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15/05/2005 - 10h00

"Star Wars" deve perdurar por mais 15 anos

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S. Paulo, na Califórnia

Depois de gastar US$ 350 milhões e vários meses em reformas e restauração, George Lucas se prepara para mudar seu complexo industrial de entretenimento do rancho Skywalker, em San Rafael, para San Francisco, na ex-base militar conhecida como Presidio. Pois o nome do novo lar californiano da LucasFilm não poderia ser mais apropriado: o autor da saga de "Guerra nas Estrelas", que completou 61 anos ontem, passou metade de sua vida preso a uma mesma história. E, apesar de suas negativas, deve gastar as próximas duas décadas ainda prisioneiro de nomes como Luke e Anakin Skywalker, Obi-Wan Kenobi e Darth Vader.

É provável que o "Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith" seja mesmo o último filme da cinessérie, agora com seis capítulos, como ele vem falando em entrevistas à imprensa norte-americana, embora os sites de fãs gostem de ler nas entrelinhas de cada frase dita por ele que viriam por aí os episódios 7, 8 e 9, numa lógica lucasiana, não a do marxista húngaro Georg Lukács (1885-1971), mas a do capitalista rebelde quase homônimo: se ele se deu ao trabalho de criar uma trilogia que volta no tempo para contar a origem da trilogia pioneira, por que não faria a trilogia final, com o destino de todos os personagens?

Ele nega, confirmando, como os mineiros. Vem, sim, mais "Guerra nas Estrelas" por aí, mas é mais do mesmo, num dos mais impressionantes casos de eterno retorno financeiro da cultura pop. Agora que a parte cinematográfica teve um ponto final, George Lucas pretende lançar a caixa de DVD com os seis filmes, recheada de extras e efeitos especiais que dobrarão as mais de 13 horas originais. Então, duas séries de TV baseadas nos personagens da ficção científica irão ao ar. Depois, videogames. E, o pulo do gato, a cada dois anos, ele planeja estrear nos cinemas uma versão 3D (em três dimensões) de cada um dos filmes, em ordem cronológica da história, não da produção, começando pelo Episódio 1, de 1999, e terminando pelo episódio 6, de 1983.

Ou seja, temos pelo menos mais 15 anos de "Guerra nas Estrelas" "inédito" pela frente. A causa da monomania de Lucas é mais de fluxo de caixa do que sentimental: a cinessérie é o principal produto de sua empresa. Além dos US$ 3,5 bilhões que apenas as bilheterias dos filmes trouxeram para casa, os produtos ligados a eles renderam US$ 9 bilhões. "Você só atinge um veio de ouro rico assim com filmes como 'Harry Potter', 'Senhor dos Anéis' ou 'Guerra nas Estrelas'", disse o produtor Rick McCallum, que trabalha com o criador. "Não há nenhum investimento na história do capitalismo, nem mesmo software, nem mesmo o Windows, que possa dar esse retorno extraordinário em dinheiro e num espaço de tempo tão curto", empolga-se.

É a natureza do filme-evento, potencializada nos anos 70 por Lucas e Steven Spielberg. A partir da popularidade do conteúdo de um filme, dezenas de produtos são vendidos de roldão. Nos últimos dias, por exemplo, a Kellogg's vem estampando os personagens de "A Vingança dos Sith" em 100 milhões de pacotes de seus cereais em 180 países. Nos supermercados norte-americanos, o cliente pode escolher os salgadinhos Cheetos, da Frito-Lay, nas cores "Escuro Darth Vader" ou "Verde Yoda". O mesmo ocorre com a Diet Pepsi. Num dos comerciais de TV, Yoda e um cliente estão sentados de costas num balcão de uma lanchonete, e o mestre dos mestres jedis usa a Força para que o ser humano a seu lado passe a ele primeiro seu hambúrguer, depois as batatas fritas. Por fim, quando tenta capturar o refrigerante, é impedido pela Força (de vontade) do consumidor.

"Apesar de termos usado referências aos personagens da série em comerciais desde sempre, esta é a primeira vez que permitimos que os próprios personagens interajam com os produtos", disse Howard Roffman, presidente da LucasLicensing. Mas deixar que Yoda, o símbolo da sabedoria que é um dos responsáveis pela popularidade de "Guerra das Estrelas", usar seus poderes para filar um refrigerante não pode ter o efeito reverso e desagradar fãs? "Os personagens já são ícones da cultura popular, estão por aí há 28 anos, tempo suficiente para que possamos rir um pouco com eles."

Enquanto isso, George Lucas, o proprietário único da LucasFilm --que fundou em 1971 no Condado de Marin, no norte da Califórnia, fatura US$ 1 bilhão por ano e não tem dívidas--, diz que planeja se afastar cada vez mais do comando da empresa, que conta ainda com as divisões LucasArts (videogames), Industrial Light and Magic (efeitos especiais) e Skywalker Sound (edição de som). Ele pretende se dedicar a filmes de arte de orçamentos baixos. É o mesmo que afirmou que faria antes de criar "Guerra nas Estrelas", nos anos 70, uma galáxia cada vez mais distante.

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