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29/07/2005 - 13h23

Livro revela detalhes da viagem de Ernest Hemingway ao Peru

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DAVID BLANCO BONILLA
da EFE, em Lima

A pesca do marlim para a filmagem de "O velho e o mar" levou Ernest Hemingway ao Peru, numa viagem que 50 anos depois foi recuperada do esquecimento pelo jornalista Mario Saavedra-Pinón, autor de um livro com fotos inéditas da época.

As tentativas de Hemingway (1899-1961) de pescar o grande marlim nas águas do norte do Peru permitiram o encontro, em abril de 1956, do autor de "Paris era uma festa" com o veterano jornalista peruano.

Em seu livro "Hemingway en Perú", Saavedra-Pinón reúne resenhas, artigos e fotografias até agora inéditas sobre a presença do escritor americano na aldeia de pescadores peruana de Cabo Blanco.

A obra também mostra um Hemingway que confirmou no Peru sua lenda de aventureiro, amante de touradas e bebedor, mas também mostra características que o humanizaram, como o bom humor permanente e um espanhol bem falado em suas conversas.

O jornalista peruano, 77, afirmou que a idéia deste livro nasceu há alguns meses, quando encontrou entre seus velhos documentos cerca de cinqüenta negativos de fotos com imagens do escritor, com quem conversou sobre touros e livros enquanto tomavam uísque.

Saavedra-Pinón reconheceu o valor histórico de suas fotografias. Por isso, escolheu doze delas para incluir no livro, entre elas a que o célebre escritor lhe dedicou e assinou como "Ernesto Hemingway".

Em 1956, Hemingway viajou de Miami (Flórida, EUA) à cidade de Talara, perto da fronteira com Equador. Dali, ele partiu para Cabo Blanco, uma aldeia de pescadores a 1.137 quilômetros ao norte de Lima.

Ele era acompanhado por "um grupo de umas dez pessoas, entre elas sua esposa Mary Welsh, que também tinha sido jornalista, e o capitão de seu iate, Gregorio Fuentes, um velho pescador cubano de Cojimar, que morreu aos 102 anos", contou Saavedra-Pinón.

Segundo o autor do livro em memória de Hemingway, esta foi a única viagem do escritor a um país sul-americano. Hemingway permaneceu quase um mês hospedado no hotel do Fishing Club, um clube de pesca fundado por multimilionários americanos, que recebia estrelas de cinema, magnatas e personalidades do esporte.

"Naquela época, em toda a região de Cabo Blanco havia uma grande quantidade de pesca do marlim, que parece ter ido para o Equador com a corrente do El Niño", explicou.

O livro de Saavedra-Pinón foi editado recentemente e patrocinado pelo Instituto Cultural Peruano-Americano. A obra reúne algumas das crônicas que o jornalista, na época com 27 anos, enviou para o jornal El Comercio de Lima, do qual era chefe de informações.

Sua missão foi perguntar a Hemingway "sobre sua vida, suas relações com a literatura, seus autores e por que a morte estava permanentemente presente em sua obra".

O autor de "Por quem os sinos dobram" (1940) respondeu que a morte "era uma puta com a qual não queria se deitar", lembrou o jornalista. Em grande parte de suas conversas, Saavedra-Pinón e Hemingway conversaram sobre touradas e a admiração pelo toureiro espanhol Antonio Ordóñez, amigo pessoal de ambos.

"Nos anos 50, quando voltou à Espanha depois da guerra, ele começou se entusiasmando com Luis Miguel Dominguín, que era um toureiro muito bom. Mas depois que viu Antonio Ordóñez, se tornou seu admirador e dizia que nunca tinha visto ninguém tourear como ele", disse.

Saavedra-Piñón espera que seu livro sirva também para acabar com uma série de histórias "totalmente fantasiosas" sobre a visita de Hemingway, entre elas as que afirmam que ele esteve em Lima e que se inspirou em Cabo Blanco para escrever "O velho e o mar".

Para o jornalista peruano, a vida e obra do Prêmio Nobel de Literatura 1954 se resume em uma famosa frase de "O velho e o mar", que colocou como epígrafe de seu livro: "um homem pode ser destruído, mas não derrotado".

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