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08/10/2004 - 09h28

"O Espanta Tubarões" desperta lado adulto das crianças

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LUCIANA COELHO
da Folha de S.Paulo, em Nova York

O produtor Jeff Katzenberg cunhou uma definição precisa para "O Espanta Tubarões", animação da Dreamworks que estréia hoje no Brasil: "É um filme feito para despertar o pequeno adulto que há dentro de cada criança".

A piada de Katzenberg não é só graça: é uma estocada em seus antigos patrões e atuais rivais (não declarados) na Disney, onde trabalhou por dez anos.

A companhia de Mickey Mouse tem como lema "despertar a criança que há em cada adulto", e foi revertendo esse conceito que Katzenberg conseguiu fazer sua Dreamworks SKG (ele está entre o S de Steven Spielberg e o G de David Geffen) se sobressair com "Shrek" e a seqüência "Shrek 2".

"Mas dedicamos boa parte de nosso tempo tentando garantir que o filme seja divertido também para as crianças", diz.

O estúdio apostou alto em seu último lançamento, que levou cinco anos do projeto à tela e já tem seqüência engatilhada para 2006. Reza a lenda --e Katzenberg, não desmente-- que nunca uma animação entregou contracheques tão vultosos para o elenco. "Crianças podem não ligar para nomes, mas acho que ter atores como De Niro e Jack Black deixa o filme bacana para elas também", disse o produtor em entrevista da qual a Folha participou.

Ganharam cara de peixe Will Smith, Renée Zellweger, Jack Black, Angelina Jolie, Robert de Niro e Martin Scorsese. O diretor, que não fazia um papel creditado no cinema desde "Quiz Show" (1994), está hilário como o baiacu Sykes, um dono de lava-rápido ligado à máfia (é para crianças?).

De Niro e Scorsese não só juram que é para crianças como dizem que aceitaram os papéis pensando em seus filhos pequenos, que nunca podem assistir seus filmes. Mas a impressão que dá é que eles estavam aproveitando para se divertir e dar à antiga parceria, que rendeu clássicos como "Taxi Driver" e "Os Bons Companheiros", uma versão descompromissada.

A produção parece tão preocupada com o público que liga para nomes que deixou detalhes das feições de cada intérprete nos peixes. Estão ali, em versão animada, as imensas sobrancelhas de Scorsese, a pinta de De Niro, as orelhas avantajadas de Smith, os olhos apertados de Zellweger. A boca carnuda e as curvas de Jolie, disse o protagonista Will Smith, despertaram-lhe uma súbita vontade de comer sushi (de novo: é para crianças?).

No fundo do mar, em um recife que parece Nova York, o peixe Oscar (Smith) sonha em ficar famoso e rico enquanto trabalha no lava-rápido de Sykes (Scorsese). Até que um tubarão, ao tentar atacá-lo, morre atingido por uma âncora. Ele leva o crédito por erradicar a maior ameaça ao recife e vira celebridade instantânea.

Só que o morto é o herdeiro do chefão mafioso local, Don Lino (De Niro). Para manter a mentira que o fez famoso, o pseudo-algoz faz amizade com o irmão de sua pretensa vítima, Lenny (Black), um tubarão vegetariano que queria ser um golfinho. A cena de Lenny saindo do armário para o pai é de longe a melhor do filme, calcada nos filhos que assumem sua homossexualidade diante dos pais. Katzenberg e a diretora, Vicky Jenson, dizem que seu tubarão não é gay. OK. E esse é um filme para crianças.

Especial
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