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01/03/2005 - 08h35

Saiba mais sobre Qorpo Santo

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da Folha Online

José Joaquim de Campos Leão nasceu em 1829, na Vila do Triunfo, Rio Grande do Sul. Sua vida transcorre normal, habilitando-se para o magistério até chegar aos 30 anos, quando se acreditou santo e resolveu adotar o pseudônimo de Qorpo Santo.

Em 1851 cria um grupo dramático. Enfrentou processo movido por sua própria esposa, Inácia de Campos Leão, que em 1862, pediu a interdição judicial dos bens do marido, alegando insanidade mental, o que o fez perder seus direitos civis e bens.

Começa, então, a escrever compulsivamente --Qorpo Santo produzia peças em duas horas-- os textos que vão compor os nove volumes de "Ensiqlopédia". Em 1873, sofre as primeiras perseguições por suas idéias, publicadas em alguns jornais locais. Também nessa época, o escritor sente os primeiros sintomas de problemas respiratórios. Mesmo assim, não interrompe a escrita --o planejamento, sem ser rigoroso, apresenta divisões não muito nítidas, alternando texto em prosa e em verso. É o período em que desenvolve as peças de teatro, com suas características transgressoras e de vanguarda.

Santo tinha necessidade de falar de seu ofício, além de revelar suas influências, desde as peças encenadas em circos até as operetas apresentadas por companhias italianas, em Porto Alegre. Depois de publicar todos seus textos na própria tipografia, entregou os únicos exemplares de cada um dos nove volumes a um amigo comerciante. Os livros ficaram na biblioteca desta família até que foram vendidos para sebos e sumiram, até a redescoberta promovida pelo estudioso Guilhermino César, que organizou a primeira edição das peças teatrais, em 1969. Tuberculoso, o escritor faleceu aos 53 anos em Porto Alegre.

Estética

Qorpo Santo é tomado por muitos acadêmicos como o precursor do teatro do absurdo, antecedendo Alfred Jarry. Um dos argumentos é a presença das divagações dos chamados "fluxos de consciência", método que aparece no surrealismo do início do século 20 como "automatismo psíquico puro". A enxurrada de palavras aparece em diferentes produções literárias, entre as quais "As Relações Naturais", onde se faz muito presente elementos do absurdo.

Seus textos são de uma lógica impecável, que subverte padrões. Os poemas somam-se ao teatro, pois têm a mesma linha de intenção de retratar o cotidiano com um espírito cômico, satírico. A obra de Santo acrescenta à poesia brasileira um estilo novo, em que assuntos triviais e nonsense --adotados depois pelos modernistas --dominam os temas, o que contraria as convenções estéticas do romantismo do século 19.

O escritor inovou também ao propor uma reforma ortográfica da língua: em sua poesia, a letra "c", por exemplo, deixa de ter o som de "q". O cruzamento de línguas e culturas que sempre ocorreu no Sul foi fundamental em suas inovações vocabulares e também no uso do português castiço, em que mistura o erudito com o popular.

Obra:
Certa identidade em busca de outra
Eu sou vida eu não sou morte
Um credor da Fazenda Nacional
As relações naturais
Hoje sou um; e amanhã sou outro
Um assovio
Um parto
Hóspede Atrevido ou O brilhante Escondido
A Impossibilidade da Santificação ou A Santificação Transformada
Dois Irmãos
A Separação de Dois Esposos
Mateus e Mateusa
La
Lanterna de Fogo
Marinheiro Escritor
Marido Extremoso

Especial
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