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13/10/2000 - 11h47

Crítica: Filme usa pistola do deboche

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da Folha de S.Paulo, no Rio

Não acredite no que diz o diretor John Waters quando ele fala em atirar pedras no cinema independente e no cinemão comercial. "Cecil B. Demente", seu mais recente trabalho, pode até resvalar na ironia aos filmes marginais tão caros a sua carreira, mas o alvo continua sendo o de sempre: a indústria de Hollywood. Sem dó nem piedade.

E, 28 anos depois de "Pink Flamingos", Waters mostra invejável forma.
Verdadeiro épico da ação, espécie de "Duro de Matar" às avessas devolvido na fuça de Hollywood, "Cecil B. Demente" é um filme sobre cineasta-terrorista que apela ao crime em nome da produção marginal, definição que explora bem os significados do adjetivo.

O cineasta é o Cecil do título, um Waters encarnado, mas, segundo o próprio, com menos senso de humor.

Cecil (Stephen Dorff) lidera uma jovem equipe de adoradores do cinema cult, fãs de Otto Preminger e Pedro Almodóvar, que pegam em armas para sabotar uma pré-estréia beneficente de um "blockbuster".

A intenção vai além: os terroristas do cinema querem mesmo é sequestrar a estrela do filme, a mimada e esnobe Honey Whitlock (Melanie Griffith).

Os meliantes da sétima arte não exigem resgate: apenas impõem à atriz a participação da filmagem de uma produção independente de 16mm, cujo roteiro envolve uma trupe de fanáticos por filmes cult, pornô e de kung fu perseguindo com paus e pedras (e tiros) cineastas, produtores, exibidores e público do circuito comercial.

Cecil, Honey e a gangue, cujos membros têm tatuados no corpo os nomes de Spike Lee, Sam Peckimpah, Fassbinder e Andy Warhol, seguem a cartilha terrorista do autodenominado grupo "celibatários do celulóide".

Tomam as salas multiplex, arruinam as filmagens de "Gump Again", continuação hipotética de "Forrest Gump", querem interferir com cortes na "versão do diretor" de "Patch Adams", sucesso de Robin Williams.

Tiozinho

Em época de irmãos Farrely (sem nenhum desmerecimento aos brothers), um filme como o de John Waters pode até soar como anarquismo de fachada.

Waters, com seu bigode ralinho e sua indumentária de cineasta dos anos 50, parece até mesmo um tiozinho que leva petelecos na cabeça da molecada fã de Beavis e Butt-Head.

Mas a essência do mau gosto inteligente está aqui, em cada minuto dos 88 que dura "Cecil B. Demente".

O filme não é o "mais radical" de Waters e suas idéias às vezes estão além do resultado de cena. Mas é um bom veículo para uma gargalhada, enquanto "Patch Adams Director's Cut" e "Forrest Gump 2" não chegam às telas.

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