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23/09/2004
-
19h11
da France Presse, em São Paulo
A 26ª Bienal de Arte de São Paulo abrirá suas portas domingo sob o tema "Território Livre", uma proposta de volta ao espaço da arte e do artista, com 135 participantes de 62 países convidados.
"O que importa é a arte, é voltar à arte", disse o curador da bienal, o alemão Alfons Hug. O tema pretende exatamente resgatar "o espaço da arte, que não tem dono, que é criado pelo artista."
Dos 135 artistas representados, 55 foram propostos pelos 62 países representados e 80, especialmente convidados pela Bienal.
O princípio de seleção, com qualidade e relevância, foi buscar o artista novo, contemporâneo. Desta forma, a bienal prescindiu do tradicional núcleo histórico, um espaço dedicado a artistas consagrados, optando por abrir todo o seu espaço para a descoberta do Portinari ou do Picasso do amanhã, segundo seu presidente, Manoel Francisco Pires da Costa.
Esta aposta na arte contemporânea foi bem recebida pelos artistas.
"Para os artistas, é uma situação de muito estímulo, pois não são tantas as oportunidades que a arte contemporânea tem para se mostrar", disse o argentino Leandro Elrich, que apresentará uma instalação com quatro portas iluminada em suas ranhuras, mas que dão passagem a quartos escuros.
"Na Bienal, a arte contemporânea se enche com uma chama nova, algo muito vivo, que é importante para nós que viemos da Europa, cheia de convenções", disse Veronique Massinger. A artista representa a Bélgica ao lado da colega Christine Felten, com quem elaborou fotos feitas numa caravana transformada em câmara escura e com a qual percorreram o Brasil.
O evento continua fiel ao compromisso de uma ampla representação geográfica.
"Tradicionalmente, São Paulo é a Bienal com mais países representados e não queremos falhar com esse compromisso", disse Hug.
Outra característica da mostra, que ficará aberta ao público até 19 de dezembro e que teve um orçamento considerado "moderado" de US$ 5 milhões, é seu compromisso com a democratização da cultura, nas palavras de seus organizadores. Pela primeira vez, a entrada será gratuita, em sintonia com a linha social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Pintura e fotografia ocupam lugar de destaque. Uma promessa é a retrospectiva do trabalho de oito fotógrafos africanos nas últimas décadas, com uma clara escolha pelo retrato humano e sob os cuidados de Simon Njami (Suíça-Camarões).
Enorme fascínio exercem também os retratos pintados de Chen Shaofeng, expressões impressionantes de personagens da China, cada um acompanhado de um auto-retrato, a visão do modelo transformado em artista.
Seu compatriota radicado em Nova York, Xu Bing, apresentará um confronto diferente com o mundo, um poema zen-budista sobre as cinzas colhidas depois da queda das torres-gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, com as quais elaborou uma figura que lembra um bebê assustador.
Com uma proposta bem diferente, a artista brasileira Lívia Flores propõe questionamentos numa instalação com base no trabalho de um mendigo, Clóvis, a quem conheceu num abrigo para sem-teto no Rio de Janeiro. Clóvis e Flores construíram uma cidade fascinante de edifícios feitos a partir de lâmpadas.
"Minha idéia com esta montagem é propor questionamentos sobre os limites da arte, sua autoria, a exclusão e o espaço urbano", disse artista.
Entre os presentes, geram grande expectativa o representante do Reino Unido, Mike Nelson (que trará uma nova instalação ainda inacabada na qual trabalha há semanas), o chinês Cai Guo Qiang (com suas torres explosivas) e o alemão Thomas Struth (imagens urbanas).
Entre as instalações, o destaque é a estréia de "Amália Traída", do italiano Francesco Vezzoli, um vídeo no qual a atriz brasileira Sonia Braga, "máximo expoente do cinema latino", segundo o autor, encarna a rainha do fado, a portuguesa Amália Rodrigues, "figura popular que mais influenciou o imaginário coletivo de uma nação".
"É uma bienal que tem grandes momentos de reflexão, poesia e beleza", disse Alfons Hug. O resultado definitivo só o tempo e os críticos definirão, disse.
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Leia o que já foi publicado sobre a Bienal de São Paulo
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26ª Bienal de São Paulo abre suas portas como "Território Livre"
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A 26ª Bienal de Arte de São Paulo abrirá suas portas domingo sob o tema "Território Livre", uma proposta de volta ao espaço da arte e do artista, com 135 participantes de 62 países convidados.
"O que importa é a arte, é voltar à arte", disse o curador da bienal, o alemão Alfons Hug. O tema pretende exatamente resgatar "o espaço da arte, que não tem dono, que é criado pelo artista."
Dos 135 artistas representados, 55 foram propostos pelos 62 países representados e 80, especialmente convidados pela Bienal.
O princípio de seleção, com qualidade e relevância, foi buscar o artista novo, contemporâneo. Desta forma, a bienal prescindiu do tradicional núcleo histórico, um espaço dedicado a artistas consagrados, optando por abrir todo o seu espaço para a descoberta do Portinari ou do Picasso do amanhã, segundo seu presidente, Manoel Francisco Pires da Costa.
Esta aposta na arte contemporânea foi bem recebida pelos artistas.
"Para os artistas, é uma situação de muito estímulo, pois não são tantas as oportunidades que a arte contemporânea tem para se mostrar", disse o argentino Leandro Elrich, que apresentará uma instalação com quatro portas iluminada em suas ranhuras, mas que dão passagem a quartos escuros.
"Na Bienal, a arte contemporânea se enche com uma chama nova, algo muito vivo, que é importante para nós que viemos da Europa, cheia de convenções", disse Veronique Massinger. A artista representa a Bélgica ao lado da colega Christine Felten, com quem elaborou fotos feitas numa caravana transformada em câmara escura e com a qual percorreram o Brasil.
O evento continua fiel ao compromisso de uma ampla representação geográfica.
"Tradicionalmente, São Paulo é a Bienal com mais países representados e não queremos falhar com esse compromisso", disse Hug.
Outra característica da mostra, que ficará aberta ao público até 19 de dezembro e que teve um orçamento considerado "moderado" de US$ 5 milhões, é seu compromisso com a democratização da cultura, nas palavras de seus organizadores. Pela primeira vez, a entrada será gratuita, em sintonia com a linha social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Pintura e fotografia ocupam lugar de destaque. Uma promessa é a retrospectiva do trabalho de oito fotógrafos africanos nas últimas décadas, com uma clara escolha pelo retrato humano e sob os cuidados de Simon Njami (Suíça-Camarões).
Enorme fascínio exercem também os retratos pintados de Chen Shaofeng, expressões impressionantes de personagens da China, cada um acompanhado de um auto-retrato, a visão do modelo transformado em artista.
Seu compatriota radicado em Nova York, Xu Bing, apresentará um confronto diferente com o mundo, um poema zen-budista sobre as cinzas colhidas depois da queda das torres-gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, com as quais elaborou uma figura que lembra um bebê assustador.
Com uma proposta bem diferente, a artista brasileira Lívia Flores propõe questionamentos numa instalação com base no trabalho de um mendigo, Clóvis, a quem conheceu num abrigo para sem-teto no Rio de Janeiro. Clóvis e Flores construíram uma cidade fascinante de edifícios feitos a partir de lâmpadas.
"Minha idéia com esta montagem é propor questionamentos sobre os limites da arte, sua autoria, a exclusão e o espaço urbano", disse artista.
Entre os presentes, geram grande expectativa o representante do Reino Unido, Mike Nelson (que trará uma nova instalação ainda inacabada na qual trabalha há semanas), o chinês Cai Guo Qiang (com suas torres explosivas) e o alemão Thomas Struth (imagens urbanas).
Entre as instalações, o destaque é a estréia de "Amália Traída", do italiano Francesco Vezzoli, um vídeo no qual a atriz brasileira Sonia Braga, "máximo expoente do cinema latino", segundo o autor, encarna a rainha do fado, a portuguesa Amália Rodrigues, "figura popular que mais influenciou o imaginário coletivo de uma nação".
"É uma bienal que tem grandes momentos de reflexão, poesia e beleza", disse Alfons Hug. O resultado definitivo só o tempo e os críticos definirão, disse.
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