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03/11/2004 - 09h22

Macalé e Gil Gomes se unem como "jazzistas"

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MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo

"Acho que vai ser como dois músicos de jazz, cada um improvisando na sua linguagem." É com essa improvável comparação que Jards Macalé define o encontro que terá na noite de hoje, às 19h35, no teatro do CCBB, com o jornalista policial Gil Gomes, célebre por suas reportagens (e sua locução característica) em programas como o finado "Aqui Agora".

A reunião da dupla, que encerra a série "Encontros Improváveis" neste ano, é bizarra sob qualquer ótica: mistura um músico profissional com um repórter policial; um notório esquerdista, perseguido pela ditadura, com um homem que, pelo menos no imaginário popular, é associado à direita da estirpe "bandido bom é bandido morto"; um "maldito" com um "caçador de marginais".

"Você acha que pode sair morte?", pergunta o irônico Macalé. Morte, não, mas talvez um assassinato musical? "De minha parte não", garante o músico, que se diz acostumado ao improviso. "Eu sempre entro no palco sem saber o que vai acontecer. Posso ter a espinha de um roteiro, mas, na hora, as coisas vão acontecendo. Então não vai ser novidade."

"Talvez o Gil Gomes cante "Ronda" [que fala da "cena de sangue num bar da avenida São João']", sugere, entre a brincadeira e a intenção real, Carlos Careqa, organizador do evento. Ele consegue enxergar um ponto de contato entre os dois convidados: "Vi o Gil Gomes na TV e automaticamente o associei ao Macalé; ele narra o submundo, a coisa do hediondo; o Macalé também faz música em cima disso".

Sobre a imagem "policial" do repórter, Careqa desmistifica: "Na TV, ele encarna um personagem. Conversei com ele, é uma pessoa normal, inclusive no jeito de falar. É boa gente". Macalé também não teme a fera: "Vai ser um encontro divertido, no mínimo. Se não, eu nem ia".

Se do improvável encontro não se sabe ainda o resultado, a platéia pode ir ao CCBB já sabendo, pelo menos em parte, o que esperar do evento: Jards Macalé vai levar para ser exibido um DVD que reúne parte das oito horas de seus vídeos caseiros, gravados em Super-8, com momentos íntimos da nata da MPB entre 1969 e 1989.

Isso, claro, se o músico se lembrar de trazer o DVD do Rio. "Ih, rapaz, ainda bem que você me lembrou, eu tinha esquecido disso! Tenho que procurar aqui", surpreendeu-se o músico, ao ser perguntado sobre o que seria o tal DVD que o evento mostrará.

E pela explicação de Macalé, as fitas guardam tesouros. Há cenas dos concertos de Amsterdã e Paris, Gal Costa cantando em casa, na época em que morou com Macalé, os ensaios da gravação do álbum "Transa", de Caetano Veloso, em Londres, reunindo Macalé, Gilberto Gil e Caetano...
"Desde criancinha, quando eu ganhei uma câmera fotográfica, sou fascinado por registrar as coisas", explica o músico. "Quando eu e Capinam fomos convidados para o Festival das Selvas (69), em Manaus, nós vimos as primeiras câmeras Super-8, compramos e saímos filmando. Era uma câmera na mão e nada na cabeça."

Entre os momentos antológicos, ele destaca a gravação do show de lançamento do álbum "O Banquete dos Mendigos" (74), realizado na Quinta da Boa Vista, no Rio, em 1979, após cinco anos impedido pela censura. "Foi no dia de Cosme e Damião, enchemos um caminhão com doces e distribuímos", relembra Macalé.

ENCONTROS IMPROVÁVEIS
Onde: CCBB-SP, rua Álvares Penteado, 112, Centro de SP, fone 0/xx/11/3113-3651.
Quando: hoje, às 19h30.
Quanto: R$ 6.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Jards Macalé
  • Leia o que já foi publicado sobre Gil Gomes
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