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15/03/2005
-
16h14
GUILHERME GORGULHO
da Folha Online
Um olhar para o futuro e outro para o passado. É assim que o festival de documentários É Tudo Verdade comemora uma década em 2005, em um clima de balanço histórico, mas assumindo também um papel de vitrine para novas linguagens dentro do gênero documental.
A décima edição do evento vai ocupar sete salas em São Paulo (29 de março a 10 de abril) e quatro no Rio (31 de março a 10 de abril) exibindo produções de longa, média e curta-metragem de diversas partes do mundo, com uma programação que inclui duas competições --internacional e a nacional-- e uma mostra informativa.
Uma retrospectiva com os vencedores das edições anteriores é um dos principais destaques da mostra, reunindo 17 títulos premiados, desde "O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes" (1997), de Toni Venturini, até "A Alma do Osso" (2004), de Cao Guimarães.
"Nestes dez anos, a cultura do documentário se desenvolveu extraordinariamente. Este é o melhor momento do documentário no Brasil, e uma das razões disso é a abertura de espaços que apostam no audiovisual brasileiro, como o CCBB [Centro Cultural Banco do Brasil]", afirmou hoje o diretor do festival e crítico de cinema Amir Labaki, em coletiva no CCBB da capital paulista.
Neste ano, o É Tudo Verdade --que passou de 75 filmes em 2004 para 133 em 2005-- vai promover uma revisão da obra de dois mestres do documentário com homenagens. O americano Robert Drew, autor de "Faces de Novembro" (1964) e "Primárias" (1960), terá oito de seus filmes exibidos, enquanto que a carreira do argentino Fernando Birri, que completou 80 anos no último domingo (13), será lembrada em dois documentários, "Jogue Uma Moeda/Tire Dié" (1959) e "Che: Morte da Utopia?" (1997).
O saudosismo, no entanto, não deve ser o mote principal que permeará o evento em sua décima edição. Pela primeira vez, o É Tudo Verdade vai abrir suas portas para trabalhos que visam ampliar os limites da linguagem documental. Para a nova seção, intitulada "Horizonte", a organização escolheu sete produções da Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia e Lituânia que não se prendem em fórmulas pré-concebidas.
"A idéia deste ciclo é destacar documentários do que se habituou a chamar de vanguarda, com produções que arriscam mais [no formato]", explicou Labaki. "A idéia é ter no festival sempre uma janela para experimentação."
Com cerca de 700 inscritos ao todo, a maior dificuldade para a organização foi escolher os filmes estrangeiros, que apresentaram uma melhora significativa em relação às edições anteriores. "Foi muito difícil escolher as produções internacionais neste ano, em razão da qualidade. Poderíamos dividir o festival em dois e mesmo assim não conseguiríamos exibir tudo", exclamou Labaki.
Mesmo com o impulso recente para o gênero obtido pelo sucesso de documentários como "Tiros em Columbine" (2002) e "Fahrenheit 11 de Setembro" (2004), ambos do americano Michael Moore, a visibilidade do cinema de não-ficção ainda é restrita a festivais e cinematecas no Brasil. Exemplo disso é o fato de que grande parte dos filmes brasileiros premiados nas dez edições do É Tudo Verdade nem chegaram a entrar em cartaz no circuito comercial.
É Tudo Verdade - 10º Festival Internacional de Documentários
Quando: de 29 de março a 10 de abril em São Paulo e de 31 de março a 10 de abril no Rio de Janeiro
Quanto: gratuito
Informações: www.etudoverdade.com.br
Especial
Veja galeria de imagens do festival É Tudo Verdade
Leia o que já foi publicado sobre o festival É Tudo Verdade
Festival É Tudo Verdade chega à 10ª edição com balanço e nova seção
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da Folha Online
Um olhar para o futuro e outro para o passado. É assim que o festival de documentários É Tudo Verdade comemora uma década em 2005, em um clima de balanço histórico, mas assumindo também um papel de vitrine para novas linguagens dentro do gênero documental.
A décima edição do evento vai ocupar sete salas em São Paulo (29 de março a 10 de abril) e quatro no Rio (31 de março a 10 de abril) exibindo produções de longa, média e curta-metragem de diversas partes do mundo, com uma programação que inclui duas competições --internacional e a nacional-- e uma mostra informativa.
Uma retrospectiva com os vencedores das edições anteriores é um dos principais destaques da mostra, reunindo 17 títulos premiados, desde "O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes" (1997), de Toni Venturini, até "A Alma do Osso" (2004), de Cao Guimarães.
"Nestes dez anos, a cultura do documentário se desenvolveu extraordinariamente. Este é o melhor momento do documentário no Brasil, e uma das razões disso é a abertura de espaços que apostam no audiovisual brasileiro, como o CCBB [Centro Cultural Banco do Brasil]", afirmou hoje o diretor do festival e crítico de cinema Amir Labaki, em coletiva no CCBB da capital paulista.
Neste ano, o É Tudo Verdade --que passou de 75 filmes em 2004 para 133 em 2005-- vai promover uma revisão da obra de dois mestres do documentário com homenagens. O americano Robert Drew, autor de "Faces de Novembro" (1964) e "Primárias" (1960), terá oito de seus filmes exibidos, enquanto que a carreira do argentino Fernando Birri, que completou 80 anos no último domingo (13), será lembrada em dois documentários, "Jogue Uma Moeda/Tire Dié" (1959) e "Che: Morte da Utopia?" (1997).
O saudosismo, no entanto, não deve ser o mote principal que permeará o evento em sua décima edição. Pela primeira vez, o É Tudo Verdade vai abrir suas portas para trabalhos que visam ampliar os limites da linguagem documental. Para a nova seção, intitulada "Horizonte", a organização escolheu sete produções da Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia e Lituânia que não se prendem em fórmulas pré-concebidas.
"A idéia deste ciclo é destacar documentários do que se habituou a chamar de vanguarda, com produções que arriscam mais [no formato]", explicou Labaki. "A idéia é ter no festival sempre uma janela para experimentação."
Com cerca de 700 inscritos ao todo, a maior dificuldade para a organização foi escolher os filmes estrangeiros, que apresentaram uma melhora significativa em relação às edições anteriores. "Foi muito difícil escolher as produções internacionais neste ano, em razão da qualidade. Poderíamos dividir o festival em dois e mesmo assim não conseguiríamos exibir tudo", exclamou Labaki.
Mesmo com o impulso recente para o gênero obtido pelo sucesso de documentários como "Tiros em Columbine" (2002) e "Fahrenheit 11 de Setembro" (2004), ambos do americano Michael Moore, a visibilidade do cinema de não-ficção ainda é restrita a festivais e cinematecas no Brasil. Exemplo disso é o fato de que grande parte dos filmes brasileiros premiados nas dez edições do É Tudo Verdade nem chegaram a entrar em cartaz no circuito comercial.
É Tudo Verdade - 10º Festival Internacional de Documentários
Quando: de 29 de março a 10 de abril em São Paulo e de 31 de março a 10 de abril no Rio de Janeiro
Quanto: gratuito
Informações: www.etudoverdade.com.br
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