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14/10/2000 - 22h45

China polemiza sobre a entrega do Nobel da Literatura

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da Reuters
em Pequim

Ficção para as massas ou obras-prima da literatura? Orgulho nacional ou traidor? Ativista ou artista? A concessão do Prêmio Nobel de Literatura para o escritor chinês Gao Xingjian detonou na China uma série de reações e debates.

O governo comunista do país criticou o escritor, afirmando que ele era uma manifestação do cinismo político. E alguns intelectuais debateram com ardor as qualidades literárias de Gao.

Romancista e dramaturgo cujas obras estão proibidas na China desde 1986, Gao, 60, tornou-se nesta semana o primeiro autor nascido em território chinês a receber um Prêmio Nobel.

A maior parte dos habitantes do país, porém, jamais ouviu falar de Gao, que emigrou para a França como refugiado político depois do massacre da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.

Segundo a chancelaria chinesa, a entrega do prêmio a Gao "mostra novamente que o Prêmio Nobel de Literatura foi usado para motivos políticos que o ultrapassam, e isso não vale a pena comentar".

O comunicado do órgão sugeriu também que o Comitê do Nobel teria ignorado escritores chineses melhores que Gao. O comitê, também em um comunicado, rechaçou que a política tivesse influenciado na escolha do ganhador.

Gao, porém, parece pouco conhecido mesmo entre seus pares. "Quando disse a meus amigos que Gao havia ganhado, reagiram com uma pergunta: Quem?", afirmou Dai Qing, jornalista dissidente e amigo do escritor.

"Não digo que ele seja o melhor escritor do país, mas é um dos grandes, muito original. E o maior problema da China é o esfacelamento do indivíduo", acrescentou.

Alguns também questionaram as credenciais do escritor como ativista político.

"Ele nunca desempenhou um papel ativo nas manifestações nem nas críticas contra o governo naqueles dias", afirmou Xu Xing, outro amigo do escritor. "Ele estava muito ocupado escrevendo."

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