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10/06/2005 - 13h00

Leia crítica de "Sr. & Sra. Smith" e de mais 20 filmes, e escolha o que ver

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

O final de semana nos cinemas tem como grande atração a estréia de "Mr & Mrs. Smith", blockbuster com a até então inédita dupla Brad Pitt & Angelina Jolie. Mas esse não é nem de longe o melhor filme nas telas, há muita coisa boa interessante em cartaz.

Veja abaixo uma pequena crítica de 20 filmes do circuito. Mesmo sendo uma avaliação subjetiva (afinal, toda crítica é baseada em gosto pessoal), é uma sugestão para você escolher o que vale a pena assistir neste final de semana. Com exceção das estréias, os filmes estão na ordem do "mais indicado" para o "menos indicado". Divirtam-se.

Estréias

Sr. & Sra. Smith ("Mr. & Mrs. Smith") - Nenhum filme que tenha no elenco Brad Pitt e/ou Angelina Jolie pode ser dar ao luxo de ter qualquer defeito comercial. É uma atração para as massas. Nesta "comédia de ação", esse objetivo é totalmente alcançado. A câmera nervosa em algumas cenas (no consultório do terapeuta de casais, por exemplo), os efeitos especiais, as batalhas e explosões coreografadas, tudo é perfeito. O texto também está bem acima da média. Sobre as atuações... bem, Pitt cumpre o script muito bem. Já a deslumbrante Angelina Jolie, embora com uma personagem divertida, mais uma vez repete aqueles tradicionais beicinhos e olhares presentes em praticamente todos os filmes de sua carreira --exceto no excelente, porém achincalhado pela crítica "Amor Sem Fronteiras" (Beyond Borders, 2003). Mas vale a pena. Para toda a família.

Djomeh (idem) - Bela e tortuosa trama sobre um facilmente "excitável" adolescente afegão, obrigado a se exilar no Irã após "pisar na bola" em sua terra natal. Para quem gosta de comparações, este filme de Hassan Yektapanah lembra um pouco o conteúdo de outras duas obras: o amor impossível presente em "Baran" (de Majid Majidi, Irã, 2001) e as longas cenas dentro de um carro de "Dez" (de Abbas Kiarostami, França, 2003). Embora seja um drama, o final é dos mais inteligentes e divertidos.

Em cartaz

A Pessoa é Para o Que Nasce - O Brasil já tem um bom currículo com excelentes documentários, mas este aqui é um caso à parte. Podia ser uma história simplória sobre a arte como superação da deficiência. Ou então o roteiro poderia cair no jocoso e no puramente folclórico das três irmãs cegas da Paraíba. Nada disso ocorre, graças à habilidade e paciência (já que foram mais de cinco anos de filmagens) do diretor. Não bastasse isso, raras vezes vimos um filme e uma trilha sonora tão bem casados. Uma bela e inesquecível parceria "fonocinematográfica" Roberto Berliner-Hermeto Pascoal.

Quanto Vale ou é Por Quilo - Outro filme nacional imperdível. Tema, edição, roteiro e texto acima de qualquer crítica. Trata-se de um deboche (beeem venenoso) da chamada "indústria da solidariedade" no Brasil. Preste atenção: o diretor Sérgio Bianchi não tenta absolutamente esconder a inspiração em determinadas socialites, acostumadas à benemerência das colunas sociais do eixo Rio-São Paulo.

Oldboy (idem) - Um grande, porém violento drama de ação, com um final dos mais surpreendentes. O espectador passa o tempo todo num jogo de adivinhação sobre a prisão supostamente "injustificada", por 15 anos, do protagonista. Aproveite o filme, porque é perda de tempo tentar antecipar a verdade. Certamente você vai errar.

Ninguém Pode Saber ("Dare Mo Shiranai") - Para resumir, é um filme sobre o egoísmo do mundo adulto e a inocência (em todos os sentidos) da infância. Mais doloroso ainda porque teria sido baseado em fatos reais. Um drama que deve ocorrer diariamente não só no Japão ou na Coréia, mas também aqui no Brasil. Dói saber. Dói assistir.

A Queda! As Últimas Horas de Hitler ("Der Untergang") - Muito se falou sobre a minuciosa reconstituição dos bombardeios a Berlim ao final da 2ª Guerra e a impressionante atuação de Bruno Ganz. Muito justo. Fora isso, cabe ressaltar que esta obra é também interessante por causa de seu ponto de vista: a câmera desta vez está do lado inimigo, apontando também para o seu sofrimento. Afinal, mesmo o mais malévolo dos seres humanos ainda é feito de carne e osso. Além disso, também havia justos e inocentes à sua volta. Sob o mesmo ângulo ainda temos em cartaz a reexibição do documentário "Eu Fui a Secretária de Hitler". Mas, neste caso, vale avisar: apesar do "furo" jornalístico que representa --afinal, foi a primeira vez que Traudl Junge falou sobre seus anos ao lado do maior dos déspotas e assassinos--, o documentário em si deixa muito a desejar. Não tem praticamente edição nenhuma. Tem uma só câmera focalizada na mesma direção durante 97 minutos. Talvez uma "mixada" com cenas históricas tornasse tudo mais digesto. Enfim, importante para o conhecimento da história, mas extremamente monótono.

A Outra Face da Raiva ("The Upside of Anger") - Não se deixe enganar pelas modestas duas estrelinhas que boa parte da crítica dá para este filme. Porque ele merece bem mais que isso. É um grande drama e com atuações espetaculares de Joan Allen e Kevin Costner. Aproveite antes que saia de cartaz.

O Cachorro ("Bonbon, El Perro") - Não é exagero dizer que o simpático Bonbon é o principal ator do filme. Isso mesmo, ele rivaliza e vence o protagonista Juan Villegas --o cachorro literalmente atua. Uma das melhores películas em cartaz na cidade. Para todas as idades. Mas não dá para entender porque esse filme de Carlos Sorín não está na categoria "livre" (está classificado para 12 anos).

Star Wars - Episódio 3 - A Vingança dos Sith - Um fenômeno deste porte não pode ser criticado. Precisa ser visto, apenas. Mesmo quem não entende nada da "filosofia Jedi" vai aproveitar esta lição de cinema. Que a pipoca esteja com você.

O Guia do Mochileiro das Galáxias ("The Hitchhiker's Guide To Galaxy") - É o primeiro "livro" da série que chega às telas. Tem um texto excelente e protagonistas pouco convencionais. A intenção de narrar (José Wilker) parte da história em português é a melhor possível. Afinal, seria muito texto para pouco tempo hábil de leitura. Mas é inegável que isso quebra muito do encanto. Vá lá... o carismático e depressivo robozinho Marvin já compensa o ingresso.

Tentação ("We Don't Live Here Anymore") - A óbvia comparação que se faz é com o recente "Closer - Perto Demais". No entanto, este filme de John Curran está muitas oitavas acima daquele --tanto em texto, como no "peso" dos personagens e no poder do roteiro. O filme também poderia se chamar "várias lições de como magoar quem você diz que ama".

Casa de Areia - Inteligente e intrigante trama envolvendo gerações de mulheres sem rumo no meio do deserto. No desfecho, porém, a direção de Andrucha Waddington deixa tudo um tanto piegas. Mas as últimas palavras pronunciadas por Fernanda Montenegro recuperam tal falha. Sem dúvida, um dos grandes filmes nacionais do ano. Ressalvas para a "badalada" participação de Seu Jorge na trama, porque ele "desafina".

Bom Dia, Noite ("Buongiorno, Notte") - Uma leitura poética e surrealista do trágico desfecho do seqüestro de Aldo Moro na Itália, nos anos 70. O filme até transforma a "filosofia" das Brigadas Vermelhas em um verdadeiro pastiche, mas provavelmente aquela "linha" comunista era exatamente isso mesmo: um pastelão, embora seus efeitos tenham sido sangrentos.

O Segredo de Vera Drake ("Vera Drake") - É ao mesmo tempo um filme sobre o aborto, a ingenuidade (de Vera) e a ganância (à sua volta) no pós-guerra. Faz refletir, mas também deprime. Atuação impressionante de Imelda Staunton, que carrega o filme das costas e nas lágrimas.

Irmãos ("Son Frère") - Procure não assistir "Vera Drake" e este filme na seqüência. Não vale a pena, ainda mais se for num final de semana ensolarado. "Irmãos" conta uma história de egocentrismo e perdão, de amor e desprezo, mas em meio a cenas dolorosas. Infelizmente, graças às resenhas disponíveis, qualquer um pode adivinhar o final da história.

Um Filme Falado (idem) - Embora um tanto maniqueísta em seu desfecho, o filme tem uma das mais inteligentes cenas da história do cinema. Ela se passa numa mesa do restaurante do navio, tendo John Malkovich como anfitrião. Não vale contar mais nada, para não estragar a surpresa.

A Vida Marinha com Steve Zissou ("The Life Aquatic with Steve Zissou") - A melhor forma de definir "A Vida Marinha..." é dizer que é uma espécie de história em quadrinhos comandada por Bill Murray. Às vezes funciona, às vezes não. Às vezes é engraçado, às vezes causa bocejo. Mais uma vez, não confie muito na avaliação da crítica em geral, que está dando "trocentas" estrelinhas para este filme. É mediano.

Melinda e Melinda (idem) - Que me desculpem o trocadilho todos os fãs de Woody Allen, mas se for para continuar fazendo "coisas" como "Melinda...", a virtual ausência desse cineasta no cinema não fará nenhuma falta. Por favor, chega de personagens femininas fumantes e neuróticas! Reparem: Melinda tem exatamente os mesmos trejeitos (e até algumas falas!) da neurótica Amanda, do filme anterior de Allen, "Igual a Tudo na Vida" ("Anything Else"). Poupe-se disso. Espere o próximo dele.

Sahara (idem) - Ok, esqueça as cenas inverossímeis. Este filme tem como único objetivo divertir a platéia sedenta por cenas de ação. O problema é que o espectador é obrigado a levar no pacote a atuação impressionantemente "canastrônica" de Matthew McConaughey. Um horror a performance desse rapaz, hein? Pobre Penélope Cruz...

Brown Bunny (idem) - Nem fazendo muita força é possível imaginar um filme mais estúpido e sem conteúdo. O único atrativo "artístico" (rá!) é a longa cena de sexo oral feita pela atriz Chloë Sevigny em Vincent Gallo. Esse diretor-ator megalomaníaco passa "apenas" 93 minutos filmando o próprio umbigo (e, no final, o pênis). Mais inacreditável é que o orçamento tenha sido de US$ 10 milhões. Para não usar expressão mais chula, digamos que foi o sexo oral mais caro da história da humanidade.

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