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13/10/2000
-
10h46
CYNARA MENEZES
da Folha de S.Paulo
Pelo mecanismo tortuoso do Nobel de Literatura, em vez de azarão, na verdade a premiação de Gao Xingjian era uma barbada. Ora, os cinco ganhadores anteriores eram ocidentais; a literatura chinesa nunca levara um Nobel; e escritores com um histórico antitotalitário sempre têm fortes chances de ganhar o prêmio. Da lista de favoritos, era quem corria na frente e levou, embora desconhecido.
O fato de não ser famoso, aliás, até ajudou. Um dos "princípios" que parecem reger as indicações é o de tornar conhecidos nomes que não soam familiares aos ouvidos do público fora do país natal do agraciado. Quem conhecia a sul-africana Nadine Gordimer antes do Nobel, (91)? Ou a polonesa Wislawa Szymborska (96)? Mesmo com o prêmio, muita gente segue incapaz de citar de memória um só livro delas.
Em termos ideológicos, Gao Xingjian é uma versão literata do rapaz que enfrentou sozinho um tanque nas ruas de Pequim em 1989. Nunca esteve em paz com o regime comunista e pode ter cativado a academia sueca com esse perfil.
Por essa simpatia por democratas, o Nobel premiou o franco-argelino Albert Camus (1957) e o soviético Alexandr Solzhenitsin (1970). Pela mesma razão cometeu injustiças, como não premiar o argentino Jorge Luis Borges, que fez declarações favoráveis à ditadura militar em seu país.
Ou seja, pelo visto, cada vez que Mario Vargas Llosa fala alguma coisa contra Fujimori, suas chances de ganhar o Nobel devem aumentar bastante. Seu liberalismo, por outro lado, não deve ajudar, porque a Academia sueca também tem uma queda pelo socialismo -vide as premiações do alemão Günter Grass (99) e do português José Saramago (98).
Outras pistas para a bolsa de apostas do Nobel estão em um certo equilíbrio geográfico nas escolhas. Os últimos agraciados eram europeus, logo era provável que este ano saísse para um asiático. Como o Japão e a Índia já foram premiados, a China, sem nenhum Nobel, com um governo opressor e situada no Oriente, tinha tudo para levar o prêmio. Mas quem fica com ele é a França.
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Azarão era na verdade uma barbada
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da Folha de S.Paulo
Pelo mecanismo tortuoso do Nobel de Literatura, em vez de azarão, na verdade a premiação de Gao Xingjian era uma barbada. Ora, os cinco ganhadores anteriores eram ocidentais; a literatura chinesa nunca levara um Nobel; e escritores com um histórico antitotalitário sempre têm fortes chances de ganhar o prêmio. Da lista de favoritos, era quem corria na frente e levou, embora desconhecido.
O fato de não ser famoso, aliás, até ajudou. Um dos "princípios" que parecem reger as indicações é o de tornar conhecidos nomes que não soam familiares aos ouvidos do público fora do país natal do agraciado. Quem conhecia a sul-africana Nadine Gordimer antes do Nobel, (91)? Ou a polonesa Wislawa Szymborska (96)? Mesmo com o prêmio, muita gente segue incapaz de citar de memória um só livro delas.
Em termos ideológicos, Gao Xingjian é uma versão literata do rapaz que enfrentou sozinho um tanque nas ruas de Pequim em 1989. Nunca esteve em paz com o regime comunista e pode ter cativado a academia sueca com esse perfil.
Por essa simpatia por democratas, o Nobel premiou o franco-argelino Albert Camus (1957) e o soviético Alexandr Solzhenitsin (1970). Pela mesma razão cometeu injustiças, como não premiar o argentino Jorge Luis Borges, que fez declarações favoráveis à ditadura militar em seu país.
Ou seja, pelo visto, cada vez que Mario Vargas Llosa fala alguma coisa contra Fujimori, suas chances de ganhar o Nobel devem aumentar bastante. Seu liberalismo, por outro lado, não deve ajudar, porque a Academia sueca também tem uma queda pelo socialismo -vide as premiações do alemão Günter Grass (99) e do português José Saramago (98).
Outras pistas para a bolsa de apostas do Nobel estão em um certo equilíbrio geográfico nas escolhas. Os últimos agraciados eram europeus, logo era provável que este ano saísse para um asiático. Como o Japão e a Índia já foram premiados, a China, sem nenhum Nobel, com um governo opressor e situada no Oriente, tinha tudo para levar o prêmio. Mas quem fica com ele é a França.
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