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08/09/2004 - 04h32

Arte chega ao telefone em mostra de São Paulo

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Folha de S.Paulo

Se, nos anos 60, artistas criavam suas obras usando televisores e aparelhos de fax, por que, nos 00, não usar telefones celulares?

Esta é a premissa por trás de "Life Goes Mobile", que fica em cartaz de 10 a 12 deste mês no Instituto Tomie Ohtake, como parte do festival sónarsound São Paulo.

Módulo à parte da exposição mulitmídia sonarama, a mostra reúne sete instalações de artistas que se aproveitam das diferentes funções do aparelho --ou da própria rede de telefonia sem fio.

A proposta, conta Lucas Bambozzi, 38, curador da exposição, partiu da Nokia, patrocinadora principal do evento. Mas também veio ao encontro de artistas que já vinham trabalhando nessa linha.

"É uma oportunidade de trabalhar com tecnologia num ambiente escasso", aponta o curador, para quem o importante é não haver "ruptura ou violação das convicções" do artista frente ao comissionamento do patrocinador.

"Muitos deles estão seguindo uma vertente já presente em seus trabalhos em outras mídias."

É o caso de Giselle Beiguelman, que já usou a tecnologia de celulares para enviar mensagens de texto para telões nas ruas de SP.

"Todo esse sistema [de celulares] vem sendo usado no dia-a-dia e estimula um posicionamento crítico por parte da arte", afirma Bambozzi. "Coloco isso em mídia arte: pegar um sistema de comunicação criado para ser eficiente e criar algo com suas ineficiências, mostrando outro lado."

Para "Life Goes Mobile", Beiguelman criou o projeto "**//Code--Up", que expõe, por meio de fotografias tiradas por celular e enviadas para um telão, a "matéria-prima" do digital. Ou seja, as matrizes geométricas e algoritmos que compõem uma imagem digital. Por meio de um joystick, o público poderá manipular e movimentar as fotos.

Já no trabalho do coletivo Re:Combo, "Constelações", mensagens de texto por celular (SMS) são enviadas para um número específico e agrupadas numa projeção no teto do espaço expositivo como se fossem estrelas em uma galáxia. A distância entre as frases/estrelas é definida pela localização geográfica, hora e minuto do envio de cada mensagem.

Há ainda o projeto "Argos", de Helga Steim, que pretende criar um grande "retrato coletivo" a partir de fotografias de olhos e bocas enviadas pelos usuários, que ficam sempre se alternando.

Também inspirado em imagens, "Engordando Seu Boi", do VJ Spetto, usa a tecnologia de forma mais crítica. Inspirado em um sistema que ainda está para ser lançado e que permitirá que a pessoa monitore algo/alguém por meio de seu celular, o trabalho de Spetto ironiza a mania de vigilância e propõe o uso da tecnologia para os bois, que, como dizem os pecuaristas, "só engordam sob os olhos do dono".

Outros trabalhos incluem "Continente Perdido 1", de Luiz Duva, "Automatic Pop Corn", de Angelo Palumbo e Izo Levin, além da experiência com "textos de cores" da artista Lucia Koch, em que mensagens de texto são "traduzidas" em cores diferentes.

"O que quis foi transformar algo que poderia parecer uma intenção do patrocinador em um projeto de artistas, não de agências de publicidade", argumenta Bambozzi. "A idéia de convergência de mídias existe desde McLuhan, ainda que até hoje, por exemplo, os festivais de cinema ainda resistam a coisas em vídeo. O celular traz essa convergência. E os artistas estão percebendo isso, independentemente dos planos de marketing."

LIFE GOES MOBILE
Quando: de 10 a 12 de setembro, das 12h às 22h
Onde: Instituto Cultural Tomie Ohtake - salas 6 e 7 - 2º piso (av. Faria Lima, 201, SP) Quanto: de R$ 25 a R$ 30 (ingresso para o dia, com acesso a shows).

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre telefone celular
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