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23/09/2004 - 21h21

"Cinema em Construção" dá espaço e apoio a diretores latinos

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MARINA DE RUSSÉ
da France Presse, em San Sebastián

"Posso cortar cenas?", pergunta um produtor presente na sala. "O filme tem um ritmo que quero manter, o do calor do sertão [nordestino], mas pode cortar em outras partes", responde Marcelo Gomes, que ainda precisa de 10 mil euros para finalizar seu primeiro filme, "Cinema, Aspirinas e Urubus", que ele apresentou esta semana na seção Cinema em Construção do Festival Internacional de San Sebastián.

Iniciativa compartilhada há três anos pelos Encontros de Cinema da América Latina em Tolouse (França) e pelo Festival de Cinema de San Sebastián, "Cinema em Construção" é uma seção que visa a estabelecer o contato entre distribuidores, produtores, programadores e laboratórios europeus com seis ou sete diretores latino-americanos com dificuldades para concluir seus filmes.

Lançada originalmente em Toulouse, cujo festival se dedica ao cinema latino-americano, a seção se desenvolve com muito sucesso, segundo os organizadores uma vez por ano na cidade francesa e outra na espanhola.

Este ano, foi introduzida uma novidade. Agora integram o programa cineastas reconhecidos, como o brasileiro Ruy Guerra. Até agora, só principiantes enviavam seus trabalhos ao comitê selecionador.

A mudança chama a atenção para a grave crise econômica pela qual atravessa a indústria cinematográfica latino-americana.

"É muito difícil encontrar dinheiro quando o teu cinema não corresponde ao perfil da narrativa comercial, mesmo com a minha experiência", disse Guerra, em alusão à seu currículo no cinema novo.

Dois filmes que encontraram apoio nesta oficina para terminar a pós-produção concorrem este ano na seção oficial do Festival de San Sebastián, que se encerrará no próximo sábado. Trata-se do colombiano "Sumas y Restas", de Víctor Gaviria, e "El Cielito", da argentina Maria Victoria Menis.

Michel Zana, da produtora francesa Sophie Dulac, assistiu a "El Cielito" no ano passado numa versão cuja montagem tinha qualidade técnica mediana.

"Me apaixonei de cara e tive vontade de produzí-lo."

Em menos de um mês estavam concluídas as negociações. A produtora bancou 38% do orçamento total do filme, cujos gastos de pós-produção chegaram a 600 mil euros (montagem, mixagem de imagem, de som e digitalização do filme, procedimentos feitos na França).

"Não existem vantagens para o co-produtor. Ou tem paixão ou não tem. Não é fácil entrar num projeto quando já está em andamento, pois você chega tarde demais [para fazer] algumas contribuições para o roteiro, inclusive de canais de televisão", disse Zana, que deu total liberdade à diretora para a montagem.

Ao mesmo tempo, esta colaboração permite conhecer novos cineastas e criar as bases para projetos futuros, emendou.

Para o diretor, além de poder concluir seus filmes, a seção lhes dá uma projeção européia que de outra forma não teriam, segundo Héctor Menis, marido e co-produtor do filme de Maria Victoria.

São poucos os projetos que não encontram apoio.

"O importante é fazer contatos e possibilitar uma projeção internacional para estes filmes, o que pode desemperrar as coisas no país do cineasta", disse Esther Saint Dizier, presidente dos Encontros de Cinema de Toulouse.

De qualquer forma, a iniciativa rende frutos. Muitos festivais fazem contato para se informar, disse Zana, segundo quem todos as mostras deveriam contar com oficinas similares.

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