18/02/2005 - 13h42

Muniz deixa a Globo e diz que novelas da emissora são previsíveis

KARINA KLINGER
da Folha Online

Depois de três décadas fazendo novelas e minisséries para a Globo, o autor Lauro César Muniz, 67, deve trocar de casa. O escritor recebeu proposta da Record para fazer novelas às 21h, novo horário que a emissora pretende ocupar com produções de teledramaturgia.

Divulgação

Lauro César Muniz

"Achei a proposta boa, não somente pelo valor do contrato mas também pelo horário, posso fazer uma novela bastante adulta", confirmou o autor, responsável por sucessos globais como "Escalada" (1975), "Roda de Fogo" (1986), "Chiquinha Gonzaga" (1999), "O Salvador da Pátria" (1989), "Aquarela do Brasil" (2000), entre outros.

Descontente por estar há quatro anos parado e não ter nenhum de seus projetos aprovados pela Globo, Muniz disse que se sentiu "congelado". "Tive dificuldade para colocar algo no ar nos últimos tempos. Parece que nada agradava. Tinha um projeto sobre a vida de Castro Alves maravilhoso, mas não consigo entender porque não aceitaram", desabafa.

"Quero trabalhar. Não quero ficar em casa assistindo TV", acrescentou o autor.

Segundo Muniz, como o convite para mudar de emissora aconteceu na semana passada, ainda não existe nenhum projeto em vista. Ele só adianta que certamente irá fazer algo diferente do que as novelas de hoje fazem.

"As novelas atuais não correm risco. Com exceção para a trama de Aguinaldo Silva, "Senhora do Destino", o resto não inova. É tudo previsível para que o público aceite a trama da maneira mais fácil. Por exemplo, os personagens são sempre ou do bem ou do mal, eles não possuem manchas. Algo que era muito comum nas novelas dos anos 70, 80 e 90", reclamou.

Outra novidade da vida do autor é que, neste ano, será lançada a sua biografia intitulada "Lauro César Muniz Solta o Verbo", do escritor Hersch Basbaum. A obra está em fase final de edição.

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