Publicidade
Publicidade
20/09/2004
-
05h34
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
da Folha de S.Paulo
Depois do estrondoso sucesso dos Tribalistas, Arnaldo Antunes lançou "Saiba", um CD que ainda não recebeu a atenção que merece. Com algumas exceções, as rádios de São Paulo, diferentemente das do Rio, praticamente ignoraram o lançamento. Por quê? Será que faltou o famoso jabá? Ou será que a culpa é do próprio artista e de sua estrutura de divulgação que não souberam trabalhar o lançamento?
Talvez seja um pouco disso tudo, mas é intrigante como o critério seletivo das rádios vive a tapar seus ouvidos --e os do público-- para alguns artistas ou discos que, a julgar pelo que se toca, evidentemente poderiam e deveriam entrar na programação.
Na primeira das duas noites que Arnaldo Antunes se apresentou no DirectTV Hall, em São Paulo, essa lacuna traduziu-se numa platéia que não chegou a encher a casa e que, com exceção dos seguidores, parecia desconhecer o novo repertório.
Arnaldo, no entanto, não fez um show focado no novo CD. Abriu o leque e desfilou canções de sua trajetória, que já deixou um rastro na música popular desde o estouro dos Titãs nos anos 80. Com uma formação de banda de rock acrescida de percussão e sampler, a lista percorreu pontos luminosos desses 20 anos, de "Demais", do primeiro LP dos Titãs, e "O Pulso", até "Saiba". É uma oportunidade de ouvir uma história que, estendida no palco, confirma um talento inusual.
Em geral, a pegada é roqueira --embora não seja exatamente um show de rock e tenha até ares românticos, como o próprio artista reconhece numa conversa com o público. Essa opção, no entanto, não favoreceu a transposição para o show de nuances do ambiente sonoro do disco, que é muito bom e conta com participações, entre outros, dos guitarristas Pedro Sá e Edgard Scandurra, além dos tribalistas Marisa Monte e Carlinhos Brown. Essa sensação pode ter sido acentuada pelos clássicos problemas de som das estréias, mas as escolhas do artista foram nesse sentido. Talvez um pouco de laptop fosse necessário para que "Saiba" pudesse ter sido mais aproveitado ao vivo.
Entre as ausências do novo CD está o imperdoável esquecimento de "Elizabete no Chuí" (realmente difícil de apresentar sem recursos de estúdio), que tem uma levada percussiva meio Carnaval meio drum'n'bass, uma letra ótima, e representa uma linha promissora a evoluir em meio à diversidade do repertório do artista. Mas, faça-se esse ou aquele reparo, fica a certeza de um compositor extremamente criativo.
O espetáculo não está mais em cartaz, mas se você quiser, saiba que no CD tem coisas que realmente são show.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes abre o leque em show de "Saiba"
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Depois do estrondoso sucesso dos Tribalistas, Arnaldo Antunes lançou "Saiba", um CD que ainda não recebeu a atenção que merece. Com algumas exceções, as rádios de São Paulo, diferentemente das do Rio, praticamente ignoraram o lançamento. Por quê? Será que faltou o famoso jabá? Ou será que a culpa é do próprio artista e de sua estrutura de divulgação que não souberam trabalhar o lançamento?
Talvez seja um pouco disso tudo, mas é intrigante como o critério seletivo das rádios vive a tapar seus ouvidos --e os do público-- para alguns artistas ou discos que, a julgar pelo que se toca, evidentemente poderiam e deveriam entrar na programação.
Na primeira das duas noites que Arnaldo Antunes se apresentou no DirectTV Hall, em São Paulo, essa lacuna traduziu-se numa platéia que não chegou a encher a casa e que, com exceção dos seguidores, parecia desconhecer o novo repertório.
Arnaldo, no entanto, não fez um show focado no novo CD. Abriu o leque e desfilou canções de sua trajetória, que já deixou um rastro na música popular desde o estouro dos Titãs nos anos 80. Com uma formação de banda de rock acrescida de percussão e sampler, a lista percorreu pontos luminosos desses 20 anos, de "Demais", do primeiro LP dos Titãs, e "O Pulso", até "Saiba". É uma oportunidade de ouvir uma história que, estendida no palco, confirma um talento inusual.
Em geral, a pegada é roqueira --embora não seja exatamente um show de rock e tenha até ares românticos, como o próprio artista reconhece numa conversa com o público. Essa opção, no entanto, não favoreceu a transposição para o show de nuances do ambiente sonoro do disco, que é muito bom e conta com participações, entre outros, dos guitarristas Pedro Sá e Edgard Scandurra, além dos tribalistas Marisa Monte e Carlinhos Brown. Essa sensação pode ter sido acentuada pelos clássicos problemas de som das estréias, mas as escolhas do artista foram nesse sentido. Talvez um pouco de laptop fosse necessário para que "Saiba" pudesse ter sido mais aproveitado ao vivo.
Entre as ausências do novo CD está o imperdoável esquecimento de "Elizabete no Chuí" (realmente difícil de apresentar sem recursos de estúdio), que tem uma levada percussiva meio Carnaval meio drum'n'bass, uma letra ótima, e representa uma linha promissora a evoluir em meio à diversidade do repertório do artista. Mas, faça-se esse ou aquele reparo, fica a certeza de um compositor extremamente criativo.
O espetáculo não está mais em cartaz, mas se você quiser, saiba que no CD tem coisas que realmente são show.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice