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18/10/2000 - 04h31

Falcão traz "A Máquina" e seus Antônios

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VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo

Para Antônio, viver é mais simples do que se imagina. "É o mundo que você quer? Então eu trago ele para você", diz para sua amada Karina. Promessa é dívida.

Na fictícia Nordestina, onde se passa a história, ele inventa uma máquina, chama a TV para vê-lo romper a barreira do tempo, dá um pulo lá no futuro e tenta trazer o que prometera: um mundo melhor que o presente.

A breve sinopse revela o tom fabular do livro de estréia da carioca Adriana Falcão, "A Máquina" (99), que ela adaptou para o palco ao lado do marido, o diretor João Falcão.

O espetáculo, que estreou em Recife em janeiro deste ano e vem de temporada de três semanas no Rio, entra em cartaz nesta quarta (18) em São Paulo, no Sesc Belenzinho, onde fica até o final de novembro.

O casal Falcão manteve a essência do livro, mas não titubeou em multiplicar suas possibilidades cênicas. A começar pelo protagonista. São quatro Antônios na aventura pela conquista do coração de Karina. Em verdade, eles são um.

Também a platéia é dividida em quatro, disposta como em uma arena. Um maquinário permite a movimentação giratória do palco, sobrepondo os espaços da ação.

Um dos objetivos dessa estrutura é converter em metáfora o que Antônio busca fazer com o tempo narrativo, misturando presente, passado e futuro.
Segundo Falcão, 42, tal concepção permite que a interpretação dialogue o tempo todo com o espaço cênico e a marcação de luz, por exemplo, exigindo bastante do elenco fisicamente.

Quatro atores se revezam no papel de Antônio: Lázaro Ramos, Gustavo Lago, Wagner Moura e Vladimir Brichta. Um quinto, Felipe Koury, foi incorporado ao elenco como substituto eventual, mas é escalado com frequência para as sessões. Karina é interpretada por Karina Falcão, sobrinha do diretor.

"A Máquina" é a primeira produção que Falcão assume nos últimos oito anos - a última foi "Mamãe Não Pode Saber", em Recife. Seu trabalhou conquistou mais visibilidade há cinco anos, quando mudou-se para o Rio -quer na televisão (como "A Comédia da Vida Privada", por exemplo), quer no teatro ("A Dona da História", protagonizada por Marieta Severo e Andrea Beltrão, e "Uma Noite na Lua", monólogo com Marco Nanini, ambos textos seus).

O exercício da produção remete à fase em que montava suas peças em Recife. Apesar de ter sido "descoberto" recentemente pelas estrelas globais, o dramaturgo e diretor Falcão traz o teatro em seu currículo há 20 anos -estreou com "Muito pelo Contrário" (80).

Daí o zelo com que vem tratando "A Máquina", mesmo quando teve que dividir as atenções com a recente direção de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf", texto do norte-americano Edward Albee, que saiu há pouco de cartaz em São Paulo.

Falcão diz que "o carinho especial" é fruto da consolidação do elenco, talentos desconhecidos até então, segundo ele.

Ramos e Moura, por exemplo, vêm da montagem baiana do musical infanto-juvenil "A Ver Estrelas", peça de sua autoria (que também ganhou versão pernambucana com jovens que participaram de oficinas no processo de criação de "A Máquina").

Para Falcão, a boa recepção da fábula de amor de Antônio e Karina (sessões lotadas, algumas extras, nos festivais de Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre) se deve à identificação do público com o anti-herói.

"Antônio não tem o perfil de um líder que prega revoluções. Sua beleza está exatamente na humanidade com que se dedica à conquista do seu amor, o que o aproxima de qualquer um de nós", afirma.

As únicas ferramentas de Antônio são as palavras e as fantasias. Com pouco esforço, sua oratória impressiona os programas sensacionalistas de TV, ávidos para que a saga do homem apaixonado, que não poupa a própria vida em sua missão, se transforme em espetáculo para "o mundo todo que estava esperando ver tripa de Antônio, sangue de Antônio, ossos de Antônio virar pó".

E a fictícia Nordestina, a Macondo de Adriana Falcão? Para o encenador, seus moradores podem ser comparados aos brasileiros em seu "complexo de inferioridade", que só fazem consumir o que vem de fora e torcem o nariz para o que se produz aqui dentro.

Peça: A Máquina
Autora: Adriana Falcão
Diretor: João Falcão
Com: Lázaro Ramos, Gustavo Lago, Karina Falcão e outros
Quando: estréia ne4sta quarta, às 21h; qua. a sáb., às 21h; dom., às 20h
Onde: Sesc Belenzinho - galpão de exposições (r. Álvaro Ramos, 991, tel. 0/xx/11/6096-8143)
Quanto: R$ 20
Clubefolha: 20% de desconto para o assinante e um acompanhante

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