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28/12/2004 - 17h19

Cinema latino-americano tem bom ano na França

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MARÍA CARMONA
da France Presse, em Paris

Durante muito tempo afastado das grandes telas e exibido apenas em festivais ou salas de arte, o cinema latino-americano ganhou espaço no exterior e teve um excelente ano na França, onde foram distribuídos 25 filmes de diretores da América Latina.

Um sucesso comercial apoiado por uma ampla presença nos grandes festivais internacionais e por um interesse crescente da crítica, que não pára de afirmar que a criatividade da cinematografia latino-americana é tão notável quanto suas limitações financeiras.

De janeiro a dezembro, não houve praticamente um mês em que não houvesse estréias de filmes latino-americanos nos cinemas franceses, tanto de ficção quanto documentários.

E os documentários latino-americanos se beneficiaram bastante do novo auge do gênero. O público francês pôde ver este ano nos cinemas "Condor, os Eixos do Mal", do argentino Rodrigo Vázquez, "Yo, Sor Alice", do argentino Alberto Marquandt, "Salvador Allende", do chileno Patricio Guzmán, e "Memorias del Saqueo", do argentino Fernando Solanas.

No que diz respeito a filmes de ficção, foi também a Argentina que liderou a lista de filmes distribuídos durante o ano nos cinemas franceses:

"O Filho da Noiva", de Juan José Campanella, "O Abraço Partido", de Daniel Burman, premiado no Festival de Berlim e candidata ao Oscar, "Silvia Prieto", de Martín Rejtman, "Ana y los Otros", de Celina Murga, "Los Muertos", de Lisandro Alonso, "La Niña Santa", de Lucrecia Martel, "Familia Rodante", de Pablo Trapero e "Kamchatka", de Marcelo Piñeyro.

Os cinéfilos franceses puderam apreciar também os filmes uruguaios "El Último Tren", de Diego Arsuaga, e "Whisky", de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, que continua sua carreira de sucessos internacionais e aspira ao Oscar.

Pelas salas francesas passaram também os filmes mexicanos "La Virgen de la Lujuria", de Arturo Ripstein, e "Nicotina", de Hugo Rodríguez, o brasileiro "Carandiru", de Hector Babenco, e o premiado "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, o peruano "Días de Santiago", de Josué Méndez, o cubano "Siete Días, Siete Noches", de Joel Cano, o chileno "Días de Campo", de Raúl Ruiz.

É necessário falar também sobre as produções americanas dirigidas por cineastas americanos, como "Las Mujeres de Verdad Tienen Curvas", da colombiana Patricia Cardoso, "21 Gramas", do mexicano Alejandro González Iñárritu, "Hellboy", de seu compatriota Guillermo del Toro, e "O Prisioneiro de Azkaban", um episódio da história de Harry Potter dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón.

Finalmente, como não citar "Maria Cheia de Graça", filme colombiano-americano, do diretor Joshua Marston, que conquistou o Grande Prêmio do Festival de Cinema de Deauville, o grande encontro do cinema americano na França e que valeu à sua protagonista, Catalina Sandino Moreno, um Urso de Prata em Berlim.

Os festivais desempenham um papel essencial na promoção do cinema latino-americano. Em sua edição 2004, o Festival de Cannes concedeu um espaço privilegiado aos filmes da América Latina.

Onze deles participaram de diferentes seções, inclusive da seleção oficial da competição: "La Niña Santa", de Lucrecia Martel, e "Diarios de Motocicleta", de Walter Salles. Quase todos foram distribuídas comercialmente na França este ano ou o serão no próximo ano.

Na premiação do Festival de Três Continentes de Nantes (oeste), dedicado aos cinemas da Ásia, América Latina e África, figuravam este ano dois filmes argentinos: 'Bombón el Perro", de Carlos Sorín, e "Una de Dos", de Alejo Taube.

Na França, dois festivais consagrados exclusivamente à América Latina serviram durante anos de trampolim para o cinema da região: Festival de Toulouse (sul) e o de Biarritz (sudoeste).

O primeiro, além do prestígio de sua escolha, organiza com o de San Sebastián (norte da Espanha), a operação "Cinema em Construção", que permite que jovens cineastas possam terminar seus filmes.

No que diz respeito ao Festival de Biarritz, atravessou nos últimos anos uma crise que colocou sua existência em perigo. Hoje, este perigo foi superado.

Seu novo delegado geral, Marc Bonduel, nomeado no dia 3 de outubro passado, declarou ontem que a preparação da edição 2005 (26 de setembro-2 de outubro) já está avançando.

"O festival vai continuar. Aceitei me ocupar deste acontecimento não apenas para dar continuidade a ele, mas reforçá-lo", disse, informando que "o objetivo principal é descobrir jovens talentos. Haverá a seleção oficial de longas-metragens, mas nos propomos também a abrir um espaço especial para curtas-metragens".

"Contamos em realizar o festival dos cineastas, mas também dos produtores, dos distribuidores e de outros profissionais, para que os jovens diretores encontrem o apoio necessário para desenvolver seus projetos", acrescentou.

Uma boa notícia então para o cinema latino-americano, cuja boa onda, comi diria Walter Salles, não termina com o ano. Na França, estão anunciadas para 2005 as estréias de "Machuca", do chileno Andrés Wood (selecionada na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes e candidata a um Oscar), de Buena Vida, do argentino Leonardo di Cesare (que recebeu o principal prêmio do Festival de Toulouse) e "El Cielito", da argentina María Victoria Menis.
 

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