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19/10/2000 - 21h49

Saiba o que vale a pena ver na 24ª Mostra de Cinema de São Paulo

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AMIR LABAKI
Colunista da
Folha Online

Veja uma seleção de filmes que merecem destaque nesta edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que abre para o público nesta sexta-feira e vai até 2 de novembro.

Oriente
Ainda assim, vem da China um dos mais curiosos documentários recentes. "Crazy English", de Zhang Yuan, retrata a ascensão do capitalismo na China por meio da trajetória de um misto de professor de inglês e mestre de auto-ajuda. A sequência na Muralha da China é uma das imagens definidoras deste fim de século.

Da Coréia destaca-se 'A Ilha', de Kim Ki-Duk. Esqueça o escândalo causado pelo filme em Veneza, quando duas jornalistas passaram mal durante a projeção. "A Ilha" traz, sim, cenas de auto-mutilação que exigem estômagos fortes. Não são gratuitas. Compõe o belo retrato minimalista de um amor louco, algo entre Bukowski e Oshima.

Meu candidato a filme do ano é "Amor À Flor da Pele" (In the Mood for Love), de Wong Kar-wai. Românticos, eis seu programa obrigatório. Na Hong Kong de 1962, uma sutil ciranda de adultérios é embalada ao som de Nat King Cole.

Kar-wai dá uma lição de elipses e reafirma-se com um dos talentos da hora.

O Japão se faz representar por uma nova geração. Lá como cá, heterogeneidade -temática, estilística- é a palavra da vez. "Eureka", de Aoyama Shinji, é o título incontornável. Durante três horas, num deslumbrante Cinemascope preto e branco, acompanham-se os encontros e desencontros de três sobreviventes de um sequestro de ônibus -encenado com incrível economia narrativa por Shinji logo na abertura. Sim, é um filme exigente. A experiência fílmica é mais que compensadora.

Há ainda o Irã, com uma das maiores e mais premiadas representações nacionais do ano. O diretor da mostra, Leon Cakoff, colhe com justiça sua aposta pioneira numa cinematografia que, numa década, saiu do desconhecimento para a linha de frente. "O Quadro Negro", de Samira Makhamalbaf, parece algo superestimado, apesar de sua evidente coragem em encenar uma fábula libertária no conflituoso Kurdistão iraniano.

"O Círculo" parece-me muito mais preciso e contundente. Panahi traz um novo frescor à sua filmografia (O Balão Branco, O Espelho) ao dramatizar 24 horas na vida de um grupo de mulheres em Teerã. Mas não se restrinja a estes títulos mais célebres: "Djomeh" e "Tempo de Embebedar Cavalos", por exemplo, também colheram prêmios e enfáticos elogios em Cannes.

Europa
Numa visão genérica, o velho e bom cinema europeu ainda atravessa uma difícil entressafra, mas sinais de vida espocaram aqui e acolá. Na Alemanha, o veterano Volker Schlondoerff assina seu mais convincente filme em décadas com o drama político "A Lenda de Rita". "As Bodas", de Pavel Longuine, é uma comédia amorosa plena de vitalidade que devolve esperanças ao cinema russo.

O francês François Ozon encena uma peça de juventude de Rainer Werner Fassbinder, "Gotas d'Água em Pedras Escaldantes", como se fosse uma corrosiva farsa almodovariana. Já o belga Frédéric Fontayne reverte delicadamente as expectativas motivadas no título de "Uma Relação Pornográfica" com uma sensível revisita a uma situação à moda "O Último Tango em Paris".

América Latina
Por fim, da América Latina, não vão se arrepender os que conferirem "Lista de Espera", de Juan Carlos Tabío, uma fábula política cubana na escola Tomás Gutíerrez Alea (Morango e Chocolate, aliás, co-dirigido por Tabío), ou os dois novos filmes do mexicano Arturo Ripstein (La Perdicion de los Hombres e Así Es La Vida). Da seleção brasileira, a expectativa maior são os longas de estréia de Carlos Gerbase (Tolerância) e Laís Bodansky (Bicho de Sete Cabeças).

Um documentário é especialmente curioso: "2000 Nordestes", um instantâneo rodado em digital por David França Mendes e Vicente Amorim.

Amir Labaki é da equipe de articulistas da Folha de S. Paulo

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