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30/07/2005
-
09h50
THIAGO NEY
da Folha de S. Paulo
No início da semana, um promotor de Nova York ganhou disputa judicial contra a Sony BMG, e a gravadora foi obrigada a pagar US$ 10 milhões (R$ 24 milhões) de indenização por ter oferecido somas financeiras a DJs e programadores de rádios para ter músicas de seus artistas veiculadas. Em bom português, pagava jabá. Comemorado em princípio, o resultado não deve, porém, ter resultados práticos nem lá nem aqui.
Essa é, pelo menos, a opinião de gente ouvida pela Folha. "Nos EUA já houve ações como essa nos anos 50, nos anos 60 e em meados dos anos 80. Nunca conseguiram acabar com o jabá. Não encontro elementos que me façam acreditar que isso será erradicado por causa dessa multa", disse João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora Trama.
"Não é uma vitória contra o jabá, apenas um referencial", afirma o cantor Lobão. "É um bom momento para que a opinião pública discuta os prejuízos que isso causa à formação musical."
O problema é antigo no Brasil --há quem diga que a partir dos anos 60 programadores de rádios começaram a receber para tocar determinadas músicas. Em 2003, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) levou ao Congresso projeto de criminalização da prática do jabá. A proposta está parada.
"É um assunto tabu nesse meio. A lei pode até não resolver completamente o problema, mas criará empecilhos para aqueles que praticam isso de forma escancarada", afirmou o deputado.
Atualmente, o jabá está maquiado e foi institucionalizado como "verbas de promoção": as gravadoras compram espaço publicitário nas rádios e, em troca, têm seus artistas veiculados. "Isso é criminoso. É venda de espaço público", indigna-se Lobão. "Estão tentando moralizar o jabá. O Brasil é o país do jabá. O 'mensalão' é um grande jabazão..."
Para Bôscoli, a prática poderia ser mais "transparente". "As gravadoras estão com menos grana, então o dinheiro de promoção diminuiu muito. Não é a solução, mas seria mais transparente se o locutor anunciasse: 'Você está ouvindo essa música como patrocínio da gravadora tal'."
Segundo pessoas ligadas a rádios ouvidas pela Folha e que não quiseram se identificar, quase 90% das músicas novas têm que ter algum investimento de suas gravadoras para serem tocadas.
Em reportagem publicada na última quinta-feira pelo "New York Times" executivos de selos independentes afirmam que o esquema do jabá deve persistir devido à enorme estrutura que cerca as gravadoras grandes. Há casos de empresas que pagam pessoas para ligarem às rádios e pedirem canções como se fossem ouvintes.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre jabá
Pagamento de "jabá" deve persistir no país
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da Folha de S. Paulo
No início da semana, um promotor de Nova York ganhou disputa judicial contra a Sony BMG, e a gravadora foi obrigada a pagar US$ 10 milhões (R$ 24 milhões) de indenização por ter oferecido somas financeiras a DJs e programadores de rádios para ter músicas de seus artistas veiculadas. Em bom português, pagava jabá. Comemorado em princípio, o resultado não deve, porém, ter resultados práticos nem lá nem aqui.
Essa é, pelo menos, a opinião de gente ouvida pela Folha. "Nos EUA já houve ações como essa nos anos 50, nos anos 60 e em meados dos anos 80. Nunca conseguiram acabar com o jabá. Não encontro elementos que me façam acreditar que isso será erradicado por causa dessa multa", disse João Marcello Bôscoli, presidente da gravadora Trama.
"Não é uma vitória contra o jabá, apenas um referencial", afirma o cantor Lobão. "É um bom momento para que a opinião pública discuta os prejuízos que isso causa à formação musical."
O problema é antigo no Brasil --há quem diga que a partir dos anos 60 programadores de rádios começaram a receber para tocar determinadas músicas. Em 2003, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) levou ao Congresso projeto de criminalização da prática do jabá. A proposta está parada.
"É um assunto tabu nesse meio. A lei pode até não resolver completamente o problema, mas criará empecilhos para aqueles que praticam isso de forma escancarada", afirmou o deputado.
Atualmente, o jabá está maquiado e foi institucionalizado como "verbas de promoção": as gravadoras compram espaço publicitário nas rádios e, em troca, têm seus artistas veiculados. "Isso é criminoso. É venda de espaço público", indigna-se Lobão. "Estão tentando moralizar o jabá. O Brasil é o país do jabá. O 'mensalão' é um grande jabazão..."
Para Bôscoli, a prática poderia ser mais "transparente". "As gravadoras estão com menos grana, então o dinheiro de promoção diminuiu muito. Não é a solução, mas seria mais transparente se o locutor anunciasse: 'Você está ouvindo essa música como patrocínio da gravadora tal'."
Segundo pessoas ligadas a rádios ouvidas pela Folha e que não quiseram se identificar, quase 90% das músicas novas têm que ter algum investimento de suas gravadoras para serem tocadas.
Em reportagem publicada na última quinta-feira pelo "New York Times" executivos de selos independentes afirmam que o esquema do jabá deve persistir devido à enorme estrutura que cerca as gravadoras grandes. Há casos de empresas que pagam pessoas para ligarem às rádios e pedirem canções como se fossem ouvintes.
Especial
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