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18/10/2000 - 04h39

A tristeza do sexo vira a alegria da rede

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SÉRGIO DÁVILA, da Folha de S.Paulo

Esta é uma história de amor que, ao contrário de todas as histórias de amor, começa mal e termina bem. Em 1994, o inglês Rubert Wainwright leu o livro "The Sadness of Sex" (A Tristeza do Sexo), do sul-africano Barry Yourgrau, e se apaixonou.

De histórias curtas, como todos os quatro livros do escritor, falava da conquista, ascensão, auge e decadência de um relacionamento entre um homem e uma mulher, segundo o contado pelo homem. Era um pequeno dicionário amoroso, mas bem-feito.

Yourgrau já foi chamado pelo "The New York Times" de uma mistura de Kafka e Borges, com pitadas de André Breton. Wainwright o chamava de "o Fellini dos livros". Adaptaria seus contos para o cinema e faria um longa composto de 15 esquetes.

Melhor: o próprio autor interpretaria o personagem masculino e, como seu
par, Wainwright chamaria a então desconhecida Peta Wilson (que depois viraria "La Femme Nikita", a série). Ela era loira, era o que bastava.
Tudo foi dando certo.

Yourgrau gravou seus monólogos de uma só vez, uma hora e meia deles. Descobriu-se como ator, com sua voz dramática e presença de cena. Peta Wilson entrava muda e saía calada, mas dava três dimensões à musa imaginada pelos dois.

E os episódios, 15, eram muito bons, bem filmados, bem editados. Até então, o inglês não tinha feito nada de importante no cinema. Dirigiu a comédia "Cheque em Branco" (94), seu longa de estréia, e o telefilme "Dillinger -Uma Lenda do Crime" (91), com Sherilyn Fenn.

Era como diretor de clipes que vinha sua fama. É dele por exemplo "HIStory", de Michael Jackson, e "Please Hammer Don't Hurt'em", do desaparecido MC Hammer, entre outros. Como disse, tudo foi dando certo. Até que começou a dar errado.

Em 1995, "The Sadness of Sex" foi lançado no Canadá. Nada aconteceu. Nos dois anos seguintes, foi enviado e recusado sistematicamente por todos os festivais internacionais que importavam. Em 1998, o filme estreou nos EUA, não teve público e saiu voando dos cinemas.

No mesmo ano, Barry Yourgrau escreveu um longo artigo no "The New York Times" em que rompia com Rubert Wainwright e dizia que seu livro tinha sido traído na edição do filme.

Enquanto isso, o diretor era descoberto por Hollywood e terminava de fazer o medíocre "Stigmata", em que o padre Gabriel Byrne tem de salvar a possuída Patricia Arquette.

Até que os dois pensaram: "E se a gente...". É aí que a Internet entra na história.

Desde o começo do ano, transformado agora em uma série de dez episódios, "The Sadness of Sex" ganhou a rede. Mês após mês, o site iFilm (www.ifilm.com) foi colocando no ar episódio por episódio.

Virou cult. Ganhou as primeiras posições das listas de mais vistos entre os filmes na Internet. Ainda hoje, alguns dias depois de estrear o décimo e último episódio, o sensual capítulo seis ("Morangos") está entre os mais assistidos da série.

Dê uma olhada. É provável que você assista aos dez de uma só vez. "Primeiro você vai ser feliz. Depois você vai ser triste" começa o primeiro deles.

E-mail:
sergiodavila@uol.com.br


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