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28/04/2005
-
09h43
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
As novas peças de José Celso Martinez Corrêa e Gerald Thomas, que entram em cartaz nesta semana em São Paulo, estão impregnadas do discurso político.
Zé Celso, 68, por exemplo, faz referências explícitas ao novo papa, Bento 16, em "A Luta - 1ª Parte". Ele mesmo, o diretor e ator, que já interpretou um papa em "Ela" (1997), de Jean Genet (1910-86), agora surge em vídeo caracterizado como o pontífice alemão.
"O Bento 16 diz que é preciso enfrentar a ditadura do relativismo e cair na democracia do fundamentalismo. Mas são as democracias republicanas fundamentalistas que massacram os povos que têm autonomia, como mostrou "Os Sertões", um livro universal e profético", diz Zé Celso.
A degola de soldados em Canudos (BA) é colocada em perspectiva pelas cenas de horror que militares norte-americanos protagonizaram em Fallujah, no Iraque.
A interpretação das realidades brasileira e internacional (a mídia é colocada em xeque o tempo todo) não está no panfleto. E se quer orgânica. "Minha direção nasce de uma visão poética que tenho do teatro. Poética, para mim, é política. É a mesma coisa. Poética, política e poder. O poder do teatro", diz Zé Celso, que assina a dramaturgia da transcriação do épico de Euclides da Cunha.
Thomas, 50, diz que faz sua peça "mais brasileira" em "Um Circo de Rins e Fígados", que também escreveu. Ao final, na seqüência de um crime, a colorida bandeira do país contracena com uma bandeira preta, à la Glauber Rocha. Um dos atores do coro que vela um cadáver traz na camisa a inscrição G-8. Tudo ao som do Hino Nacional em versão batucada.
"Eu sou como o Brasil, não tenho solução, sou um problema", diz o protagonista. Thomas se diz "deprimido", "com vergonha da reeleição de Bush, irado com a invasão do Iraque, furioso e frustrado pela morte tão absurda de mais de uma centena de milhares de civis iraquianos e com a transgressão escancarada de todos os tratados assinados em Genebra e em outros lugares a respeito do respeito sobre os direitos humanos; irado e frustrado e perplexo com estas chacinas no Brasil, essa violência que não pára, com esta burrice que a televisão mundial espalha e que não pára, estes reality-shows que se procriam como se fossem o outro lado do terrorismo..."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre José Celso Martinez Corrêa
Leia o que já foi publicado sobre Gerald Thomas
Zé Celso e Gerald Thomas estréiam espetáculos politizados em SP
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da Folha de S.Paulo
As novas peças de José Celso Martinez Corrêa e Gerald Thomas, que entram em cartaz nesta semana em São Paulo, estão impregnadas do discurso político.
Zé Celso, 68, por exemplo, faz referências explícitas ao novo papa, Bento 16, em "A Luta - 1ª Parte". Ele mesmo, o diretor e ator, que já interpretou um papa em "Ela" (1997), de Jean Genet (1910-86), agora surge em vídeo caracterizado como o pontífice alemão.
"O Bento 16 diz que é preciso enfrentar a ditadura do relativismo e cair na democracia do fundamentalismo. Mas são as democracias republicanas fundamentalistas que massacram os povos que têm autonomia, como mostrou "Os Sertões", um livro universal e profético", diz Zé Celso.
A degola de soldados em Canudos (BA) é colocada em perspectiva pelas cenas de horror que militares norte-americanos protagonizaram em Fallujah, no Iraque.
A interpretação das realidades brasileira e internacional (a mídia é colocada em xeque o tempo todo) não está no panfleto. E se quer orgânica. "Minha direção nasce de uma visão poética que tenho do teatro. Poética, para mim, é política. É a mesma coisa. Poética, política e poder. O poder do teatro", diz Zé Celso, que assina a dramaturgia da transcriação do épico de Euclides da Cunha.
Thomas, 50, diz que faz sua peça "mais brasileira" em "Um Circo de Rins e Fígados", que também escreveu. Ao final, na seqüência de um crime, a colorida bandeira do país contracena com uma bandeira preta, à la Glauber Rocha. Um dos atores do coro que vela um cadáver traz na camisa a inscrição G-8. Tudo ao som do Hino Nacional em versão batucada.
"Eu sou como o Brasil, não tenho solução, sou um problema", diz o protagonista. Thomas se diz "deprimido", "com vergonha da reeleição de Bush, irado com a invasão do Iraque, furioso e frustrado pela morte tão absurda de mais de uma centena de milhares de civis iraquianos e com a transgressão escancarada de todos os tratados assinados em Genebra e em outros lugares a respeito do respeito sobre os direitos humanos; irado e frustrado e perplexo com estas chacinas no Brasil, essa violência que não pára, com esta burrice que a televisão mundial espalha e que não pára, estes reality-shows que se procriam como se fossem o outro lado do terrorismo..."
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