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24/02/2005 - 13h33

"Fahrenheit" e "A Paixão de Cristo" são os grandes ausentes do Oscar

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da France Presse, em Los Angeles

Dois dos maiores sucessos do cinema do ano passado, "Fahrenheit 11 de Setembro", o documentário contra o presidente George W. Bush do cineasta Michael Moore, e "A Paixão de Cristo", o longa-metragem de Mel Gibson que conta as últimas horas de vida de Jesus Cristo, serão os grandes ausentes na cerimônia de entrega do Oscar, neste domingo.

Os dois filmes, que provocaram grande polêmica na mídia e geraram receitas extraordinárias, não conseguiram seduzir os 5.800 membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que os deixaram de fora da disputa.

"Não me surpreende que 'A Paixão de Cristo' tenha ficado de fora: apanhou de 60% dos críticos norte-americanos mais respeitados; o consenso ficou bastante claro", disse Tom O' Neil, especialista em cinema radicado em Hollywood.

"Mas, sobretudo Mel Gibson se negou a fazer campanha para o filme, algo que ele --como ganhador de um Oscar, em 1995, com 'Coração Valente'-- sabe de sobra como fazer para que o filme seja considerado", acrescentou.

Resta a "A Paixão de Cristo", filme acusado de violento e anti-semita, se conformar em concorrer em três categorias técnicas: melhor fotografia, maquiagem e música original.

"No caso de 'Fahrenheit 11 de Setembro', a surpresa foi maior", disse O'Neil, para depois alfinetar: "Eu acho que a Hollywood progressista se negou a considerar o filme, pois não quer se lembrar do gosto amargo que representou a vitória de Bush nas últimas eleições. Não quer pensar em tragédia numa noite de festa".

Ao contrário de Gibson, Moore fez campanha para que o longa-metragem, no qual critica duramente o presidente americano e a guerra no Iraque, estivesse na disputa na categoria mais disputada, a de melhor filme.

No ano passado, ele retirou o documentário da lista de melhor documentário para que pudesse ser considerado na lista de melhor filme, indicação que não conseguiu, apesar de ter sido premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em maio, e de se tornar um dos maiores sucessos de bilheteria de 2004.

"Foi um erro de estratégia do próprio Moore. Se ele tivesse deixado que o filme competisse na categoria de melhor documentário, levaria a estatueta dourada no domingo", afirmou O'Neil. "Mas não aconteceu assim e ele jogou o tudo ou nada. Para que o documentário fosse indicado, Bush deveria ter sido derrotado nas eleições passadas", acrescentou.

Polêmica

O ator e diretor Mel Gibson explicou a negativa de fazer campanha por seu filme por acreditar que sua obra deve competir somente por suas qualidades artísticas.

"A Paixão de Cristo" foi condenado por líderes religiosos judeus por considerá-la anti-semita, mas foi celebrado por muitos católicos tradicionais que o definiram como o melhor testemunho sobre as últimas 12 horas de vida de Cristo.

O filme foi financiado pelo próprio Gibson, que pagou do próprio bolso os 30 milhões de dólares de custo, depois que vários produtores se negaram a dar dinheiro para rodar um filme sobre um tema religioso e, ainda por cima, controverso.

Mas a polêmica não fez mais que ajudar o filme a alcançar valores astronômicos nos Estados Unidos e no resto do mundo. Desde a sua estréia, há exatamente um ano, o filme arrecadou mais de US$ 611 milhões.

O documentário de Michael Moore, acusado de panfletário e mentiroso pelos conservadores republicanos que apóiam o presidente Bush, se tornou um instrumento importante durante a campanha para as eleições presidenciais americanas de 2 de novembro. Moore esperava que seu filme impulsionasse os americanos a não votar em Bush.

A gigante da mídia, Walt Disney Corp., se negou a distribuir o filme e vendeu os direitos aos donos dos estúdios Miramax, Harvey e Bob Weinstein, que obtiveram altos lucros.

O filme, que estreou em junho passado e custou US$ 6 milhões, arrecadou mais de US$ 222 milhões, o que transformou este documentário no mais lucrativo da história.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o filme "Fahrenheit 11 de Setembro"
  • Leia o que já foi publicado sobre o filme "A Paixão de Cristo"
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