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13/09/2004
-
11h45
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
"Ave! De onde saiu esse espirro?", pergunta o Velho.
"Me atrasei", diz o Menino.
"Tá com coragem?"
"Não."
O diálogo seco demarca a entrada do personagem Menino na peça "Tauromaquia", em cartaz no teatro Sesc Anchieta (SP).
Ele é interpretado pelo ator e estudante Thomaz Vinicius, 14, cujo personagem atravessará um rito de passagem para o mundo dos adultos, experiência ainda mais difícil quando se está entre vaqueiros.
Em cena, o Menino surge com altivez, apesar de mascote na comitiva de dez homens, cada um com chapéu e gibão. "Todos o tratam como café-com-leite", diz Vinicius. Ao final, se saberá que as regras do jogo não foram tão brandas com o Menino quanto se imaginava.
O espetáculo da cia. Teatro Balagan, dirigida por Maria Thaís, mostra como aquela viagem será transformadora. Haverá duelos, mortes e também celebrações de amizade, tudo nos conformes da fronteira que separa e mistura o humano e o animal.
São meses rumo ao pó da estrada, o miolo da mata ou a margem do rio. O elenco desvia do óbvio sotaque sertanejo e anda imitando o trote de cavalo.
Nessa comitiva de peões, o Velho (interpretado por Walter Breda) cumprirá sua última viagem, enquanto o Menino será uma espécie de herdeiro, após vivenciar aprendizado dolorido. É como se a vida de um fosse completada pela do outro.
Fora do palco, Vinicius pouco colabora com a imagem daquele Menino. Corpo franzino, 1,65m, mãos ao bolso e dono de timidez que os óculos não escondem, ele poderia passar por um rato de videogames, coisa que não é.
O teatro surge como sina. Aos 9 anos, conquistou o papel-mirim do camponês Eh Feh em "Turandot" (1999), versão de Bertolt Brecht para a ópera de Puccini, dirigida pelo veterano José Renato, um dos fundares do grupo Teatro de Arena.
Na escola estadual Maria Ribeiro Guimarães Bueno, onde cursa a 8ª série, poucos colegas sabem que ele é ator. "Quando descobrem, acham que sou metido, rico, que trabalho na Globo", diz.
Ler é o passatempo preferido desse garoto que pouco ouve música ("das bandas pop e rock aos clássicos da MPB"), adora jogar vôlei e raramente vai ao shopping que fica a quadras de sua casa, ali, sim, território que domina. "Sou muito caseiro".
Cadê o Menino que enveredou pelo mundo vasto mundo do sertão?
Eis o teatro.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a peça "Tauromaquia"
Ator adolescente se destaca no elenco da peça "Tauromaquia"
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da Folha de S.Paulo
"Ave! De onde saiu esse espirro?", pergunta o Velho.
"Me atrasei", diz o Menino.
"Tá com coragem?"
"Não."
O diálogo seco demarca a entrada do personagem Menino na peça "Tauromaquia", em cartaz no teatro Sesc Anchieta (SP).
Ele é interpretado pelo ator e estudante Thomaz Vinicius, 14, cujo personagem atravessará um rito de passagem para o mundo dos adultos, experiência ainda mais difícil quando se está entre vaqueiros.
Em cena, o Menino surge com altivez, apesar de mascote na comitiva de dez homens, cada um com chapéu e gibão. "Todos o tratam como café-com-leite", diz Vinicius. Ao final, se saberá que as regras do jogo não foram tão brandas com o Menino quanto se imaginava.
O espetáculo da cia. Teatro Balagan, dirigida por Maria Thaís, mostra como aquela viagem será transformadora. Haverá duelos, mortes e também celebrações de amizade, tudo nos conformes da fronteira que separa e mistura o humano e o animal.
São meses rumo ao pó da estrada, o miolo da mata ou a margem do rio. O elenco desvia do óbvio sotaque sertanejo e anda imitando o trote de cavalo.
Nessa comitiva de peões, o Velho (interpretado por Walter Breda) cumprirá sua última viagem, enquanto o Menino será uma espécie de herdeiro, após vivenciar aprendizado dolorido. É como se a vida de um fosse completada pela do outro.
Fora do palco, Vinicius pouco colabora com a imagem daquele Menino. Corpo franzino, 1,65m, mãos ao bolso e dono de timidez que os óculos não escondem, ele poderia passar por um rato de videogames, coisa que não é.
O teatro surge como sina. Aos 9 anos, conquistou o papel-mirim do camponês Eh Feh em "Turandot" (1999), versão de Bertolt Brecht para a ópera de Puccini, dirigida pelo veterano José Renato, um dos fundares do grupo Teatro de Arena.
Na escola estadual Maria Ribeiro Guimarães Bueno, onde cursa a 8ª série, poucos colegas sabem que ele é ator. "Quando descobrem, acham que sou metido, rico, que trabalho na Globo", diz.
Ler é o passatempo preferido desse garoto que pouco ouve música ("das bandas pop e rock aos clássicos da MPB"), adora jogar vôlei e raramente vai ao shopping que fica a quadras de sua casa, ali, sim, território que domina. "Sou muito caseiro".
Cadê o Menino que enveredou pelo mundo vasto mundo do sertão?
Eis o teatro.
Especial
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