Publicidade
Publicidade
04/03/2005
-
14h48
KARINA KLINGER
da Folha Online
À primeira vista, "Treze Contos Diabólicos e um Angélico" (editora Planeta), o 52º livro de Frei Betto, revela uma acidez que o leitor mais crítico associaria a passagem do intelectual pelo mundo da política, afinal o escritor chegou a ser assessor direto do presidente Lula, seu amigo pessoal.
Porém como os textos nasceram há cinco anos, sendo que dois deles são ainda mais antigos --"Egg" e "Viagem do Inconsciente à Loucura de uma Noite de Núpcias" foram gerados na década de 70-- a obra é prova viva de que o senso crítico desse brasileiro soa tão atemporal quanto a política. A diferença é que a crítica de Frei Betto é construtiva, enquanto a política continua imutável, ignorando o tempo.
Protagonista dos 13 contos, o diabo do livro não é aquele ser temido retratado nas telas dos pintores renascentistas, mas a maldade personificada que nem todos, felizmente ou por sorte apenas, conseguem reconhecer. Com uma linguagem simples, a leitura que flui rápido ainda questiona o que as pessoas realmente classificam com ruindade. E mais: será que dormimos sempre ao lado de pelo menos um inimigo?
"O Hóspede" texto que abre a obra, por exemplo, brinca com a idéia de que o diabo pode estar personificado como se fosse um espelho da alma de quem o vê. "O Chefe" é outro conto que faz boa parte dos leitores se identificar com o dilema que o protagonista vive. O mesmo acontece com "O Congresso", uma crítica ao próprio universo literário.
Já "Domingo de Ressurreição no Minas Tênis Clube", a única história angelical, mostra que por trás das grandes tragédias é possível enxergar o consolo, basta apenas acreditar em algo maior.
Para explicar o tema, o escritor mineiro é sucinto: "Trato de paradigmas universais que todos temos. Para mim, o livro foi uma forma de auto-exorcismo. Faz parte das confidência que até hoje ouvi, um pedaço da alma humana, o olho do próprio leitor".
Além do mais, diz o intelectual, "não se faz ficção como recurso de mensagem política". "O governo não é nem inferno, nem céu. É purgatório."
A passagem pela Planalto lhe proporcionou duas verdades. "Até gostei da experiência, mas descobri que não tenho vocação", diz. "Agora eu entendo melhor Shakespeare e aposto que ele foi funcionário do Palácio", acrescenta.
Apesar de achar que o país está em boas mãos, com Lula na liderança, Frei Beto admite problemas na gestão atual. "Acho que o governo ainda vive um impasse entre uma política econômica ortodoxa e uma política social mais ousada", diz. Em outras palavras, o intelectual declara que ainda falta muito a se fazer na área social.
Além da nova obra, Frei Betto está lançando mais um livro de culinária infantil, "Saborosa Viagem pelo Brasil", que ensina os pequenos a cozinharem pratos de diferentes regiões do país. E mais, os fãs do autor podem se preparar, pois duas de suas obras se transformaram em filme: "Batismo de Sangue" e "Até o Brasil".
O lançamento acontece neste mês em São Paulo e Brasília. Dia 14 no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo; às 19h. No dia seguinte, no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, em Brasília (DF), também às 19h.
Novo livro de Frei Betto mostra os disfarces do diabo nas pessoas
Publicidade
da Folha Online
À primeira vista, "Treze Contos Diabólicos e um Angélico" (editora Planeta), o 52º livro de Frei Betto, revela uma acidez que o leitor mais crítico associaria a passagem do intelectual pelo mundo da política, afinal o escritor chegou a ser assessor direto do presidente Lula, seu amigo pessoal.
Porém como os textos nasceram há cinco anos, sendo que dois deles são ainda mais antigos --"Egg" e "Viagem do Inconsciente à Loucura de uma Noite de Núpcias" foram gerados na década de 70-- a obra é prova viva de que o senso crítico desse brasileiro soa tão atemporal quanto a política. A diferença é que a crítica de Frei Betto é construtiva, enquanto a política continua imutável, ignorando o tempo.
Protagonista dos 13 contos, o diabo do livro não é aquele ser temido retratado nas telas dos pintores renascentistas, mas a maldade personificada que nem todos, felizmente ou por sorte apenas, conseguem reconhecer. Com uma linguagem simples, a leitura que flui rápido ainda questiona o que as pessoas realmente classificam com ruindade. E mais: será que dormimos sempre ao lado de pelo menos um inimigo?
"O Hóspede" texto que abre a obra, por exemplo, brinca com a idéia de que o diabo pode estar personificado como se fosse um espelho da alma de quem o vê. "O Chefe" é outro conto que faz boa parte dos leitores se identificar com o dilema que o protagonista vive. O mesmo acontece com "O Congresso", uma crítica ao próprio universo literário.
Já "Domingo de Ressurreição no Minas Tênis Clube", a única história angelical, mostra que por trás das grandes tragédias é possível enxergar o consolo, basta apenas acreditar em algo maior.
Para explicar o tema, o escritor mineiro é sucinto: "Trato de paradigmas universais que todos temos. Para mim, o livro foi uma forma de auto-exorcismo. Faz parte das confidência que até hoje ouvi, um pedaço da alma humana, o olho do próprio leitor".
Além do mais, diz o intelectual, "não se faz ficção como recurso de mensagem política". "O governo não é nem inferno, nem céu. É purgatório."
A passagem pela Planalto lhe proporcionou duas verdades. "Até gostei da experiência, mas descobri que não tenho vocação", diz. "Agora eu entendo melhor Shakespeare e aposto que ele foi funcionário do Palácio", acrescenta.
Apesar de achar que o país está em boas mãos, com Lula na liderança, Frei Beto admite problemas na gestão atual. "Acho que o governo ainda vive um impasse entre uma política econômica ortodoxa e uma política social mais ousada", diz. Em outras palavras, o intelectual declara que ainda falta muito a se fazer na área social.
Além da nova obra, Frei Betto está lançando mais um livro de culinária infantil, "Saborosa Viagem pelo Brasil", que ensina os pequenos a cozinharem pratos de diferentes regiões do país. E mais, os fãs do autor podem se preparar, pois duas de suas obras se transformaram em filme: "Batismo de Sangue" e "Até o Brasil".
O lançamento acontece neste mês em São Paulo e Brasília. Dia 14 no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo; às 19h. No dia seguinte, no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, em Brasília (DF), também às 19h.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice