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13/10/2000 - 11h15

Atriz perdeu ímpeto desbravador

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Marília Pêra é atriz, mas já ofereceu contribuições relevantes à MPB em tempos passados. No início dos 70, cantando "Sucesso, Aqui Vou Eu" (de Rita Lee) com Elis Regina na TV ou interpretando Noel Rosa.

Num episódio que ficou na história como malsucedido, estrelou o musical "A Feiticeira" (75), lançado em disco pela Som Livre.

É uma pequena jóia do underground (sim, Marília já foi isso) musical, com canções marginais de Macalé, Mautner, João Ricardo, Luli e Lucina, Alceu Valença, Eduardo Dusek. A banda que a acompanhava? Era o Vímana, dos então desconhecidos Lobão, Lulu Santos e Ritchie. História, meninos.

O CD "Estrela Tropical", da fase caricatural de Marília -a que "brilhava" nas grosserias de "Garotas do Programa"-, pouco guarda daqueles anos heróicos. Ela já fizera algo parecido ao encarnar em si um elenco estelar de cantoras da MPB, mas agora o que promove é um desmanche estético em regra.

Assim, reúne nesta nova coleção um rosário de temas que só encontram unidade em seu ego de atriz que quer (bem) cantar. Não há outra razão musical que justifique a reunião, sem maiores critérios, de Tim Maia, Cartola, Carmen Miranda, Leandro e Leonardo, Caymmi, Jorge Ben etc. Não é respeitoso para os "eleitos", nem para o ego da atriz.

A amálgama que não dá liga é dada por um pique de bossa nova, talvez conferida pelas crenças dignas (mas não funcionais) do herói da bossa Roberto Menescal, co-produtor do projeto. Ele orientou rumos parecidos nas carreiras de Emílio Santiago e Leila Pinheiro, sempre com resultados de desarrumação estilística em prol da bossa velha. Aconteceu outra vez.

A atriz é boa cantora? É. Mas é difícil que alguém saiba dar nuances num bico só a "Pense em Mim" e a "O Mundo É um Moinho", por exemplo. Marília não sabe, e aqui parece que o ego sufocou não só o ímpeto desbravador de antigamente, mas também o mero e cândido bom senso.

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