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06/10/2000 - 13h57

Crítica: Filme de Jim Carrey investe no chulo e decepciona

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Carolina Matos
da Reuters, em São Paulo

A onda trash está na moda e, em princípio, soa um tanto "out" remar contra a maré e dizer que "Eu, Eu Mesmo e Irene" (Me, Myself and Irene), novo filme de Jim Carrey que estréia em circuito nacional no próximo dia 12, é decepcionante e não chega aos pés de "Quem Vai Ficar Com Mary?", dos mesmos diretores, os irmãos Farrelly.

Mas o fato é que "Eu, Eu Mesmo e Irene" é mais uma desculpa esfarrapada para as caretas sempre exageradas de Jim Carrey, e não um humor besteirol que se propõe a fazer uma sátira social com piadas escatológicas - como é o caso de "South Park" - ou ainda uma paródia de megasucessos do cinema como "Scary Movie" ou "Corra que a Polícia Vem Aí".

"Eu, Eu Mesmo e Irene" lembra muito a trama baseada em baixaria de "Débi e Lóide", e fica muito aquém do roteiro de "Quem Vai Ficar com Mary?", mais original e mais inteligente na sua brincadeira com o politicamente correto.

Em comparação ainda com filmes do gênero, como "Scary Movie", "Eu, Eu Mesmo e Irene" não está fazendo tanto sucesso assim nas bilheterias dos Estados Unidos. Em duas semanas no circuito norte-americano, o filme arrecadou US$ 90 milhões. Já "Scary Movie" abocanhou US$ 153 milhões em apenas 12 dias.

O roteiro dos irmãos Peter e Bobby Farrelly é raso e não se sustenta. Jim Carrey faz o papel de Charlie Baileygates, veterano da força policial de Rhode Island, e que de tão gentil e prestativo acaba se tornando motivo de piada. Dezoito anos depois de ser abandonando pela esposa, que o deixou com três filhos afro-americanos, ele finalmente explode e vira o chulo e hiper-agressivo Hank.

Furos no roteiro criam o pretexto para os "dois" embarcarem em um "road movie" com Irene Waters (Renée Zellweger), proporcionando o clima para o misto de baixarias protagonizadas por Carrey e o surgimento do romance entre os personagens.

Para quem gosta de humor grotesco, no entanto, o filme é um prato cheio. Os três filhos de Carrey, que quando crianças teriam um "pênis maior que uma salsicha", chegam a botar uma galinha dentro do traseiro de um policial quando estão a caça do pai.

Carrey não faz por menos: quando é Hank, ele vai para o banheiro em cima do jornal do vizinho, enfia um pênis de borracha no seu traseiro depois de uma noite de sexo com Irene e mama no peito de uma mãe com um filho em praça pública.

Essas e outras palhaçadas de mau-gosto podem soar engraçadinho para alguns, mas a sua abundância num roteiro raso e que não diz a que veio só obriga o público a afundar na cadeira e torcer para que o festival de baixarias acabe logo.

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