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28/10/2004
-
20h01
da France Presse, em Londres
Uma peça de teatro sobre o Iraque, que inclui citações textuais dos protagonistas do conflito, entre eles o presidente americano, George W. Bush, e o premiê britânico, Tony Blair, se tornou um dos grandes sucessos do teatro londrino.
Já é quase impossível conseguir ingressos para assistir a "Stuff Happens" ("Essas Coisas Acontecem"), do dramaturgo britânico David Hare, que estreou no começo de setembro no Teatro Nacional de Londres, às margens do Tamisa.
Com três horas de duração, a peça se baseia sobretudo em documentos e entrevistas e revela as articulações e cumplicidades que levaram os Estados Unidos a lançar a guerra contra o Iraque.
O título faz menção à resposta do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, a um jornalista que lhe perguntou sobre os saques registrados em Bagdá, após a entrada do exército americano.
"Essas coisas acontecem", respondeu Rumsfeld.
Como a resposta cínica do secretário de Defesa, a peça está cheia de frases que o público reconhece por ter ouvido na rádio e na TV ou lido nos jornais nos meses anteriores à invasão.
Outras foram imaginadas por Hare, que deixa claro: "É uma peça de teatro e não um documentário".
"Nada na narrativa é conscientemente falso", diz Hare no programa.
"Quando as portas se fecham atrás dos líderes mundiais e seus assessores, ali usei minha imaginação", diz.
Embora em geral tenha recebido avaliações positivas da crítica, alguns condenaram Hare, que é um dos mais brilhantes dramaturgos britânicos da atualidade, por cair na caricatura. Mas o público parece ter aprovado tanto a peça quanto os atores.
O jeito de falar, de andar, e os trejeitos do líder da Casa Branca são fielmente imitados por Alex Jennings, ao mesmo tempo em que Nicholas Farrel retrata de forma convincente um servil premiê britânico.
Outros personagens facilmente reconhecidos pelo público são Laura Bush, a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e o presidente iraquiano deposto, Saddam Hussein, que fala em árabe.
Também aparecem o vice-presidente americano, Dick Cheney, o secretário de Estado, Colin Powell --que em princípio é uma voz discordante, expressando-se contrário à guerra--, e o número dois do Pentágono, Paul Wolfowitz, um dos líderes dos neo-conservadores.
De todos eles, são os intérpretes de Bush e Blair os que arrancam mais gargalhadas.
Ao contrário, embora muito breve, a aparição do presidente chileno, Ricardo Lagos, desperta a simpatia do público.
Hare recria um momento em que Washington, com o apoio de Londres, tenta fazer passar nas Nações Unidas uma resolução que daria luz verde a uma invasão do Iraque.
O Chile, que assim como o México ocupava na época uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU, apoiou a França e a Rússia contra a invasão do Iraque durante as tensas negociações diplomáticas que transcorreram nas Nações Unidas.
Nesse contexto, o ator que interpreta Blair liga para Lagos, e lhe propõe inclusive ir a Santiago para se reunir com ele.
"Não acho que isso seja necessário", diz o Lagos fictício, desligando o telefone, fazendo o teatro explodir em aplausos.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre teatro sobre o Iraque
Peça de teatro sobre o Iraque torna-se sucesso de público em Londres
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Uma peça de teatro sobre o Iraque, que inclui citações textuais dos protagonistas do conflito, entre eles o presidente americano, George W. Bush, e o premiê britânico, Tony Blair, se tornou um dos grandes sucessos do teatro londrino.
Já é quase impossível conseguir ingressos para assistir a "Stuff Happens" ("Essas Coisas Acontecem"), do dramaturgo britânico David Hare, que estreou no começo de setembro no Teatro Nacional de Londres, às margens do Tamisa.
Com três horas de duração, a peça se baseia sobretudo em documentos e entrevistas e revela as articulações e cumplicidades que levaram os Estados Unidos a lançar a guerra contra o Iraque.
O título faz menção à resposta do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, a um jornalista que lhe perguntou sobre os saques registrados em Bagdá, após a entrada do exército americano.
"Essas coisas acontecem", respondeu Rumsfeld.
Como a resposta cínica do secretário de Defesa, a peça está cheia de frases que o público reconhece por ter ouvido na rádio e na TV ou lido nos jornais nos meses anteriores à invasão.
Outras foram imaginadas por Hare, que deixa claro: "É uma peça de teatro e não um documentário".
"Nada na narrativa é conscientemente falso", diz Hare no programa.
"Quando as portas se fecham atrás dos líderes mundiais e seus assessores, ali usei minha imaginação", diz.
Embora em geral tenha recebido avaliações positivas da crítica, alguns condenaram Hare, que é um dos mais brilhantes dramaturgos britânicos da atualidade, por cair na caricatura. Mas o público parece ter aprovado tanto a peça quanto os atores.
O jeito de falar, de andar, e os trejeitos do líder da Casa Branca são fielmente imitados por Alex Jennings, ao mesmo tempo em que Nicholas Farrel retrata de forma convincente um servil premiê britânico.
Outros personagens facilmente reconhecidos pelo público são Laura Bush, a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e o presidente iraquiano deposto, Saddam Hussein, que fala em árabe.
Também aparecem o vice-presidente americano, Dick Cheney, o secretário de Estado, Colin Powell --que em princípio é uma voz discordante, expressando-se contrário à guerra--, e o número dois do Pentágono, Paul Wolfowitz, um dos líderes dos neo-conservadores.
De todos eles, são os intérpretes de Bush e Blair os que arrancam mais gargalhadas.
Ao contrário, embora muito breve, a aparição do presidente chileno, Ricardo Lagos, desperta a simpatia do público.
Hare recria um momento em que Washington, com o apoio de Londres, tenta fazer passar nas Nações Unidas uma resolução que daria luz verde a uma invasão do Iraque.
O Chile, que assim como o México ocupava na época uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU, apoiou a França e a Rússia contra a invasão do Iraque durante as tensas negociações diplomáticas que transcorreram nas Nações Unidas.
Nesse contexto, o ator que interpreta Blair liga para Lagos, e lhe propõe inclusive ir a Santiago para se reunir com ele.
"Não acho que isso seja necessário", diz o Lagos fictício, desligando o telefone, fazendo o teatro explodir em aplausos.
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