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07/05/2005 - 11h01

Escritor Lars Saabye Christensen tem sua principal obra lançada no Brasil

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MARCOS STRECKER
da Folha de S.Paulo

O norueguês Lars Saabye Christensen (1953), uma das estrelas da Bienal Internacional do Livro do Rio, vem lançar "O Meio-Irmão", seu principal livro e o primeiro a ser publicado no Brasil. É um épico familiar e histórico, um romance de formação que tem como pano de fundo a história européia dos últimos 60 anos.

O livro foi traduzido em 25 línguas e já vendeu 300 mil exemplares. Christensen, o "best-seller que veio do frio", é atualmente o maior escritor de seu país. Publicou dez coletâneas de poesia, três de contos e 11 romances. Sua carreira decolou com o romance "Beatles", de 1984, que ultrapassou a marca de 200 mil exemplares vendidos e que conta a história de jovens que cresceram na capital Oslo nos anos 1960 e 1970. Em entrevista à Folha, Christensen fala de literatura e de sua relação com cinema.

Folha - Você levou dez anos para escrever "O Meio-Irmão"?
Lars Saabye Christensen -
Tenho pensado neste romance praticamente desde que escrevi meu primeiro livro. Realmente levei quase dez anos para escrevê-lo. Para mim é um romance épico e poético, mas um romance.

Folha - Como você recebe comparações entre seu livro e as obras de Jonathan Franzen ou John Irving, por exemplo?
Christensen -
É uma honra ser comparado com estes escritores. Acho que talvez nós tenhamos certos "temas" literários em comum: a estranha família.

Folha - Você usa a imagem da Segunda Guerra. Como isso afeta sua obra e o imaginário no seu país?
Christensen -
Acho que todas as histórias sobre a Noruega moderna e contemporânea precisam abordar a Segunda Guerra, de uma maneira ou outra. E eu queria começar meu romance no dia da libertação: um triunfo para o país, mas uma catástrofe para a família que descrevo. É de alguma forma a perspectiva do romance: os destinos individuais dentro de um contexto histórico.

Folha - A matriarca era uma estrela do cinema mudo....
Christensen -
Ela é a "heroína". Era uma estrela do cinema mudo, e o silêncio é um tema importante do livro. É forte, esperta, teimosa e rude. Adorei escrever sobre ela. Meu livro é, entre outras coisas, um romance sobre três gerações de mulheres fortes.

Folha - Barnum, que trabalha com cinema, aparece em Berlim no começo e no final do livro. Qual é sua relação com cinema e com a Alemanha?
Christensen -
O narrador trabalha como roteirista, mas seus roteiros nunca são produzidos. É o escritor de filmes que não são só silenciosos, mas invisíveis. Eu, por outro lado, escrevi oito roteiros. Mas os meus foram produzidos. Assim, mesmo que eu tenha comparecido ao festival diversas vezes, este não é, digamos, um romance autobiográfico.

Folha - Barnum se recusa a crescer, como a personagem principal de "O Tambor", do alemão Günter Grass. Você sente na sua obra alguma influência da literatura alemã?
Christensen -
Barnum é o menino mais baixo de Oslo. Não se recusa a crescer, como Oskar [personagem de "O Tambor"], mas simplesmente pára de crescer. Tem todo o desejo de crescer, mas não consegue. É por isso que quer escrever. Procura criar histórias maiores do que ele mesmo. Autores alemães como Thomas Mann e Günter Grass foram uma importante experiência para mim.

Folha - Seu livro já foi lançado em 25 países. Como você se sente tendo produzido um best-seller?
Christensen -
Devo admitir que o romance foi muito bem recebido em outros países. Foi uma experiência muito importante porque me considero um escritor "local".

Folha - Como você se compara com um dos ícones da literatura do seu país, Knut Hamsun [1859-1952], vencedor do Nobel, autor de "Fome" e grande influência do escritor Paul Auster, entre outros?
Christensen -
Acho que não pertenço a nenhum "grupo", ou a uma tendência. Sou um poeta escrevendo romances, ou um romancista escrevendo poesia. "Fome", de Hamsun, é o primeiro romance moderno da Noruega, é extremamente importante. Traz o narrador moderno, a temperatura da prosa e o romance. Hamsun foi minha primeira inspiração na adolescência. Fiquei "viciado" à sua linguagem, à sua prosa, da mesma maneira que fiquei "viciado" em Beatles ou em Doors.

Folha - Como o rock e a cultura pop podem se integrar à "boa" literatura?
Christensen -
Minha geração de escritores noruegueses, nascidos nos anos 1950, sofreu a influência da cultura clássica e da cultura popular. Isto é visível em romances e poemas. E pode ser uma química poderosa: Beatles e Bach, Jim Morrison e Rimbaud, Clint Eastwood e Marcel Proust.....

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