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04/08/2005 - 09h57

Kings of Convenience ataca clichês do rock

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Contra a falsa agressividade, um incisivo sussurro. É a principal arma da dupla norueguesa Kings of Convenience contra o que chamam de "corporativismo" ou "tédio" roqueiro.

"Acho que o rock tem alguns problemas. Deveria ser rebelde, mas é muito tedioso como movimento, perdeu todo conteúdo político. Acho que muitos roqueiros são ignorantes a respeito da sociedade em que vivemos, do desenvolvimento cultural", cutuca Eirik Glambek Boe, uma das metades do duo --a outra é Erlend Oye, que também tem uma carreira já bem-sucedida como DJ.

O Kings of Convenience, que se apresenta no MAM do Rio em 22 de outubro, dentro do Tim Festival, faz música intimista, baladas serenas com cheiro folk, produzida propositalmente de forma simples, mas com melodias complexas e sem a melancolia chata que impregna muitas das outras bandas que fazem parte do chamado "rock acústico", como Travis, Coldplay, Alfie. E são sempre comparados a artistas como Simon and Garfunkel, Belle & Sebastian e Nick Drake.

O primeiro álbum, "Quiet Is the New Loud", de 2001, pode ser encarado como um manifesto da dupla. "Sim, mas não deve ser levado muito a sério. Queríamos que esse título resumisse nossas pretensões: fazer música quase silenciosa, mas, ao mesmo tempo, para ser ouvida por muita gente", conta Boe.

"Muita gente se sentiu provocada, encararam aquilo como um ataque ao rock and roll. Queríamos apenas brincar com algumas coisas. Acho que esses roqueiros tomaram muitas drogas, se tornaram auto-obsessivos e não são capazes de exercer qualquer força política. Por isso o rock tornou-se um clichê, perdeu sua força. De certa forma, queríamos fazer um comentário sobre essa situação."

Por influência de Oye, o primeiro disco já vinha com algumas intervenções de eletrônica. A intenção foi acentuada no ano seguinte, quando a dupla lançou "Versus", disco em que convocaram gente como Ladytron e Kieran Hebden, do Four Tet, para remixar várias das canções de "Quiet Is the New Loud".

Depois, Oye mudou-se para Berlim, a atual Meca da eletrônica. Lá, lançou um álbum de tecnopop, "Unrest", e um elogiado CD mixado pela série DJ Kicks. Boe continuou em Bergen --a segunda maior cidade da Noruega, atrás da capital, Oslo--, onde estuda psicologia há seis anos --ele se forma no ano que vem.

"Não acho que precisarei escolher [entre a psicologia e a banda]. Ter uma carreira internacional me toma muito tempo, e a banda é minha prioridade. Mas acho que consigo abrir uma clínica", afirma o músico. "A psicologia afeta a minha vida no geral, não apenas na música. É como perguntar a um peixe como a água afeta o jeito de ele encarar a vida. É parte de como vejo as coisas."

Ideologia acústica

No ano passado eles lançaram o segundo disco de estúdio, "Riot on an Empty Street". Os dois tocam guitarra, bateria e cantam. O álbum enfatiza a suavidade das canções da dupla e traz a indefectível "I'd Rather Dance with You". "Nunca quisemos que o Kings of Convenience fosse mais do que uma banda acústica; sempre gostamos dessa ideologia acústica."

Ainda vivendo em Bergen, Boe é conterrâneo de artistas como os eletrônicos Royksopp, o folk Sondre Lerche e a pop Annie. "Há muita música sendo feita aqui. É uma cidade silenciosa, chove bastante e a temperatura não é muito agradável. Há poucas distrações, então ser músico é uma forma de fazer algo com sua vida."

O festival

Além do Kings of Convenience e do Wilco, o Tim Festival, que acontece entre 21 e 23 de outubro no Rio, já confirmou as presenças das bandas Strokes, Kings of Leon, Morcheeba e Arcade Fire, além da cantora M.I.A. e do DJ Diplo.

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