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10/02/2005 - 19h35

Leia críticas de "Menina de Ouro", "O Aviador" e de mais 20 filmes em cartaz

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Abaixo o leitor tem uma lista com pequenas críticas de 22 filmes em cartaz nos cinemas. Entre eles estão os grandes destaques do final de semana: "O Aviador" e "Menina de Ouro" --ambos candidatos ao Oscar de Melhor Filme e que estréiam nesta sexta-feira.

As "minicríticas" são feitas a partir do ponto de vista de um espectador comum. Como toda crítica, é uma avaliação subjetiva, baseada no gosto pessoal e na quantidade disponível de informação da reportagem, que assistiu a todos os filmes. Mas serve como sugestão sobre o que vale a pena (ou não) assistir neste final de semana.




Menina de Ouro ("Million Dollar Baby") - Prepare-se para um dos filmes mais poderosos de todos os tempos. São 137 minutos de cinema do mais alto nível em todos os quesitos, exceto a trilha sonora --quase ausente. Mas talvez tenha sido essa a idéia do diretor, que optou por preencher todos os espaços com roteiro, texto, fotografia, elenco. E com muita elegância. Clint Eastwood transformou uma trama aparentemente comum (a velha história de uma esportista pobre, mas determinada) em uma linda (porém dolorosa) obra de arte. Se a Academia for realmente uma entidade justa, pode embrulhar a estatueta e mandar entregar na casa de Hilary Swank. Porque o Oscar é dela.

O Aviador ("The Aviator") - A história dos EUA é pródiga em personagens fascinantes. Pouco antes do final da Primeira Guerra os holofotes se voltaram para um milionário chamado Howard Hughes --uma mistura de cineasta, mecânico, gênio e louco. É um material humano e tanto para o diretor Martin Scorsese, que se concentra no mito Hughes e ainda dá grande destaque para sua importância na engenharia aeronáutica (só as histórias dos aviões Constellation e Hercules dariam mais dois filmes). O público se surpreende com Leonardo DiCaprio e compreende porque ele foi indicado ao Oscar. Sua atuação é fantástica. Mas infelizmente ele concorrerá com Jamie Foxx, de "Ray". Por outro lado, o cuidado de Scorsese na obra é tão grande, e ele foi tão detalhista na reconstituição daquela época que, aqui também, se houver justiça, o Oscar é dele. Isso se não levar o de Melhor Filme também.

Ray (idem) - Não seria pecado dizer que Ray Charles está para a música e para a indústria fonográfica como Howard Hughes está para a aviação. Ambos ficaram ricos com seus dons de criar e encantar o público (ou clientes). Enquanto Hughes foi abatido pelo TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), Ray foi derrubado pela cegueira. Se Hughes foi perseguido pela Pan Am. Charles o foi pelos "amigos-parasitas". O aviador enfrentou a doença trancado numa sala com películas de cinema, o pianista optou pela companhia de seringas e da heroína. O filme mostra ainda como Ray Charles Robinson foi o primeiro músico contemporâneo a exigir da gravadora a propriedade das fitas "master" (leia-se ser dono da própria obra gravada). Ele sabia que, ao ter os direitos autorais, tinha o domínio sobre a própria arte. Aliás, essa "técnica" comercial já era praticada por um outro pianista deficiente em 1795, em Viena: um alemão meio surdo chamado Ludwig van Beethoven. Bem, o fato é que tudo isso está em "Ray", um filme inesquecível, com Jamie Foxx --o provável vencedor do Oscar de Melhor Ator.

Mar Adentro (idem) - Outro concorrente ao Oscar (Melhor Filme Estrangeiro e Maquiagem), tem pré-estréia em vários cinemas nesta sexta e sábado. E vale a pena se antecipar ao grande circuito. O astro (além dos maquiadores, cujo trabalho é sensacional) é o ator Javier Bardem, que consegue dissolver o pesado tema da eutanásia com o delicado (e, claro, mórbido) senso de humor do verídico personagem entrevado Ramón Sampedro.

Machuca (idem) - O filme é tão bom, a história é tão linda, a trilha sonora é tão bacana e os personagens são tão cativantes que simplesmente não dá para entender porque o público foi submetido a uma desagradável "overdose" de propagandas de "Machuca" nos cinemas (especialmente no Arteplex Frei Caneca, no Espaço Unibanco e no CineDirecTV). Foram meses e mais meses de agressiva e incômoda promoção desse (ótimo) filme antes de sua estréia. Fica aqui uma sugestão aos seus distribuidores e promotores: se o produto for bom, não sejam chatos.

Sideways - Entre Umas e Outras (Sideways) - Mais uma história prosaica (dois amigos "tramando" uma despedida de solteiro) que tinha tudo para ser lugar-comum no cinema, mas acabou transformada em comédia leve, agradável e com texto muito acima da média. Méritos para: 1) direção de Alexander Payne que, aliás, concorre ao Oscar mas não o leva de jeito nenhum; 2) talento de Thomas Haden Church (mais conhecido no Brasil como o hilário e cabeçudo Lowell, do seriado "Wings", da Sony);
3) carisma de Paul Giamatti, que faz magistralmente o tipo "não tenho mais esperança na vida" (e que, aliás, já fez algo assim em "Anti-Herói Americano"). Um filme que vale a pena pagar pelo ingresso.

Contra a Parede ("Gegen Die Wand") - O chamado filme-pancada trata sobre o grave problema social dos imigrantes turcos na Alemanha (mesmo os legalizados), que sofrem com a falta de emprego, a não-integração à cultura e a violência. Tudo isso misturado a uma história de amor pesado, e mais uma trilha sonora espetacular (talvez a melhor em "cartaz" nos cinemas). Se você gostou do recente "Lilya 4ever", vá correndo. Se gosta de rock, ao menos compre o CD. Se e quando sair.

Closer - Perto Demais ("Closer") - Os melhores diálogos do cinema atual estão nesse filme, que concorre ao Oscar de Ator Coadjuvante (Clive Owen) e Atriz Coadjuvante (Natalie Portman). Não é à toa: porque os dois engolem as duas estrelas do filme, Julia Roberts e Jude Law.

Nossa Música ("Notre Musique") - Uma obra dividida em três "tomos", sendo que o primeiro tem uma tal quantidade de imagens, e em uma tal velocidade, que o espectador acaba inundado por informações. Elas passam a ser o pano de fundo de memória das segunda e terceira partes, mais lentas, que mostram a Sarajevo pós-guerra e o próprio diretor, Jean-Luc Godard, como personagem. É um filme de reflexão. Se você quer apenas diversão no cinema, fuja.

Sobre Café e Cigarros ("Coffee and Cigarettes") - O filme do "endeusado" Jim Jarmusch é uma série de 11 quadros com gente comum jogando conversa fora, fumando um cigarro atrás do outro e bebendo café. Parece pouco? Não é. Os diálogos são muito inteligentes, a fotografia crua é hipnotizante e ainda há alguns "presentes" para os cinéfilos, como ótimas interpretações de Cate Blanchett, Iggy Pop e Tom Waits e outros. Só é duro mesmo agüentar Roberto Benigni, um dos atores mais afetados de todos os tempos. Em tempo: se você é fumante, sairá do cinema sedento por um cigarrinho. É batata.

Código 46 ("Code 46") - Mais um trabalho inteligente de Michael Winterbottom em co-produção da BBC. Tim Robbins é um show à parte. Para quem gosta de ficção, mas não excessivamente científica, é uma ótima alternativa. Aproveite porque pode sair de cartaz na próxima semana.

Dupla Confusão ("Tais-Toi") - Acreditamos que é um pouco injusto que esse filme receba duas "estrelinhas" da maioria dos críticos. Vá lá. Merece três estrelinhas. É uma comédia de bom nível, com diálogos bem construídos e o espectador se deleita com a química entre o rabugento Ruby (Jean Reno) e o abilolado Quentin (Gérard Depardieu). Pode ir ver tranqüilamente, com toda a família.

Em Busca da Terra do Nunca ("Finding Neverland") - Como vocês sabem, uma história envolvendo crianças sem pai, uma megera e um escritor bem-intencionado que quer ajudar os pobrezinhos teria tudo para se tornar um grande dramalhão. E se torna! E ainda por cima foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Ator (Johnny Depp? Não!) Se você vai às lágrimas com facilidade, leve uma caixa de lenços porque há uma apelação sentimental do começo ao fim. Para ser mais exato, no fim a apelação é além da conta. Um filme com "moral". Só não sabemos se é uma verdadeira moral.

Ágata e a Tempestade ("Agata e la Tempesta") - Uma comédia romântica e doce de Silvio Soldini, onde uma quarentona e seu irmão enfrentam uma grave descoberta familiar. Há longas tomadas e closes nas expressões do elenco e muita graça na sincronicidade entre os fatos e sentimentos de Agata (Licia Maglietta) e alguns fenômenos elétricos. Mas é um pouco lento.

Elektra (idem) - Ok, cinema também é diversão e esta aqui é de alto nível. Além dos efeitos especiais fantásticos, temos a não menos fantástica Jennifer Garner em performance acima de qualquer suspeita --mesmo para os críticos mais resmungões. Se você assistiu "Demolidor", melhor ainda, porque terá a oportunidade de acompanhar em parte a origem da personagem. Adolescentes saem do cinema vibrando. É provavelmente o "efeito Jennifer".

Desventuras em Série ("Lemony Snicket's A Series of Unfortunate Events") - Toda a boa impressão que Jim Carrey deixou em "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" vai por água abaixo nesse novo filme. De novo a mesma ladainha: baseado em contos infantis aqui temos crianças órfãs, um vilão cheio de caras, bocas e truques, um amigo-tutor pateta e 108 minutos de falta de criatividade. Está indicado ao Oscar em três categorias "menores" (trilha, maquiagem e figurino), mas queira Deus que não leve em nenhuma para não incentivar coisas parecidas.

Novo (idem) - Depois de "Efeito Borboleta" e "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", acreditamos que ninguém mais está muito disposto a aturar filmes sobre gente com problemas de memória, com "pitadas" de drama amoroso. É o caso desta obra de Jean-Pierre Limosin, que não mostra a que veio. Cansativo, embora curto (97 minutos).

Entrando Numa Fria Maior ainda ("Meet the Fockers") - Diante de um elenco que tem De Niro, Hoffman e Streisand, uma só palavra resume tudo: decepção. Uma comédia que não faz rir, pares mal escolhidos e um texto medíocre. A propósito, até quando vamos agüentar piadas sobre circuncisão em Hollywood? E quando Ben Stiller será banido das telas por absoluta falta de graça? Filme fraco. Poupem seu dinheiro.

A Lenda do Tesouro Perdido ("National Treasure") - Para quem gosta de teorias conspiratórias maçônicas, Iluminatis e do Nicolas Cage eis um prato cheio. Para quem acha tudo isso uma enorme baboseira, é melhor não passar perto dos três cinemas paulistanos que estão exibindo o filme. Para a garotada, vale a pena porque tem muita ação e um enredo até que razoável. E com direito a final "iluminado". E não é trocadilho.

Bob Esponja, o Filme" ("The SpongeBob SquarePants Movie") - Mesmo que você nunca tenha visto o desenho na TV, pode ir tranqüilamente porque é diversão garantida. A história de Bob, rei da baixa auto-estima dos desenhos animados, e cujo maior sonho é ser promovido a gerente de uma espécie de McDonald's marinho, vai agradar a todas as idades.

Volta ao Mundo em 80 dias ("Around The World in 80 Days") - Acreditamos ser injusta a "bolinha preta" que alguns críticos dão a esse filme. Deve ser antipatia crônica do Jackie Chan, que nem é tão desagradável assim. Embora seja uma "releitura" (argh!) adolescente da obra de Julio Verne, só a fotografia e as locações já valeriam o ingresso. Fora isso, tem a sempre criativa coreografia das lutas de Chan (que adora usar objetos como panelas, malas, caixas, mesas etc.)

Alexandre ("Alexander") - Incrível que alguém tenha dado milhões e milhões de dólares para Oliver Stone quase transformar o líder macedônio num drag-queen. Ok, temos uma fotografia linda, aquela visão apoteótica da Babilônia, os elefantes na Índia... Mas precisavam colocar o Vangelis na trilha sonora? Deus do céu...

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