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25/03/2005 - 09h20

Act experimenta fusão de textos de Tchecov

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VALMIR SANTOS
da Folha de S. Paulo, em Curitiba

Um noivo --"zelador" daquela que ama-- atravessa o ritual "estúpido" do enxoval até que se casa e não sabe explicar porquê o amor o faz tolerar a mulher que fala pelos cotovelos e é desapaixonada dos livros, ao contrário dele.

Começa assim, sob o signo da palavra e suas imagens, quando tornada fala, o novo espetáculo do Ateliê de Criação Teatral, o Act, que o ator Luís Melo, 47, toca há quatro anos em Curitiba.

"Daqui a Duzentos Anos" estréia hoje na Mostra Oficial do 14º Festival de Teatro de Curitiba. Reúne contos, cartas e excertos de peças do russo Anton Thecov (1860-1904).

O noivo da primeira cena pertence ao conto "O Amor". Ao lado de "Brincadeira" e "O Caso do Champanhe", todos traduzidos por Marcos Davi, compõem o tripé narrativo. "Queríamos todos enfrentar a palavra", diz o diretor Marcio Abreu, 33, (Cia. Brasileira de Teatro) convidado pelo Act.

Abreu opta pelo despojamento. Espera sensibilidade na inter-relação direta do ator com a platéia, numa invocação ancestral e contemporânea dos contadores de história. O formato do palco é arena, circundada por arquibancadas. "O público também é personagem, reage, mas pode ser mais reservado nas emoções. É mais difícil, se comparado ao palco italiano [platéia frontal]", diz Melo.

Sob luz suave, com raras variações, Melo perpassa as histórias, algumas vezes contracenando com dois jovens atores oriundos dos trabalhos do Act, André Coelho e Janja (ambos estavam no primeiro espetáculo do ateliê, "Cãocoisa e a Coisa Homem", dirigido por Aderbal Freire-Filho (2002).

A atmosfera é corroborada pelo acordeon e voz de Edith Camargo (do conjunto Wandula).

Para Abreu, "Daqui a Duzentos Anos" é um experimento, um espetáculo em movimento. Em janeiro do ano passado, formou-se um grupo de estudos sobre Tchecov. Participavam artistas do teatro, da fotografia, das artes visuais, jornalistas etc. Os primeiros seis meses resultaram em leituras dramáticas, cenas curtas, um documentário (sobre o conto "A Corista") e uma exposição de fotos.

Há seis meses, consolidou-se o núcleo atual, voltado para a criação do espetáculo. Entre as peças citadas, estão "A Gaivota" e "Ivanov". Os três contos não foram adaptados, diz Melo. "Não tinha sentido. A intenção é aproximá-los dos textos das cartas, das peças. Tchecov não separava a vida da arte", diz o ator da minissérie "América", da Rede Globo.

As cenas de "A Duzentos Anos" transitam lirismo, humor e críticas à sociedade e ao comportamento humano, sobretudo o amoroso. Como no conto "Brincadeira", em que um rapaz sussurra um "eu te amo" no ouvido da namorada, e esta tem dúvida se ouviu a voz dele ou do vento.

Daqui a Duzentos Anos
Texto: Anton Tchecov
Direção: Marcio Abreu
Quando: hoje, às 20h30; amanhã e dom., às 20h30
Onde: Ateliê de Criação Teatral (r. Paulo Graesser Sobrinho, 305, São Francisco, tel. 0/xx/ 41/338-0450)
Quanto: R$ 24
 

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