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13/01/2005 - 11h15

Renato Aragão faz 70 anos com plano de lançar dois filmes por ano

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MARIA RITA TEIXEIRA
do Agora

É difícil separar Renato Aragão de Didi Mocó. Aos 70 anos, o humorista fala e brinca como o personagem criado há 45 anos --e não liga de ser chamado pelo nome errado. "Ninguém me chama de Antônio [seu primeiro nome], e só os mais íntimos me chamam de Renato." Antes de seu aniversário, comemorado hoje, faz piada e não fala de idade. "Pule o assunto. Isso é cruel. Ainda não fiz 70 anos. Quando fizer, conto como é." Mas não poupa comentários sobre sua vida.

Agora - Quando você pensou em entrar para o mundo artístico?

Renato Aragão - Aos 14 anos, via os filmes do Oscarito e pensava em ser artista. Vi mais de 15 vezes "Carnaval no Fogo" e "Aviso aos Navegantes". Mas fui trabalhar em banco e fazer faculdade de direito.

Agora - E como entrou para a TV?

Aragão - Estava na faculdade. Abriu a TV Ceará e me inscrevi para a seleção. Eram 25 inscritos para cinco vagas na emissora. Fizemos um mês de curso para aprender tudo.

Agora - Foi como um vestibular?

Aragão - Foi pior. Não tinha livros, só um professor ensinava a fazer roteiro, atuar, produzir e dirigir. Ninguém sabia nada de TV. Quem foi bem no curso ficou. Fui um desses.

Agora - O que você fazia na TV?

Aragão - Escrevia, dirigia e atuava. Como não existia videotape, não sobrou nada das gravações. Eu não me via na tela. Não tinha TV em casa, e, como era ao vivo, não podia me ver.

Agora - O Didi já existia?

Aragão - Sim. Fazendo o roteiro, escrevi: "Sobe a escada, e Renato cai". Pensei: "Que Renato? Assim não dá. Precisa ter outro nome". Veio o nome Didi, que é fácil de falar. É bom para as crianças, mas não foi proposital.

Agora - Como é ser chamado de Didi?

Aragão - No começo, achava estranho. Hoje, acho maravilhoso, porque mostra a força do personagem que se sobrepõe à do ator.

Agora - Quando saiu da TV Ceará?

Aragão - Fiquei dois anos e meio lá e vim para o Rio. Conheci Dedé e Mussum, e, com a entrada de Zacarias, fomos fazer "Os Trapalhões".

Agora - Por que o programa acabou?

Aragão - Os Trapalhões faziam bagunça aqui na Terra, aí o Homem lá de cima chamou dois deles. Não fazia sentido continuar sem Mussum nem Zacarias. Achava que já tinha feito a minha parte.

Agora - E por que voltou à TV?

Aragão - Fiz "O Noviço Rebelde", levamos 1,5 milhão de pessoas ao cinema, e vi que ainda gostavam do Didi. Quis voltar à TV, mas não podia fazer "Os Trapalhões" porque tinha uma reprise no ar. Pediram um programa sobre Didi e seus amigos, e surgiu "A Turma do Didi".

Agora - Algum dia você pensou que fosse fazer tanto sucesso?

Aragão - Nunca. Quando entrei na TV Ceará, queria ficar lá. Chegar ao Rio já era muito. Fazer sucesso no Rio seria demais. Consegui isso e me mantive assim. Uma coisa é fazer sucesso, outra é ficar tanto tempo no ar. Para isso, tem de melhorar sempre.

Agora - Quais seus planos agora?

Aragão - Ficar na TV e voltar a fazer dois filmes por ano. Estou fazendo "Didi na Terra dos Fantamas", para julho. O público dirá quando eu estiver incomodando. Aí, eu paro.

Agora - Como avalia sua atuação no "Criança Esperança"?

Aragão - Depois da estréia, a Unicef me chamou para ser embaixador da entidade no país. Não aceitei, não tinha tempo. Aí, fizeram o convite ao vivo, e não pude recusar. São mais de 4.000 projetos beneficiados.

Agora - Foi marcante sua subida no Cristo Redentor. Como foi isso?

Aragão - Foi uma loucura, mas já estou curado disso. Em sã consciência, não teria feito aquilo. Beijando a mão do Cristo, queria agradecer por tudo o que consegui. E queria chamar a atenção para as doações do "Criança Esperança".

Agora - Como você conquista as crianças?

Aragão - Devolvendo o carinho que me dão. Dizem que eu poderia ensinar algo, mas Didi não é professor, é cúmplice. Crianças já têm professores e pais para ensiná-las.

Agora - Mas a TV tem potencial educativo. Por que não usá-lo?

Aragão - Porque quero entreter. Se começar a ensinar, a criança vai fugir. Elas não querem aprender na TV, querem colorido, brincadeira.

Agora - Você é ligado em futebol? Torce para qual time?

Aragão - Torço para o Vasco no Rio. Mas sou um torcedor freelancer. Em São Paulo, aceito sugestões.

Agora - Qual seu prato preferido?

Aragão - Não tenho isso. Há quem coma para se deliciar, eu como para sobreviver. Não como carne nem fritura. Espero o dia em que vai ter pílulas de refeição. Tomaria duas no café, três no almoço e uma no jantar.

Agora - Qual o seu melhor amigo?

Aragão - O público. Não posso dizer que meu melhor amigo é um colega ou vizinho, se recebo tanto carinho do público.

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