucos artistas internacionalmente aclamados, como Matthew Barney, que iria participar, é uma opção curatorial ou uma forma de economia?

Hug
- Há muitos artistas famosos na 26ª Bienal de São Paulo, tanto nas representações nacionais quanto no segmento dos convidados. É certo também que toda Bienal deve se empenhar em descobrir artistas emergentes. No caso de Matthew Barney, o projeto dele se inviabilizou por razões estritamente técnicas, e não financeiras.

Folha - No texto do catálogo o sr. afirma que tanto a Documenta quanto a Bienal de Veneza são eurocentristas. No entanto, há 50 artistas europeus na Bienal, contra 42 latino-americanos. Sua Bienal também é eurocentrista?

Hug
- Quando se avalia o caráter anti-eurocentrista da Bienal de São Paulo, deve-se levar em consideração também os artistas da África e da Ásia, além da América Latina. Estes três continentes representam mais da metade dos artistas presentes.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Alfons Hug
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