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10/12/2004
-
19h35
MICHEL CASTEX
da France Presse, em Paris
A orquestra Lamoureux, por onde passaram os maiores solistas e diretores do mundo nos últimos 123 anos, decidiu pedir ajuda à prefeitura de Paris e ao Ministério da Cultura para sobreviver.
Se nada for feito rapidamente, a orquestra pode desaparecer depois do último concerto programado, no dia 30 de janeiro, às 17h, no Teatro de Champs Elysées, em Paris. Suas últimas notas seriam então as da 9ª Sinfonia de Beethoven, sob a batuta do diretor japonês Yutaka Sado, 43, "diretor principal convidado" da orquestra Lamoureux há 10 anos.
Ontem, Jean-Luc Caradec, delegado geral da orquestra, fez o enésimo pedido de socorro. "A resposta está nas mãos da prefeitura de Paris e do Ministério da Cultura. Devem nos dizer se aceitam conceder uma verba suficiente para continuarmos vivendo e para que uma orquestra de 123 anos, que se tornou patrimônio mundial da música, não desapareça", disse.
Até o momento, nem a Prefeitura de Paris nem o Ministério da Cultura responderam a este pedido. A orquestra, que se autofinancia em 53%, ou seja quatro a cinco vezes mais do que as grandes orquestras nacionais, obtém apenas 270 mil euros de verbas anuais, quando se avalia que precisaria de 900 mil euros.
Não se trata de soma absurda, segundo Jean-Louis Caradec, que destaca que a verba anual concedida a uma orquestra nacional permanente garantiria 50 anos de atividades da Lamoureux.
Esta orquestra fundada em 1881 por Charles Lamoureux, que revelou Wagner à França, conta com 101 músicos, a maior parte jovens --uma média de 32 anos-- e quatro funcionários administrativos permanentes. Apesar da escassa ajuda pública, consegue oferecer concertos a cinco euros para o público com menos de 25 anos.
A orquestra Lamoureux pode se orgulhar de ter contado com os melhores diretores convidados, talentos e divas: Richard Strauss, Pablo Casals, Marguerite Long, Clara Haskil, Otto Klemperer, Seiji Ozawa, Arthur Rubinstein, Igor Markevich, Ruggero Raimondi, Julia Migenes, Mstislav Rostropovich, Lorin Maazel, Lily Laskin, Plácido Domingo, Paul Badura-Skoda e Nikolai Luganski, entre outros.
Yutaka Sado, nomeado diretor musical da nova orquestra e da Ópera de Kobe (Japão) há cinco anos, abriu ainda mais o horizonte do Lamoureux, organizando encontros com artistas que não pertencem à musica clássica, como o cantor brasileiro Caetano Veloso e o violinista de jazz Didier Lockwood.
Lendária orquestra Lamoureux pode desaparecer por falta de verba
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da France Presse, em Paris
A orquestra Lamoureux, por onde passaram os maiores solistas e diretores do mundo nos últimos 123 anos, decidiu pedir ajuda à prefeitura de Paris e ao Ministério da Cultura para sobreviver.
Se nada for feito rapidamente, a orquestra pode desaparecer depois do último concerto programado, no dia 30 de janeiro, às 17h, no Teatro de Champs Elysées, em Paris. Suas últimas notas seriam então as da 9ª Sinfonia de Beethoven, sob a batuta do diretor japonês Yutaka Sado, 43, "diretor principal convidado" da orquestra Lamoureux há 10 anos.
Ontem, Jean-Luc Caradec, delegado geral da orquestra, fez o enésimo pedido de socorro. "A resposta está nas mãos da prefeitura de Paris e do Ministério da Cultura. Devem nos dizer se aceitam conceder uma verba suficiente para continuarmos vivendo e para que uma orquestra de 123 anos, que se tornou patrimônio mundial da música, não desapareça", disse.
Até o momento, nem a Prefeitura de Paris nem o Ministério da Cultura responderam a este pedido. A orquestra, que se autofinancia em 53%, ou seja quatro a cinco vezes mais do que as grandes orquestras nacionais, obtém apenas 270 mil euros de verbas anuais, quando se avalia que precisaria de 900 mil euros.
Não se trata de soma absurda, segundo Jean-Louis Caradec, que destaca que a verba anual concedida a uma orquestra nacional permanente garantiria 50 anos de atividades da Lamoureux.
Esta orquestra fundada em 1881 por Charles Lamoureux, que revelou Wagner à França, conta com 101 músicos, a maior parte jovens --uma média de 32 anos-- e quatro funcionários administrativos permanentes. Apesar da escassa ajuda pública, consegue oferecer concertos a cinco euros para o público com menos de 25 anos.
A orquestra Lamoureux pode se orgulhar de ter contado com os melhores diretores convidados, talentos e divas: Richard Strauss, Pablo Casals, Marguerite Long, Clara Haskil, Otto Klemperer, Seiji Ozawa, Arthur Rubinstein, Igor Markevich, Ruggero Raimondi, Julia Migenes, Mstislav Rostropovich, Lorin Maazel, Lily Laskin, Plácido Domingo, Paul Badura-Skoda e Nikolai Luganski, entre outros.
Yutaka Sado, nomeado diretor musical da nova orquestra e da Ópera de Kobe (Japão) há cinco anos, abriu ainda mais o horizonte do Lamoureux, organizando encontros com artistas que não pertencem à musica clássica, como o cantor brasileiro Caetano Veloso e o violinista de jazz Didier Lockwood.
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