Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/09/2004 - 08h01

26ª Bienal de São Paulo abre neste domingo para o público

Publicidade

GUILHERME GORGULHO
da Folha Online

Com uma expectativa de público de mais de um milhão de pessoas durante os 86 dias em que ficará aberta para visitação, a 26ª Bienal de São Paulo começa neste domingo (26) com a proposta de popularizar a produção artística contemporânea com abordagem didática e entrada gratuita.

Sob a curadoria do alemão Alfons Hug, o maior evento de artes plásticas do país --que nesta edição tem como tema "Território Livre"-- vai reunir trabalhos de 135 artistas, de 62 países, nos cerca de 30 mil metros quadrados do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, até o dia 19 de dezembro.

"A compreensão da arte contemporânea é como o aprendizado de um idioma: tem vários graus de aproximação e de domínio (...). A arte contemporânea pode ser difícil, mas ela não é elitista. (...) Temos que acabar com esse preconceito de que a arte contemporânea seja uma coisa inalcançável", ponderou hoje o curador durante uma entrevista coletiva. Na última Bienal de São Paulo, em 2002, 670 mil pessoas visitaram a exposição.

Para tentar diminuir o abismo que separa o público comum de pinturas, esculturas e instalações --muitas vezes de difícil interpretação--, a organização da Bienal treinou 400 monitores para orientar os visitantes durante a mostra. A equipe foi selecionada e preparada por meio de uma parceria entre a Faap (Fundação Armando Álvarez Penteado) e o Centro de Estudos e Memória da Juventude.

Além de tentar democratizar o acesso do público à arte, a entrada franca também é apontada pela organização do evento como uma possibilidade de as pessoas conhecerem a Bienal em mais de um dia. "É impossível digerir todo o volume visual e plástico da Bienal em apenas um dia", disse Hug.

Dividida em 55 representações nacionais, e com 80 artistas convidados e oito salas especiais, a Bienal 2004 reassume seu papel de descoberta de nomes e de traçar um painel da produção contemporânea, não só das cenas européia e norte-americana, mas incluindo também países da África, Ásia e América Latina.

A exemplo do que aconteceu em 2002, esta edição não terá núcleos históricos, com obras de nomes consagrados das artes plásticas mundiais, o que se tornava um chamariz para o cidadão comum conhecer a Bienal. A exposição "Picasso na Oca", por exemplo, a maior do artista espanhol na América Latina, atraiu neste ano mais de 900 mil pessoas em pouco mais de cinco meses. Para Alfons Hug, o "núcleo histórico não faz falta". "Talvez o núcleo histórico fizesse sentido quando os museus brasileiros e as instituições culturais em São Paulo e no Brasil não estavam em condições de apresentar este tipo de mostra."

"Até a década de 90, a Bienal e os poucos museus que existiam em São Paulo apresentavam os clássicos (...). Da década de 90 para cá, o Brasil evoluiu bastante em termos de espaços culturais e em termos de museus. A partir daí, a Bienal entendeu que cabe a ela um papel muito mais objetivo no sentido da busca do artista novo, do artista contemporâneo, numa tentativa extremamente saudável de descobrirmos o Portinari e o Picasso de amanhã", concordou Manoel Francisco Pires da Costa, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

Mesmo assim, a mostra terá uma sala especial dedicada ao centenário de Cândido Portinari, com a projeção das obras do pintor paulista, além da exibição de 28 telas no espaço cultural da Bolsa de Mercadorias e Futuros, sob a curadoria de João Cândido Portinari, filho do artista.

"Esta é uma forma que nós encontramos de homenagear artistas do núcleo histórico, mas eu não vejo em absoluto nenhuma preocupação em termos de público. O importante é uma definição política do papel da Bienal na história das artes no Brasil", explicou Pires da Costa.

Buscando a unidade temática da mostra, apesar da diversidade cultural e estética obtida com uma seleção de trabalhos deste porte, a curadoria decidiu mesclar os artistas convidados e os representantes de cada país, diferentemente dos "guetos" criados por separações artificiais feitas no passado.

No colorido mosaico mundial criado na Bienal, o Brasil dá sua contribuição com uma instalação de Ivens Machado --escolhido para representar o país, sob a curadoria de Nelson Aguilar--, que sobrepõe centenas de estacas de madeira formando um contorno sinuoso com aberturas internas que desafiam a gravidade.

Entre os 80 artistas convidados, outros 18 brasileiros mostram seus trabalhos na Bienal, sendo um terço de São Paulo, um terço do Rio de Janeiro e um terço do restante do país. Segundo a avaliação do curador, a divisão representa o estado atual da produção artística no Brasil.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Bienal de SP
  • Saiba mais sobre a 26ª Bienal de São Paulo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página