Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
07/04/2005 - 09h42

Produtor alemão Anthony Rother oxigena o conservador Skol Beats

Publicidade

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Se você pretende ir ao Skol Beats, chegue cedo --ou corra o risco de perder o melhor do festival. Às 19h30 do próximo 16 de abril o palco principal do evento paulistano será ocupado pelo alemão Anthony Rother, um dos mais consistentes, influentes e difíceis nomes da música eletrônica.

"Consistente" porque, aos 32 anos, já produziu discos superiores, como "Popkiller" (seu último, de 2004), "Sex with the Machines", "Simulationszeitalter", "Hacker", "Life Is Life Is Love" (gravado ao vivo) ou "Electro Pop" (este sob o nome de seu projeto pop, Little Computer People).

A qualidade de sua música, um electro denso, encorpado, que caminha de mãos dadas com o tecno, copiado por muitos dos protagonistas do revival do gênero que tomou o planeta há três anos (Miss Kittin, DJ Hell, Gigolo Records, Fischerspooner etc.), além do fato de ter sido liberado pelo Kraftwerk para fazer uma versão de "Trans-Europe Express", o classificam como "influente".

O "difícil" cabe aqui porque Rother não é DJ; é um produtor que faz apenas live PA (ou seja, toca exclusivamente suas músicas, ao vivo). Para isso, viaja com uma parafernália pesadíssima de equipamentos (146 quilos), coisa cara para ser transportada por avião, o que tornava quase impossível uma apresentação sua no Brasil.

(Para comparação: o Faithless, grupo que também se apresenta no Skol Beats, viaja com duas toneladas de equipamentos, mas num show do Faithless sobem ao palco oito pessoas, fora os roadies e técnicos de som; no de Anthony Rother, é apenas ele...)

O produtor alemão difere de outros pares por se negar a utilizar laptops. No palco, ele é envolto por seqüenciadores, sintetizadores, teclados, dois microfones, uma bateria eletrônica...

"De um ponto de vista físico, prefiro tocar usando meu corpo como uma extensão dos microfones, dos sintetizadores, dos teclados. É como se estivesse conectado com essas máquinas. Não é possível fazer o que faço com laptops. Não julgo quem toque dessa forma, mas, para mim, não seria divertido", disse Rother à Folha.

"Quando aprendi a tocar, não havia laptops. Algumas pessoas sentem medo quando encaram todo esse equipamento que uso, mas, se aprendessem a mexer neles, nunca mais tocariam com laptops. É muito mais divertido!"

Em seus discos e produções, ele afirma, gosta de sublinhar a importância das máquinas na sociedade atual. "Todo álbum tem uma mensagem subliminar. Uso as máquinas para falar dos problemas dos homens. Como em "Sex with the Machines", por exemplo. São visões futuristas, mas com os pés na realidade, pois as idéias devem aparecer agora."

Algumas dessas idéias chegaram com o revival do electro, com o electroclash, há alguns anos. E Rother viu aquilo de cima. "Quando o electroclash apareceu, havia algumas coisas legais ali. Todo tipo de música necessita de experimentos, só assim progredirá. O electroclash foi uma época importante para o electro."

Anthony Rother será o primeiro alemão a subir ao palco do evento. Na outra ponta do line-up, às 6h da manhã de domingo, é a vez de Chris Liebing, DJ que já veio ao Brasil três vezes e retorna em alta.

Dono de um tecno pesado, mas que dá brechas também para o minimal e produções com mais groove, Liebing foi o DJ que mais subiu posições na famosa e polêmica lista da inglesa "DJ Mag". De 88º (em 2004), apareceu em 23º (2005). Numa pesquisa tradicionalmente dominada pelo trance e por britânicos, é um feito e tanto.

"Foi uma surpresa. Mas prova um ponto que venho defendendo há tempos: você não precisa fazer ou tocar música comercial para atingir um público grande."

O resultado particular é, para Liebing, uma mostra de que o tecno, tido por muitos como de difícil assimilação, vem quebrando barreiras. "O tecno está crescendo. O ano passado foi bem interessante, principalmente pelo lado do minimal, que é mais lento, mais profundo. Costumo tocar algumas coisas de minimal em meus sets, mas, como DJ, prefiro algo mais enérgico."

Num festival tomado pela progressive house e pelo trance, a música com um pé no underground de Rother e Liebing é um alento. E um desafio. "Sei que muita gente que estará ali nunca ouviu meu set. Não será nada fácil. A estratégia? Sentir como está o público e... dar um pontapé", afirma Liebing.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Skol Beats
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página