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23/11/2004 - 09h59

Diretores novatos invadem 37ª edição do Festival de Brasília

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JOSÉ GERALDO COUTO
Enviado especial a Brasília

Os novatos voltam a dominar o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Se no ano passado a competição foi entre veteranos consagrados (Júlio Bressane, Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach, Maurício Capovilla, Sylvio Back, Sílvio Tendler), na 37ª edição do evento, que começa hoje e vai até o próximo dia 30, quatro dos seis longas concorrentes são assinados por estreantes.

Os únicos competidores deste ano que já tinham longas-metragens em seus currículos são Eduardo Coutinho e Toni Venturi. Todos os outros concorrentes fazem sua estréia no formato, uma espécie de batismo de fogo.

Para o coordenador do festival, Fernando Adolfo, a escolha desses seis longas, entre 28 inscritos, "reflete uma tendência da produção brasileira, o filme de baixo orçamento, que incentiva a nova geração a produzir".

Joel Pizzini concorda. "Brasília é um oásis do cinema independente e autoral", diz o diretor. Além de concorrer com o longa documental "500 Almas", Pizzini ministrará a oficina "O Roteiro no Documentário - Entre a Ficção e a Realidade" e verá a primeira exibição pública da nova cópia de "Terra em Transe", de Glauber Rocha, de cuja restauração ele participou, ao lado de Paloma Rocha, filha de Glauber.

Para Pizzini, a presença de documentários e filmes de ficção na mesma competição é uma característica positiva do festival. "O que conta é a experiência vivenciada pelo espectador. O gênero é uma questão secundária", diz ele, que qualifica sua fita como "um filme etnopoético" sobre a tribo dos guatós, que chegou a ser considerada extinta nos anos 60, antes de ser redescoberta por etnólogos e lingüistas.

O outro documentário concorrente é "Peões", de Eduardo Coutinho ("Cabra Marcado para Morrer"), que reconstitui a trajetória de ex-companheiros de Lula na vida operária e sindical.

Já Toni Venturi, que está na competição com o "drama psicológico-político" "Cabra Cega", considera problemática a disputa entre obras documentais e de ficção. "São chaves bem diferentes. Um trabalha com o registro da captação e o outro com o da representação."

Venturi declara-se ansioso para ver a reação da numerosa e calorosa platéia de Brasília ao seu filme, que conta o drama de um militante da guerrilha urbana ferido e confinado a um apartamento, onde é tratado por uma companheira de armas.

Entre os outros concorrentes, há "Diabo a Quatro", uma "comédia social delirante", na definição de sua diretora, Alice de Andrade, filha do grande Joaquim Pedro de Andrade.

A trama embaralha os destinos de dois homens e um menino --os três apaixonados pela mesma mulher.

Outra comédia urbana é "Bendito Fruto", de Sergio Goldemberg, que parte do caso verídico da explosão que lançou a tampa de um bueiro de gás sobre a capota de um táxi, no bairro carioca de Botafogo.

Por fim, "Cascalho", de Tuna Espinheira, tarimbado documentarista que estréia na ficção, é um drama social sobre mineradores da Chapada Diamantina.

Fernando Adolfo cita um dado que reflete o crescimento do cinema nacional: "Em 2003, realizamos o 1º Mercado Brasileiro, com a presença de 14 potenciais compradores estrangeiros, aos quais tínhamos a oferecer 190 títulos. Neste ano, o número de compradores estrangeiros subiu para 32, e o número de títulos, para 300, entre longas e curtas".

Segundo Adolfo, o orçamento do festival deste ano é de R$ 1,6 milhão. Desse total, R$ 400 mil são destinados aos prêmios (o melhor longa-metragem, por exemplo, ganha R$ 80 mil). São 250 convidados, todos ligados aos filmes ou a atividades do evento.

"Não apostamos no glamour e em estrelas, mas na qualidade dos filmes e do debate", diz ele, numa clara referência ao Festival de Gramado.

O jornalista José Geraldo Couto viaja a convite da organização do festival

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